As bodas de casamento

A palavra boda vem do latim e significa “promessa”. Há milênios, casais se reúnem com parentes e amigos em celebrações (que, na Antiguidade, duravam dias), para que o casal apresente seu novo status à comunidade. Os primeiros casamentos eram apenas cerimônias religiosas ou meros cortejos para levar a noiva ao encontro de seu futuro marido. Os registros civis tiveram início após a Revolução Francesa, em 1789. No Brasil, uma lei regulamentou os registros de casamento (e também de nascimento e óbito) apenas em 1874.

As tradições e costumes mudaram bastante de lá para cá e, hoje, muitos casais inclusive rejeitam a cerimônia religiosa, mas não abrem mão da festa de casamento. Em muitos casos, outras festividades ajudar a marcar ao menos as bodas (os aniversários) mais importantes no calendário de vida em comum do casal. Para cada ano, foi estabelecido um tipo de material para celebrar a data. No Ocidente, as mais festejadas são as Bodas de Prata (25 anos de união) e de Ouro (50 anos).

Muitas pessoas religiosas mantêm o costume de celebrar a festa nas igrejas e templos, algumas vezes nas mesmas instituições em que realizaram a união: é a renovação de ser fiel “na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te e respeitando-te até que a morte nos separe”.

Receba esta aliança…

Alianças especiais também servem para realçar as bodas de casamento. O costume surgiu entre os egípcios (mas era um aro bem maior, usando pela nova esposa em volta do pescoço) e, provavelmente com as guerras de conquistas, transplantou-se para a Grécia e, de lá, para Roma (que também dominou o Egito) e todo o império. Entre gregos e romanos, era costume de reis e príncipes trocarem anéis de ouro, para concretizarem acordos políticos e econômicos.

Na medicina romana, acreditava-se que havia um vaso sanguíneo (a “vena amoris”, ou veia do amor) ligava o dedo anular diretamente ao coração, considerado centro da vida e símbolo do amor. Por isto, até hoje o casamento é marcado pela troca da aliança, da mão direita para a esquerda. Os muçulmanos, com melhores conhecimentos científicos, não deram bola para a veia do amor e até hoje portam a aliança de casamento no dedo médio da mão esquerda.

Na celebração de bodas de casamentos mais destacadas, como as Bodas de Prata, é comum que os anéis do casal recebam, por exemplo, um aro do metal para registrar a data.

No século I, a aliança era considerada um “certificado de propriedade”, um sinal indicativo de que a jovem não estava mais disponível para a corte. Apenas no século IX, a Igreja Católica adaptou o símbolo é transformou-o em sinal de amor e fidelidade.

Apenas para constar: a palavra “aliança” deriva do verbo “aliar”: o casamento, assim, é uma aliança entre duas pessoas que se amam e pretendem construir uma família juntos, cuidando e protegendo um ao outro. Por isto, os homens e mulheres que têm o costume de “pular a cerca” costumam retirar o anel em suas aventuras extraconjugais, como se a marca mais clara no dedo não denunciassem claramente a traição prestes a ser perpetrada.

Outros símbolos

Os casamentos, cerimônias e aniversários são marcados por diversos outros ritos, alguns deles bastante desairosos para as mulheres. O cortejo da noiva pela nave da igreja, nos braços do pai, era apenas um ato de entrega do primeiro para o segundo dono: o noivo. A cerimônia ocorria sobre as bênçãos das diferentes igrejas.

O buquê da noiva era uma homenagem a Hera, deusa grego do casamento e da família. Inicialmente, as flores e ervas eram espalhadas no Himeneu, o lugar em que o casal fazia os votos nupciais. Posteriormente, as noivas passaram a atirar o buquê em direção às amigas solteiras, com o mesmo significado atual: a jovem que conquistasse o prêmio é a próxima a se casar.

O vestido branco demorou a ser adotado. Ele era parte do vestuário das noivas até o século XIII, mas os vistosos e coloridos tecidos de seda trazidos da China seduziram as famílias mais abastadas. Apenas em 1840, a realeza europeia se rendeu a ele, com o casamento de Vitória, a rainha que governou o Reino Unido por mais de 70 anos.

Outra inovação de sua majestade foi a “Marcha Nupcial”, recorrentemente tocada em casamentos e bodas e tocada no enlace de uma das filhas da rainha. Fã de Félix Mendelssohn, ela encomendou a música diretamente ao músico. Como “a palavra do rei é lei”, o compositor rendeu-se às exigências da soberana do reino “onde o Sol nunca se põe” (ele se estendia do Canadá à Austrália, passando por várias colônias na Ásia e África).

