Nosso planeta é mais raro – e bizarro – do que se possa imaginar. É palco de eventos misteriosos, muito difíceis de explicar. A evolução da ciência, no entanto, vem trazendo explicações a estas verdadeiras maravilhas. Mas, será que conseguiremos explicar tudo ou algumas coisas permanecerão inexplicáveis para sempre?
Mudando de cor
É o pôr do sol verde, um dos mais raros fenômenos do mundo, que ocorre quando uma pequena mancha verde fica posicionada acima do Sol. O fato pode ser observado em qualquer latitude e altitude, mas é mais facilmente visto em horizontes desobstruídos, como o oceano ou o cume de uma montanha, por exemplo. Os brilhos verdes, na verdade, podem ter tons azuis, roxos e até fúcsia (a cor de rosa choque).
A maioria destes fenômenos são miragens, geralmente vistos sob névoa ou através e nuvens do tipo cúmulos. A explicação do pôr do sol verde está na refração da luz. O fato é semelhante a um grande prisma na atmosfera: o feixe de luz se move mais lentamente no baixo horizonte, de modo que a luz segue caminhos mais curvos (na mesma curvatura da Terra) até chegar à nossa visão.
As faixas coloridas com maiores frequências (verde, azul e violeta) se curvam mais do que as mais lentas (vermelho, laranja e amarelo). Vale lembrar que as cores visíveis ficam entre o vermelho e o violeta; os olhos humanos não conseguem enxergar os raios infravermelhos (abaixo do vermelho) e ultravioleta (acima do violeta).
Com isto, os raios mais “rápidos” são reforçados pela densidade gradiente e, em consequência, pela refração luminosa. Em outras palavras, o verde ganha, em luminosidade, do vermelho. Em “O Raio Verde”, o escritor francês Júlio Verne propôs outra explicação: quem vê o pôr do sol verde conhecerá o amor perfeito.
A entrada do inferno
Relâmpagos vulcânicos lembram a entrada do inferno. A emissão de lava, cinza e rochas e um espetáculo indefinível, um dos maiores fenômenos naturais da Terra – e, felizmente, muito raros. A Porta do Inferno, no entanto, fica na Ásia. É o deserto de Karakum.
Trata-se de um buraco de fogo de 60 metros de diâmetro e 20 metros de profundidade, que está incendiado há mais de 50 anos. Fica no Turcomenistão, país que integrou a antiga União Soviética. O local é conhecido como a Porta do Inferno.
Nos anos 1950, geólogos russos escavaram uma cratera na região, rica em petróleo e gás natural. Com a intenção de conter uma jazida de gás metano, os cientistas decidiram atear fogo na área, certos de esgotar o gás, para explorar as riquezas minerais.
O fogo, no entanto, não se apagou. A Porta do Inferno – na verdade, a cratera de Darvaz – é motivo de preocupação das autoridades locais, que temem pela segurança dos moradores da vizinha Vila de Derweze, há apenas centenas de metros da cratera, cujas chamas são tão intensas que podem ser vistas até durante o dia.
Gelo inflamável
O lago Vermilion, em Alberta, no Canadá, é um imenso curso de água potável. A superfície é de 159 quilômetros quadrados, o que o classifica em quinto lugar em extensão. O lago, no entanto, é bastante raso: a profundidade máxima é de 23 metros.
O principal tributário do lago é o rio Vermilion, que faz uma verdadeira cadeia de águas: o rio, lago Carne, lago Sandpoint, lago Manakan, lago Rainy, lago dos Bosques, rio Winnipeg, rio Nelson e baía de Hudson. Os índios nativos Ojibwe o chamavam de lago Onamumi, que significa “lago do pôr do sol resplandecente”. O “vermelho” do nome é derivado do Sol desmaiando nas águas.
O lago é destino de pescadores. Faz parte da BWCAW (boundaries waters canoes area wilderness), uma area de proteção ambiental americana e canadense criada em 1978 (fica entre Ontário e Minnesota). O que o torna especialmente importante, no entanto, é o gelo inflamável: são bolhas de gás metano congeladas, criadas pela decomposição de material orgânico.
Má notícia: a liberação do gás é um sinal de que o permafrost, solo permanentemente congelado na calota do Ártico, está se derretendo no local, um sintoma do aquecimento global. Como o metano não de dissolve na água, ele acaba vindo à tona em forma de bolhas.
Nem tão raro assim
O relâmpago do Catatumbo é um fenômeno atmosférico que ocorre entre 140 e 160 noites na foz do rio do mesmo nome, na costada Venezuela. É um “fogonazo”, na linguagem local. Os relâmpagos são considerados o maior gerador único de ozônio do mundo.
