Fatos sobre a gravidade

Durante a maior parte do tempo da história da humanidade, a gravidade era uma grande desconhecida. Certo dia, um homem descansava sob uma macieira, quando um fruto despencou do galho e ele teve um insight. Assim começaram a ser entendidos os primeiros fatos sobre a gravidade. Ao menos, é o que diz a lenda.

Sir Isaac Newton, nascido na Inglaterra, é o homem que viu a maçã cair. No entanto, o mais provável é que as deduções sobre a gravidade não tenham sido tão simples assim. O cientista, além de físico e matemático, foi também astrônomo, filósofo natural, alquimista e teólogo.

Em 1687, ao lançar “Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, ele descreveu a lei da gravitação universal e as três leis de Newton, fundamentos da mecânica clássica e demonstrou a consistência das leis de Kepler (que, de forma geral, descrevem a trajetória dos planetas ao redor do Sol).

O próprio Newton afirmava que o ponto de partida para estes estudos foi a queda da maçã e alguns colegas do cientista confirmam o incidente, negado pela maioria dos historiadores da ciência. De qualquer forma, a ideia de que existe uma força atraindo todas as coisas e seres para o centro do planeta: a força centrífuga, determinada pela gravidade. Mas existem fatos sobre este fenômeno físico que são bastante surpreendentes.

Gravidade irregular

A força da gravidade não é a mesma em todos os pontos do globo. Isto ocorre porque a Terra não é uma esfera perfeita e a massa não é distribuída de maneira uniforme. Um dos pontos anômalos é a baía de Hudson, no Canadá.

Isto não se deve, como já foi afirmado, a forças alienígenas que usariam o local para pousos e decolagens, mas a uma antiga geleira, formada na região durante a última Era do Gelo. Com o degelo, houve uma movimentação da massa, mas o planeta ainda não se recuperou do trauma. Por isto, a gravidade é levemente menor. Isto explica entre 25% e 45% do fenômeno. O restante seria determinado por um arrasto para baixo causado pela movimentação do magma (a baía está situada em uma grande depressão). Ou será que a responsabilidade é dos ETs?

Percebendo a gravidade

Ninguém discute a gravidade atualmente. Aliás, ela se tornou um assunto tão corriqueiro que nem sequer pensamos nela. Mas, se a realidade da gravidade é um fato, nossa percepção sobre ela não é. Estudos indicam que conseguimos prever a trajetória de um objeto em queda se estivermos em pé do que se estivermos deitados de lado.

Desta forma, a percepção da gravidade está relacionada à orientação do nosso corpo, mais do que com as pistas visuais sobre a trajetória real da queda. Com a nova descoberta, pesquisadores esperam traçar estratégias para que os astronautas possam lidar melhor com a microgravidade no espaço, tornando mais eficiente, por exemplo, o reparo externo de estações espaciais.

Mudando de gravidade

Este é um dilema que atrai a atenção de pesquisadores médicos. Astronautas que passam períodos relativamente longos no espaço apresentam certas dificuldades para se readaptar à gravidade terrestre. A NASA e outros centros aeroespaciais têm acompanhado os viajantes para a “fronteira final” e, de acordo com seus estudos, ocorre uma perda de 1% de massa óssea a cada mês no espaço. Ainda não se sabe se a progressão da perda é aritmética ou geométrica.

A estabilização da pressão sanguínea é outro desafio. Fora da nossa atmosfera, ela é uniforme em todos os pontos do corpo. Aqui, o fluxo do sangue precisa retornar ao padrão, alimentando principalmente as células cerebrais. Como nós não temos um botão “reset”, nem sempre esta readaptação ocorre sem problemas vasculares: em 2006, a astronauta Heidemarie Piper participou de uma missão em um ônibus espacial. No dia seguinte ao retorno, ela desmaiou durante uma cerimônia oficial de boas vindas por falta de oxigenação no cérebro.

Os problemas da mudança de gravidade podem ser mais simples e corriqueiros. Em 1973, o astronauta Jack Lousma, do projeto Skylab II, contou que, depois de alguns dias da volta de um mês no espaço, ele quebrou um frasco de loção pós-barba: ele simplesmente soltou o produto no ar depois de usá-lo, ainda imaginando que ele iria flutuar.

Dietas infalíveis

Quem tem uns quilos extras sabe como é difícil livrar-se deles. Mas as viagens espaciais podem dar um jeito neste problema rapidinho. É só tomar uma astronave para Plutão, o recém-rebaixado astro do Sistema Solar (agora, ele é considerado um planeta anão, ao lado de Ceres e Éris, uma verdadeira humilhação para o “rei dos infernos”; por ironia, na mitologia grega, Ceres é sogra de Plutão e Éris, a deusa da discórdia).

Voltando à viagem: uma pessoa de 100 kg aqui na Terra chega ao fim da viagem com pouco menos de 7 kg. Vale o mesmo para quem quer engordar, mas, neste caso, o destino é outro: Júpiter. Mas é preciso não exagerar, já que um indivíduo de 68 kg irá chegar ao “Gigante Gasoso” com 160 kg. Esta é mais uma das “artes” da gravidade: cada planeta possui força gravitacional própria.

Em tempo: viagens para Júpiter e Plutão fazem parte da ficção científica, e não da astronáutica. Mesmo para ir ao nosso vizinho Marte, que tem gravidade equivalente a 38% à da Terra, ainda serão necessárias algumas décadas. Voos turísticos, quem sabe para nossos tataranetos, se eles tiverem sorte e nossos cientistas, bastante inteligência.

Antes de se mudar…

Quem ficou entusiasmado em se mudar para outro planeta precisa pensar duas vezes antes de fazer as malas. Alguns microrganismos patogênicos (causadores de doenças) parecem adquirir superpoderes na gravidade reduzida.

Um estudo publicado em 2007, na revista “Proceedings of National Academy of Sciences”, dos EUA, apontou que a salmonela, bactéria que provoca intoxicações alimentares, fica três vezes mais virulenta na microgravidade: algo ainda não conhecido provocou mutações em 167 genes dos germes. O resultado foi obtido com a análise de cobaias que viajaram junto com os microrganismos, que ficaram mais doentes, mesmo ingerindo menos bactérias.

E se a gravidade desaparecesse?

Em primeiro lugar, é preciso dizer que esta é uma impossibilidade física: a gravidade é uma força natural e independe de qualquer vontade externa. Em outras palavras, ela não pode ser desligada. Mas, em um exercício de imaginação, é possível prever o que aconteceria nesta eventual tragédia que, na verdade está mais perto do roteiro de um filme-catástrofe.

A gravidade é a força que mantém nosso planeta coeso, do núcleo à última camada da atmosfera. No início do drama, os gases que rodeiam o planeta seriam lançados no espaço, seguidos de todos os líquidos, inclusive os que ajudam a compor nossos corpos. Sem ar nem água, todos os eventuais sobreviventes do primeiro choque seriam dizimados instantaneamente.

Todos os objetos da superfície teriam o mesmo destino, de latas de lixo a arranha-céus. Qualquer coisa que restasse começaria a flutuar até encontrar um obstáculo. A crosta, o manto e o núcleo, por fim, também seriam lançados para o infinito.

E, como a gravidade não é privilégio da Terra ou do Sistema Solar, o caos se instalaria em todo o universo. As estrelas se apagariam, os planetas restantes se perderiam em trajetória linear. O cosmos entraria em uma eterna escuridão.

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