O que é enxaqueca?

A palavra enxaqueca vem do árabe e significa migrânea, ou metade do cérebro. Os portadores de enxaqueca costumam relatar dores mais ou menos intensas num dos lados da cabeça, que pode espalhar-se para o rosto, região cervical e até o braço, provocando formigamento e amortecimento dos dedos.

Em crises severas, o equilíbrio do corpo fica comprometido, fato que está relacionado ao surgimento de náuseas e enjoos. Normalmente, quem sofre de enxaqueca desenvolve fotofobia, ou aversão à luz, que parece piorar os sintomas. Como todas as cefaleias, a enxaqueca pode não ser uma doença em si, mas um sinal de outros problemas, como acidente vascular cerebral, meningite, aneurisma, alterações hormonais e metabólicas, tumores no cérebro e até problemas ortodônticos.

Por este motivo, quando a enxaqueca ocorre com frequência, é preciso consultar um especialista. De qualquer forma, ela pode estar relacionada a dilatação de vasos sanguíneos do sistema nervoso, o que aumenta a pressão da região: é a enxaqueca clássica, sem a presença de outras enfermidades.

O tratamento é feito com medicamentos vasoconstritores, que aliviam a pressão no tecido cerebral. No entanto, isto pode provocar efeitos colaterais, como problemas no sistema circulatório, e é contraindicado para quem tem problemas cardiológicos.

As causas

A enxaqueca é uma doença provocada por muitos fatores. Pode estar relacionada a causas hereditárias e ambientais (poluição sonora e do ar, mudanças climáticas e até alguns odores). Muitos produtos consumidos no dia a dia, como o sal, nitratos (presentes nos embutidos, como salsichas e salames), aspartame, cafeína (não só no café, mas também em alguns chás e refrigerantes) e bebidas alcoólicas provocam as crises.

As mulheres são especialmente suscetíveis à enxaqueca, por causa das alterações hormonais provocadas pelo ciclo menstrual e pelo uso de anticoncepcionais orais. O número de homens portadores desta doença é ligeiramente inferior. Durante a tensão pré-menstrual, é comum a eclosão das crises.

Também podem haver causas psicossomáticas: estresse, alto nível de exigência no trabalho ou estudos, oscilações de humor, irritabilidade, ansiedade, depressão e alterações no sono (insônia e dormir em excesso) são fatores que podem deflagrar uma crise de enxaqueca.

As características da doença

A Sociedade Internacional de Cefaleias classifica mais de 150 tipos de dores de cabeça, e a enxaqueca é uma das mais comuns. Os relatos dos pacientes variam bastante, mas em comum descrevem a doença como uma dor latejante, que tem início com um desconforto de alguns minutos, em que os medicamentos podem fazer efeito. É a chamada “dor de aviso”.

Se o paciente não consegue medicar-se, instala-se a crise, com dores pulsantes cada vez mais fortes. O grande perigo neste estágio é a automedicação e overdose. O discernimento pode ficar comprometido, levando o doente a ingerir diversos comprimidos, na tentativa de livrar-se no mal.

Parte dos doentes afirma ter problemas com a aura, em que a visão fica comprometida, objetos e pessoas se movem em zigue-zague, surgem flashes e pontos escuros ou borrados no campo visual. A aura, em geral, precede a dor propriamente dita. Estudos indicam que isto ocorre por causa de distúrbios elétricos negativos no córtex cerebral, responsável pela visão.

As crises de enxaqueca podem durar até três dias consecutivos.

O tratamento

Apesar de popularmente sempre ser dito que a enxaqueca não tem cura, isto não é verdade. O tratamento pode ser preventivo, com o uso de medicamentos betabloqueadores, anti-histamínicos, anticonvulsivantes e bloqueadores de canais de cálcio. No momento das crises, a dor pode ser aliviada com analgésicos e miorrelaxantes.

O mais importante, no tratamento, é identificar as causas; quando elas são ambientais ou comportamentais, é possível eliminá-las ou minimizá-las. De qualquer forma, o tratamento médico é importante, para eliminar causas mais incapacitantes. A prescrição dos medicamentos também deve ser feita pelo especialista, para evitar efeitos colaterais. O clínico geral e, se for o caso, o neurologista devem acompanhar o paciente e estabelecer a melhor estratégia para combater a doença.