Como escolher um vinho

Marca, procedência, safra, produtor e tipo de uva são algumas das informações que pesam na hora de escolher um vinho. A enologia é uma ciência que leva tempo para ter todos os seus mistérios desvendados, mas, com algumas dicas, é possível fazer bonito com uma bela bebida.

Um vinho, para ser bom, não precisa ser caro. Algumas questões básicas ajudam a não errar. A primeira delas é: a nova garrafa será armazenada ou o consumo imediato? O consumo imediato não requer grandes cuidados. Em uma boa adega, é possível obter orientações sobre as bebidas mais adequadas para a ocasião e o cardápio.

Colecionando vinhos

O armazenamento, no entanto, pressupõe que o comprador é um colecionador. Neste caso, é preciso ter um conhecimento mais aprofundado sobre vinhos, para tornar a coleção mais completa. A constituição de uma adega também exige alguns cuidados para preservar as características da bebida.

Quem está começando precisa, primeiramente, gostar de beber vinho. De nada adianta ter um salão repleto de garrafas adquiridas por indicação: é preciso sentir o aroma, o corpo da bebida, degustá-la e saber exatamente quando tirar uma das relíquias da “sala do tesouro”.

Estudar é necessário. Há muitos livros sobre o assunto, além de fato material na internet. Na rede virtual, é preciso ter alguma orientação para separar o joio do trigo. Muitos sites copiam artigos já postados, enquanto outros usam um tradutor instantâneo e acabam publicando muita besteira sobre o assunto.

Ninguém nasce sabendo: a curiosidade é a responsável pela maior parte do conhecimento humano. Por isto, quem é iniciante não deve ter vergonha de perguntar, ouvir opiniões, participar de degustações e visitas a vinícolas.

Mesmo vinhos desagradáveis ao paladar podem ensinar alguma coisa: se a bebida não entrou para a sua lista de “favoritos”, este é um bom momento para pesquisar: o vinho é muito encorpado? Suave em excesso? Ficaria melhor se envelhecesse mais? Estas são as condições que diferenciam dois tintos produzidos com uvas da mesma vinha e da mesma safra.

Bebendo por prazer

A maioria dos consumidores de vinho, no entanto, bebe simplesmente para comemorar, para acentuar os sabores dos pratos de um almoço ou jantar, para tornar o clima mais alegre ou íntimo. Algumas ocasiões pedem bebidas especiais. Um jantar romântico, por exemplo, requer um champagne ou vinhos leves e jovens – um pedido de casamento pode ser brindado com um vinho branco leve, servido junto com a sobremesa.

Importante: só podem receber o nome de “champagne” os vinhos produzidos nas vinícolas de Champagne Ardènne, região produtora de uvas do nordeste da França. No século XVII, os vinhateiros encontraram um meio de “domar” o espumante, que fermentava novamente depois de engarrafado, fazendo as garrafas explodirem. Desde então, o nome é reservado para os vinhos brancos ou rosados desta região. Todos os demais são chamados de frisantes ou espumantes.

Combinando carnes e vinhos

A regra básica é: com carne vermelha, vinho tinto; com cortes de frango, vinho rosado; com peixes, vinho branco. Talvez esta seja a regra mais descumprida da gastronomia. A combinação depende muito do modo de preparo e também da estação do ano em que festa é realizada.

Pratos gordurosos e suculentos, como assados, pedem a tanicidade dos vinhos tintos (tanino é uma substância presente na casca e nas sementes das uvas; de sua combinação depende o “travor” da bebida), contrapondo a secura agressiva da bebida à fluidez dos molhos e do próprio sumo.

Os pratos com muitas especiarias atraem pelo sabor e pelo aroma que exalam. Para acompanhá-los, o vinho também precisa ser aromático, mas também macio, para não “matar” o prato. Um tinto Syrah pode ser um bom acompanhamento.

Os peixes e frutos do mar, por sua constituição, são mais bem acompanhados por um vinho branco. Esta regra não vale, entretanto, para os ensopados, como a brasileiríssima moqueca. Se ela estiver “quente” (puxada na pimenta), certamente pedirá a companhia de um uma bebida mais encorpada.

Os vinhos brancos e alguns rosados são bastante refrescantes e caem bem com saladas, especialmente no verão. As saladas com cozidos, no entanto – batatas, brócolis, palmito, espinafre, etc. – podem ficar mais tentadoras com um vinho mais velho e aromático. Seja como for, para carnes brancas e saladas, o melhor vinho tinto é aquele com menor teor de tanino, a menos que o tempero forte seja a “marca” do cozinheiro; neste caso, um tinto frutado pode ser a melhor escolha, já que certamente não haverá briga entre o prato e a bebida.

Por isto, não basta ser “massa” para o vinho ser tinto. Um molho branco ou rosé mais delicado exige a companhia de um vinho branco, que pode ser espumante. As variações mais comuns no Brasil, como à bolonhesa ou à rabiatta, fazem melhor figura com o tinto, certamente.

Uma dica: especialmente com relação aos vinhos europeus, eles quase sempre se “casam” perfeitamente com os pratos locais. É o caso de um chianti, produzido na região da Toscana (Itália), que só faz valorizar as aves (galinhas, marrecos, perus), tortas de alcachofra, creme de alho-poró, crepe florentino, etc. Tudo fica melhor com o vinho certo ao lado.

Os doces

Saladas de frutas, ou mesmo frutas flambadas, combinam muito bem com um vinho espumante. Para a brincadeira do paladar ficar ainda mais completa, vale a pena servir as frutas apenas cortadas, com fatias de queijo (de preferência aos brancos, para a refeição não ficar muito pesada).

O sabor das sobremesas à base de chocolate é realçado por um bom vinho do porto. Se a receita for com chocolate meio amargo (ou mesclado com outro de teor de cacau mais leve), a combinação fica ainda mais perfeita.

Pudins, flãs, mousses e outras receitas à base de ovos e leite se tornam ainda mais deliciosas com um vinho moscatel (licoroso e doce). Quem quiser arriscar um pouco, pode servir vinho madeira, com teor alcoólico um pouco mais elevado. As bebidas mais doces contrastam com o caráter mais “sóbrio” destas receitas doces.

Na dúvida, ou no serviço de vários tipos de doces, o ideal é servir um branco espumante. Além de servir para brindes ao final da refeição, a possibilidade de ele não cair bem com qualquer sobremesa é bastante pequena.