Dicas para evitar apelidos desagradáveis

Algumas palavras têm o dom de estragar o nosso dia. São apelidos desagradáveis, que realçam alguns defeitos que portamos, ou apenas um trocadilho com o nosso nome “oficial”. Às vezes, os apelidos apenas reforçam algum detalhe físico, como “dentuço”, “gordo” (com as variações “baleia”, “rolha de poço”, etc.), “poste” (para as pessoas muito altas), “varapau” (para os magros e altos), etc. a lista é muito longa.

A questão dos apelidos desagradáveis na escola e no trabalho é muito grave, mas não tem sido encarada com a importância que merece: muitas crianças e adolescentes podem ter o rendimento escolar comprometido e muitos profissionais podem sofrer problemas com a rentabilidade.

Dicas para evitar apelidos desagradáveis

Os brasileiros gostam de pôr apelidos em tudo e em todos. Por aqui, os apelidos fazem fama e podem ridicularizar o apelidado. Em uma escola, eu conheci um garoto que foi batizado de “caga-bolão”, uma referência aos resíduos deixados no banheiro pelas suas necessidades fisiológicas. Era um constrangimento, para ele, ir todos os dias para a escola.

Apelidos na escola

Os pais devem ter muito cuidado e atenção no acompanhamento escolar. Os apelidos desagradáveis podem ser até inofensivo (como, por exemplo, chamar o colega de “verde” apenas porque eles está sempre vestido com roupas desta cor, ou “cachorro quente”, porque é o lanche pedido em todos os recreios).

No entanto, se isto incomoda o aluno, pode se tornar uma espécie de bullying. Os pais devem procurar a diretoria da escola o quando antes para impedir que os apelidos se propaguem. Contudo, se até mesmo os educadores aceitam o vocativo depreciativo, talvez seja o mesmo de procurar outra instituição de ensino, para que a situação desagradável não provoque traumas.

O próprio ato de conversar com os diretores pode ser entendido como uma prova de afeto, especialmente pelas crianças mais novas. Alguns apelidos, como “encardido” e “cascão”, porém, são uma oportunidade para verificar se os hábitos de higiene estão adequados.

Os gordinhos devem ser incentivados a mudar a dieta alimentar, adotando refeições mais saudáveis. Nesta geração de fast food, muitas crianças estão desenvolvendo doenças de adultos, como insuficiência cardiorrespiratórios e alterações no nível de triglicérides e do mau colesterol.

Crianças e adolescentes insatisfeitos com apelidos desagradáveis podem ter o comportamento alterado não só na escola, mas também no condomínio em que moram, no clube que frequentam e no grupinho de colegas da mesma rua.

O problema (como todos os demais) tem sempre duas partes envolvidas na história: o apelidador e o apelidado. O correto é que a diretoria (o psicólogo escolar ou o orientador educacional) reúna os dois alunos. Os dois devem ser ouvidos e ter direito de expor as suas razões. Esta é uma lição de cidadania que perdurará por toda a vida.

Os pais não devem ficar incondicionalmente a favor dos filhos, que podem estar errados ou superestimando a situação. É preciso ouvir os motivos dos envolvidos e chegar a um senso comum. O importante é demonstrar atenção e voltar a discutir com as crianças e adolescentes sobre o assunto. É um trabalho e tanto: uma mera reunião de 15 ou 20 minutos não gerará resultados imediatos.

Outra posição importante dos pais é não criticar a escola ou os colegas. Isto só faz os alunos rejeitarem o ambiente escolar como um todo: outros colegas, professores, agentes de disciplina e a equipe técnica. Com isto, perde-se qualidade mesmo em disciplinas onde havia bom rendimento.

Além disto, o reforço da condição de “coitadinhos” só faz os alunos se sentirem menos confiantes na escola, mais confiantes em casa. é como se eles construíssem uma redoma de proteção junto aos pais – e isto serve apenas para reforçar o isolamento.

A escola é um espaço privilegiado para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo. Além da transmissão de conhecimento, as vivências no ambiente serão úteis por toda a vida. Com raras exceções, a escola é o primeiro lugar em que a criança começa a se relacionar com pessoas diferentes – e a tolerância é fundamental para o crescimento.

Também é necessário reforçar a autoestima dos nossos jovens, salientando as qualidades e conversando sobre os pontos que precisam ser melhorados. Uma criança ou adolescente com boa autoestima não se importa com os apelidos desagradáveis.

E, quando estamos em desvantagem, o melhor a fazer é não supervalorizar a situação. Os apelidos – especialmente os desagradáveis – se espalham com muito mais facilidade quando os alunos se irritam com eles, oferecendo oportunidades para os “chatos” continuarem com o bullying.

Apelidos no trabalho

Em geral, os adultos não costumam adotar apelidos desagradáveis no ambiente de trabalho, ao contrário do que acontece, por exemplo, nas práticas esportivas. Quase sempre, os nomes recebem reduções (como “Gil”, “Bete”, “Maga”, etc.). Usar apelidos como “Bob” (para os Robertos) ou simplesmente alterar a pronúncia (como Amáury, para Amaury) são ocorrências frequentes.

Alguns apelidos, no entanto, são mais desagradáveis: “Careca”, “Tambor” e “Pança” são alguns deles. Nestes casos, não é necessário que o apelidado faça uma reclamação com os superiores: verificando a situação, é dever dos chefes interferir. Afinal, ninguém trabalha por não ter cabelos ou estar acima do peso. Os amigos e a família podem interferir: os colegas, não.

Algumas vezes, ocorre uma extrapolação, que também deve ser corrigida. Na Inglaterra, em 2012, um comissário de bordo da British Airways encontrou com processo judicial contra a empresa, porque um colega o chamou de “querido” durante um voo.

Segundo o querelante, que é adepto da Igreja Adventista do Sétimo Dia, chamá-lo de outra forma (que não o próprio nome), fere os princípios da religião. A justiça inglesa rejeitou o caso.

Mesmo com a ação não aceita pelo Poder Judiciário, trata-se de um exemplo claro de como as relações pessoais são difíceis, especialmente para quem apenas trabalha junto, sem ter outras afinidades. Com a globalização, este problema tende a se agudizar.

Outro problema – desta vez, especificamente brasileiro – é a informalidade com que os brasileiros se tratam no cotidiano. Em alguns casos, com os apelidos (ou mesmo com tratamentos de “querido”, “amado”, “criança”, etc.) serem propostos de forma carinhosa, o apelidado pode não concordar.

Em outros casos, o tratamento é totalmente inadequado: nada contra tratar os outros por “veio” (apesar de ser um vício de linguagem), mas usar esta forma para se referir a uma pessoa de mais idade (as pessoas não precisam de outras para saber quantos anos já completaram). Os apelidos para superiores também são totalmente contraindicados.

É necessário estar sempre atento aos nossos interlocutores e cultivar a gentileza. Pessoas inteligentes tratam colegas e chefes pelo nome próprio ou pelo apelido com que pediram para ser nomeados.