Ao pé do Aconcágua

O Aconcágua fica nos Andes Argentinos, perto da fronteira com o Chile, a 112km da cidade de Mendoza. É a montanha mais alta fora da Ásia. Na língua quéchua (virtualmente extinta), significa “Sentinela de Pedra”. Está localizado no Parque Provincial Aconcágua, cuja entrada principal fica próxima ao povoado de Puente del Inca, cujas curiosas formações rochosas atraem muitos turistas.

Considerado um grande desafio para os alpinistas, quem quer escalar o Aconcágua pode partir de três áreas de acampamento: a Confluência, a 3.368m de altitude, Praça de Mulas, a 4.370m, Ninho de Condores, a 5.560m e Berlim, a 5.920m. A subida pela face sul do monte é considerada uma das mais perigosas do mundo, por exigir técnicas de escalada em rocha e gelo, cujos blocos atingem a altura de um prédio de seis andares. Apenas uma dupla brasileira conseguiu esta façanha: Rodrigo Ranieri e Vítor Negrete, em 2002.

No entanto, para a maioria dos mortais, as atrações do Aconcágua ficam na metade inferior da montanha. No caminho do acampamento-base, a Praça de Mulas, é possível caminhar em trilhas pouco inclinadas até cerca de 3.200m de altitude, apesar de não ser recomendado, para amadores, ascender acima de 2.800m, quando a sensação de cansaço prematuro e a falta de ar já se fazem sentir. Na primavera e verão, os gramados que margeiam a trilha ficam cobertos de flores, sombreados pela neve eterna dos Andes.

O caminho para o monte

A aclimatação para quem se aproxima do Aconcágua começa em Puente del Inca, às margens da Rota da Alta Montanha (RN-7). É uma estrada tortuosa que sai de Mendoza, acompanhando os meandros do rio Mendoza, um barrento e monótono curso d’água.

O povoado deve seu nome a uma ponte natural de pedra, que dá acesso às ruínas de um antigo resort de águas termais, destruído por uma avalanche nos anos 1960, e ao Cemitério dos Andinistas, onde estão enterrados os corpos de dezenas de escaladores que não conseguiram vencer a Sentinela de Pedra.

Havia uma estrada de ferro que ligava Argentina e Chile, cruzando os Andes. No entanto, no período da ditadura, a ferrovia foi desativada: era uma rota natural de fuga para os perseguidos pelo regime político. Quem quer conhecer a região pode alugar um carro, já que os transportes públicos são escassos e irregulares. Não há sinal para celular; por isto, é preciso checar as condições do veículo.

O Parque do Aconcágua

A trilha para turistas termina em uma hora e meia de caminhada, na laguna de Horcones (forquilha, em espanhol), onde um desvio conduz a uma ponte pênsil sobre o Durazno, um rio caudaloso (especialmente nos meses quentes). Após cruzar o rio, resta aos turistas observar a paisagem formada pelo rio, as montanhas e as vinícolas que produzem o tinto Malbec: ali começa a trilha para os alpinistas experientes, que leva ao acampamento-base.

Pode-se incluir no roteiro um passeio pelo Parque Talampaya, um sítio arqueológico repleto de fósseis gigantescos. Desfiladeiros desertos e avermelhados impressionam pela beleza e muitas vilas da região chamam a atenção pela arquitetura e os bazares de rua.

Quando e como ir

Escolha os meses quentes. Uma boa opção é curtir o réveillon em Buenos Aires e seguir para Mendoza nos primeiros dias do ano. Os preços argentinos estão atraentes para brasileiros e os turistas são muito bem recebidos no país.

A partir de março, ventos úmidos desestimulam os passeios. No entanto, para quem quer andar sob a neve, conhecer o Aconcágua no inverno pode ser uma boa opção, que pode incluir um giro por Bariloche, o destino de inverno mais procurado da Argentina.

Diversas agências de viagem oferecem pacotes turísticos que incluem passagens aéreas de São Paulo e Rio de Janeiro até Mendoza, traslados para Puente del Inca, passeios guiados pelo Aconcágua e pelas vinícolas, quatro noites de hospedagem e seguro de viagem a partir de US$ 700. Os sites www.aconcagua.mendoza.com.ar e www.aconcagua.com.ar fornecem mais informações sobre o Parque do Aconcágua.