O fenômeno é gerado na troposfera, a camada mais baixa da atmosfera, com 12 quilômetros de altitude nas latitudes médias, mas apenas sete quilômetros nos polos. O relâmpago de Catatumbo acontece sobre o lago Maracaibo, no pântano em que o rio deságua no mar do Caribe.
O fenômeno ocorre durante dez horas contínuas: é possível observar 280 raios por hora caindo sobre a região. Entre janeiro e abril de 2010, os relâmpagos de Catatumbo cessaram, em um estranho silêncio no céu. Aparentemente, a ausência dos raios foi devida a uma seca que atingiu o rio, mais um sinal do efeito estufa.
Um clássico da natureza
Ela ocorre no céu noturno dos polos: é a aurora polar (austral na Antártica, Boreal no Ártico). A origem do fenômeno ocorre com um choque de partículas siderais na magnetosfera da Terra, a parte externa da atmosfera, rica em campos elétricos e magnéticos.
Nossa estrela, o Sol, emite constantemente um fluxo de partículas contra o nosso planeta – é o vento solar, que alcança 1.000 quilômetros por segundo. Estas tempestades podem provocar interferências nas telecomunicações, por exemplo. Elas ocorrem em todos os planetas dotados por atmosfera.
Quando esta massa solar se choca com a nossa esfera protetora, em uma velocidade de 300 a 1.000 metros por segundo, as partículas magnéticas da Terra reagem, formando as linhas coloridas. A temperatura do Sul, na superfície da estrela, atinge 6.000 graus centígrados. No interior, chega a três milhões de graus centígrados.
Um grande buraco
Trata-se do maior buraco azul do mundo, ao largo de Belmopan, capital de Belize, na América Central. é um círculo perfeito, com 300 metros de diâmetro e 125 metros de profundidade. O Grande Buraco Azul é visível inclusive do espaço – foi captado pela NASA em 2009.
Um buraco azul é uma caverna ou sumidouro natural, uma falha natural presente em todos os oceanos do planeta. Por conta das boas qualidades térmicas e das condições de segurança, eles acabam se tornando um atrativo para diversas espécies marinhas, que chama a atenção de muitos mergulhadores.
Outros buracos azuis famosos são o de Dahab, uma pequena cidade egípcia situada na península do Sinai, e o Dean’s, na baía ocidental de Clarence Town, em Long Island, Bahamas. Eles foram criados no Pleistoceno, na Era do Gelo.
Calçada do Gigante
Este é o nome de 40 mil colunas prismáticas de basalto, uma rocha de origem vulcânica preta, cinza ou verde-escuro. Elas têm forma hexagonal, solidificaram-se rapidamente (e, por isto, não tiveram tempo para se cristalizar: por isto, apresentam textura granulada).
A Calçada dos Gigantes, que já foi capa de um álbum do Led Zeppelin, foi considerada Patrimônio Natural da Humanidade, em 1986 e fica na costa da Irlanda do Norte, a três quilômetros da Vila de Bushmills. Fica numa área de basalto compacto: a atividade vulcânica fez a rocha derretida subir através de mais de mil metros.
Quando entrou em contato com o ar, a rocha solidificou-se e formou diversos elementos químicos. O basalto é o mais abundante, que criou fendas hexagonais, os chamados “lápis”. O magma se encolheu na medida em que se resfriava por dentro, formando as fraturas na rocha.
A lenda tecida na Irlanda diz que o gigante Finn Macool queria enfrentar outro gigante, o escocês Benandonner. Havia, porém, um problema: não havia uma embarcação grande o suficiente para levá-lo à Escócia. O gigante resolveu o problema construindo uma estrada entre as duas moradas: a Calçada do Gigante.
A esposa de Macool decidiu vestir o marido como um bebê, para disfarçá-lo. Benandonner se apavorou: “se o filho é assim, imagine o tamanho do pai”. Para impedir que o inimigo voltasse, Macool destruiu a estrada enquanto corria de volta para casa: restaram apenas as pedras da Calçada dos Gigantes.
Macaréu
Este é o outro nome da pororoca, fenômeno que ocorre apenas na Amazônia, provocado pelos encontros (ou embates) entre as correntes dos cursos d’água e as entradas oceânicas que ocorrem nas desembocaduras dos rios.
Além do rio Amazonas, a pororoca mais famosa do Brasil, o fenômeno também pode ser observado nos rios Maiacaré, Guamá, Capim e Moju, no Pará, e no rio Mearim, no Maranhão. A pororoca não pode ser mais avistada no rio Araguari, no Amapá. Acredita-se que a ocupação irregular para a criação de búfalos provocou o fim da pororoca na região.