O vestido branco é símbolo da pureza e castidade da noiva. Apesar de a virgindade da jovem já ser coisa do passado ao menos desde a Revolução Sexual, o Código Civil brasileiro manteve, até 2001, um artigo que dizia: “o marido pode devolver a noiva ao pai, se não encontrá-la virgem na noite de núpcias”. Idiossincrasias tupiniquins.

As bodas de casamento

No primeiro ano, em que ao menos em tese os pombinhos estão mais apaixonados, o casal comemora mesversários. São eles: Bodas de Beijinhos (um mês) e sucessivamente de Sorvete, de Algodão-Doce, de Pipoca, de Chocolate, de Pluminha, de Purpurina, de Pompom, de Maternidade (afinal, já se passaram nove meses), de Pintinhos e de Chicletes. O primeiro aniversário de casamento é comemorado com as Bodas de Papel (ou, curiosamente, de Milagre).

A partir de então, as grandes comemorações (algumas delas, não tão grandes), passam a ser comemoradas anualmente. São elas:

1 ano – Bodas de Papel
2 anos – Bodas de Algodão
3 anos – Bodas de Couro (ou Trigo)
4 anos – Bodas de Flores e Frutas (ou Cera)
5 anos – Bodas de Madeira (ou Ferro)
6 anos – Bodas de Perfume (ou Açúcar)
7 anos – Bodas de Latão (ou Lã)
8 anos – Bodas de Papoula (ou Barro)
9 anos – Bodas de Cerâmica (ou Vime)
10 anos – Bodas de Estanho (ou Zinco)
11 anos – Bodas de Aço
12 anos – Bodas de Seda (ou Ônix)
13 anos – Bodas de Linho (ou Renda)
14 anos – Bodas de Marfim
15 anos – Bodas de Cristal
16 anos – Bodas de Turmalina
17 anos – Bodas de Rosa
18 anos – Bodas de Turquesa
19 anos – Bodas de Água-Marinha
20 anos – Bodas de Porcelana
21 anos – Bodas de Zircão
22 anos – Bodas de Lousa
23 anos – Bodas de Palha
24 anos – Bodas de Opala
25 anos – Bodas de Prata
26 anos – Bodas de Alexandrita
27 anos – Bodas de Crisopázio
28 anos – Bodas de Hematita
29 anos – Bodas de Erva
30 anos – Bodas de Pérola
31 anos – Bodas de Nácar
32 anos – Bodas de Pinho
33 anos – Bodas de Crizo
34 anos – Bodas de Oliveira
35 anos – Bodas de Coral
36 anos – Bodas de Cedro
37 anos – Bodas de Aventurina
38 anos – Bodas de Carvalho
39 anos – Bodas de Mármore
40 anos – Bodas de Rubi (ou Esmeralda)
41 anos – Bodas de Seda
42 anos – Bodas de Prata Dourada
43 anos – Bodas de Azeviche
44 anos – Bodas de Carbonato
45 anos – Bodas de Safira (ou Platina)
46 anos – Bodas de Alabastro
47 anos – Bodas de Jaspe
48 anos – Bodas de Granito
49 anos – Bodas de Heliotrópio
5o anos – Bodas de Ouro

A partir daí, especialmente com os casamentos acontecendo com os noivos mais velhos, depois de terminar os estudos e conquistar independência financeira, é difícil que os cônjuges ainda estejam vivos para comemorar mais aniversários. No entanto, como a expectativa de vida está aumentando, vamos a eles: Bodas de Bronze, Argila, Antimônio, Níquel, Ametista, Malaquita, Lápis Lazúli, Vidro, Cereja, Diamante (ou Jade), Cobre, Telurita, Sândalo (ou Lilás), Fabulita, Ferro, Ébano, Neve, Chumbo, Mercúrio, Vinho, Zinco, Aveia, Manjerona, Macieira, Alabastro, Cipreste, Alfazema, Benjoim, Café, Nogueira (ou Carvalho), Cacau, Cravo, Begônia, Crisântemo, Girassol, Hortênsia, Nogueira, Pera, Figueira, Álamo, Oliveira, Abeto, Pinheiro, Salgueiro e finalmente, no centésimo ano de união de Bodas de Jequitibá. Se algum casal conseguir chegar a esta proeza, merece um feriado nacional.