Suplementos vitamínicos funcionam?

Os suplementos vitamínicos funcionam, mas não conseguem substituir a alimentação balanceada, fonte básica de proteínas, carboidratos, gorduras, ácidos graxos essenciais, vitaminas e sais minerais. Um nutricionista pode indicar um cardápio para as refeições adequado à idade, sexo, nível de sedentarismo, etc.

A febre em torno dos suplementos vitamínicos aumentou bastante na última década. Apenas neste ano, no entanto, a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária suspendeu as vendas de quatro produtos, em função de serem formulados com substâncias cuja segurança para a saúde humana não está comprovada, como o quelato (presente em alguns suplementos de creatinina e o glicinato de sódio, encontrado em poliminerais e multivitamínicos).

suplementos vitaminicos

Orientação médica

Alguns sinais, por mais discretos que surgem, acendem o alerta amarelo em nossa mente: cansaço sem motivo aparente, irritabilidade, ansiedade, sensação de inadequação, perda de produtividade, de concentração e de foco podem realmente identificar deficiências de substâncias consideradas vitais para a saúde (apenas para mencionar, o termo “vitamina” significa “amina vital”).

A primeira providência, porém, é procurar orientação médica; os suplementos vitamínicos e minerais – inclusive os adotados por atletas e adeptos da malhação – podem ser vendidos sem a prescrição de um especialista, mas um leigo dificilmente reúne condições para identificar quais são os nutrientes que estão em déficit no organismo.

De acordo com o Professor Paul Offit, chefe da Divisão das Doenças Infecciosas do Hospital Infantil da Filadélfia (EUA), no livro “Do You Believe in Magic?” (você acredita em mágica), o uso desnecessário de suplementos vitamínicos, sem o devido acompanhamento, tem como resultado apenas a produção de urina mais cara, rica em nutrientes que vão literalmente pelo ralo.

Ainda falando sobre esportistas: os suplementos são indicados apenas quando se aumenta a carga de exercícios físicos. Em geral, eles apresentam melhores resultados quando são ministrados em combinação com algumas alterações na dieta alimentar, como a elevação do consumo de carboidratos antes dos trenos, por exemplo.

Nestes casos, o educador físico está preparado profissionalmente para orientar os interessados em definir músculos ou melhorar o desempenho nos esportes. Licenciados em Educação Física podem indicar alguns produtos sem contra-indicação. Seja como for, é preciso ficar atento às recomendações da ANVISA.

Os excessos no uso dos suplementos vitamínicos

Pode parecer incrível, mas alguns consumidores ingerem verdadeiras “overdoses” de vitaminas e sais minerais. Aparentemente, isto se baseia em um fato lógico: garantir a estocagem de nutrientes necessários ao funcionamento adequado dos sistemas que compõem o organismo.

A carência de vitaminas (ao todo, necessitamos de doses reduzidas diárias de 13 delas) provoca uma série de doenças, tais como raquitismo, cegueira noturna, alterações na coagulação do sangue e baixas no sistema imunológico. Nosso corpo não tem capacidade de estocar para o dia seguinte, porém. Os excessos são simplesmente eliminados com a urina, as fezes e o suor.

O motivo para isto. Há muitos milhares de anos, nossos ancestrais organizavam-se em grupos nômades. Quando o alimento rareava em determinada região, eles simplesmente migravam para outra. Des forma, a comida estava quase sempre garantida.

Posteriormente, com o desenvolvimento da pecuária e da agricultura, silos para o recolhimento de grãos, pomares e atividades de pastoreio se tornaram as principais fontes do consumo alimentar, fato que permanece até hoje. Desta forma, o “Homo sapiens” não precisou desenvolver mecanismos de prevenção e combate das carências vitamínicas e minerais.

A ingestão excessiva pode causar problemas digestórios e outras hipervitaminoses (envenenamento por vitaminas). O excesso de vitamina A provoca a redução da absorção da vitamina B3 e uma alta dosagem da vitamina B6. A ingestão de vitamina C em quantidades acima de 100 mil miligramas só é indicada no tratamento de doenças graves, pois este composto provoca sérias enfermidades gastrointestinais, como diarreias e vômitos.

