Calvície tem cura?

A calvície é um problema que afeta principalmente os homens (a chamada alopecia androgenética), pois a testosterona, hormônio responsável pelas características sexuais masculinas, é uma das principais causas da queda de cabelos. O hormônio também é produzido pelas mulheres, mas em quantidades entre dez e 40 vezes menor.

Muitos produtos prometem a cura da calvície, mas a ciência não comprova a eficácia. Entre os 20 e os 70 anos, 80% dos homens experimentam problemas acentuados de alopecia.

Efetivamente, xampus, cremes e loções a base de aloe vera e também os indicados para eliminar a caspa e o excesso de oleosidade podem reduzir a queda, mas dificilmente impedem a progressão da calvície, que é hereditária. Reações entre proteínas presentes no bulbo capilar e nas glândulas sebáceas adjacentes e a testosterona produzem substâncias que prejudicam o meio bioquímico favorável à multiplicação das células que formam os fios de cabelos, afinando-os, reduzindo seu crescimento, enfraquecendo-os e finalmente determinando sua queda.

O minoxidil e a finasterida

Na década de 1980, cientistas constataram que o minoxidil, um medicamento vasodilatador usado no tratamento de doenças vasculares, apresentava a propriedade de acelerar o crescimento dos pelos – na verdade, um efeito colateral. Rapidamente, a droga foi adaptada para uso tópico e mostrou-se eficiente para deter a queda da calvície.

Acreditava-se que a ação vasodilatadora aumentava a irrigação sanguínea dos vasos capilares do couro cabeludo, prejudicada por problemas vasculares. Posteriormente, foram testadas outras drogas com ação semelhante, mas nenhuma delas foi capaz de impedir o avanço da calvície.

Ainda não se sabe por que o minoxidil age influenciando o desenvolvimento dos fios. Imagina-se que ele aja estimulando a abertura dos canais de potássio e impedindo que o cálcio envie sinais para os folículos para que reduzam o crescimento dos fios. O excesso de cálcio ingressa diretamente nos bulbos e impede a absorção do potássio.

A finasterida é usada para combater hiperplasia e neoplasia prostática, comuns em homens a partir dos 45 anos. A droga é usada em altas doses, reduz a produção de hormônios masculinos e apresenta o mesmo efeito colateral: o crescimento dos cabelos.

O medicamento passou a ser usado para o combate à calvície, sempre em baixas doses, já que as doses inicialmente indicadas para combater males da próstata, provocam impotência, alterações na ejaculação, ginecomastia (desenvolvimento das glândulas mamárias) e desconforto nos testículos, além de prejudicar a qualidade e motilidade dos espermatozoides. A finasterida é contraindicada para o tratamento da calvície de mulheres.

A prostaglandina

Cientistas da Universidade da Pensilvânia (EUA) descobriram que homens calvos apresentam quantidades anormais de uma proteína, a prostaglandina D2. Foi uma surpresa: sabe-se há muito tempo que outros tipos de prostaglandina fazem parte do grupo de lípides que atuam no crescimento dos cabelos, mas a D2 provoca a queda.

A neutralização desta proteína pode significar a cura da calvície, ao menos entre os homens, já que a calvície do padrão feminino está – ou parece estar – associada a fatores nutricionais, emocionais e ambientais, enquanto o padrão masculino se relaciona a anomalias genéticas e problemas orgânicos.

No estudo, os pesquisadores avaliaram pacientes entre 40 e 65 anos, com e sem calvície, e constataram que os níveis de D2, entre os calvos, chegam a ser até três vezes mais altos do que entre os que não apresentavam o problema. A estimulação da produção desta proteína em ratos produziu animais totalmente sem pelos.

No entanto, ainda há um longo caminho para que a P2 seja utilizada em medicamentos e cosméticos para combater a calvície: especialistas acreditam que não haverá uma aplicação comercialmente viável nos próximos dez anos. Mas isto é um prazo mais curto do que o que se espera para o tratamento com células-tronco, que só deve estar disponível em 2036. Implantes, perucas e carecas assumidos ainda terão uma longa vida.