Em 1970, o químico americano Linus Pauling, Prêmio Nobel de Química em 1954 por seu estudo sobre a natureza das ligações químicas, publicou a obra “Vitamina C e Gripe Comum”, em que afirmou que uma dose diária de três mil miligramas de vitamina C (50 vezes a ingestão recomendada atualmente) seria suficiente para erradicar a gripe comum, transmitida pelo vírus “Influenza”. O cientista disse ainda que a vitamina era útil no tratamento de vários tipos de câncer (no ano seguinte, ele iniciou uma colaboração com o oncologista inglês Ewan Cameron, para o tratamento de pacientes terminais).

A comunidade científica reagiu em peso, com a publicação de artigos nas mais renomadas revistas médicas e a reedição de pesquisas já realizada sobre o tema. Pauling não conseguiu provocar a eficácia da vitamina C, mas o assunto é ressuscitado periodicamente.

O mito teve início com descobertas reais: a vitamina C (encontrada em frutas cítricas) fortalece o sistema imunológico e minimiza o risco das infecções virais e bacterianas. O vírus da gripe comum (e maioria dos demais), no entanto, apresenta estrutura muito simples e sofre mutações de ano em ano, quando voltam os dias frios.

As fontes

A vitamina A está presente no fígado bovino, vegetais de folhas verdes, ovos, leite e derivados. A ingestão diária ela é a responsável por manter em bom estado a saúde da pele, a mucosa dos pulmões, o sistema urinário e os intestinos.

Sem as vitaminas do complexo B, seria impossível a metabolização de carboidratos e aminoácidos vitais, assim chamados porque não são produzidos pelo nosso organismo. Este complexo exerce importantes funções no funcionamento do sistema nervoso e do coração, na produção dos glóbulos vermelhos e na síntese do DNA. Cereais integrais, carnes, oleaginosas, legumes cozidos no vapor, peixe, ovos, leite e derivados.

Também chamada de ácido ascórbico, a vitamina C é fundamental para a formação dos tecidos conjuntivo e ósseo. Também participa da fixação do ferro, prevenindo anemias. Bons níveis desta vitamina aceleram os processos de cicatrização. Além das frutas cítricas, ela pode ser encontrada nos pimentões verdes, couve, brócolis, espinafre e batata.

Armazenada pelo fígado, a vitamina D responde pela absorção de minerais como cálcio e fósforo, depois de estes sais terem sido transformados em moléculas mais simples durante o processo digestório. Estes elementos são importantes para a boa saúde dos ossos, mas a vitamina D precisa de uma “forcinha” da luz solar: bastam 20 minutos de banho de Sol a cada dia, antes das 10h ou depois das 16h.

A vitamina E funciona como um colágeno, protegendo as células das lesões provocadas por radicais livres (átomos ou grupos de átomos com elétrons desemparelhados – falta ao menos uma desta partícula em sua estrutura). Para se estabilizar, os radicais livres capturam partículas das nossas células. E isto leva a uma reação em cadeia. A carência é rara em bebês, crianças e adolescentes. A vitamina pode ser encontrada nos óleos vegetais, verduras, legumes, gema de ovo e margarina.

A síntese das proteínas que ajudam a combater hemorragias, estabilizando e circulação do sangue, é uma tarefa da vitamina K. Os vegetais verde-escuros, a soja (especialmente sob a forma de saladas) e os óleos vegetais.

Conclusões

Efetivamente, os suplementos vitamínicos funcionam, especialmente com a adoção de medidas para ampliar a qualidade de vida. Eles, porém, não conseguem fazer mágica: um fumante sedentário nunca obterá saúde apenas com a ingestão de pílulas.

Com a alimentação adequada para o sexo, faixa etária e condições de saúde, contudo, os suplementos vitamínicos são dispensáveis. Infelizmente, muitas pessoas passam o dia fora de casa, sem tempo de fazer ao menos uma refeição balanceada. Nestes casos, um médico e um nutricionista podem ajudar um cardápio para o café da manhã e o jantar e, se for o caso, a suplementação.