Células-tronco: para que servem?

As células-tronco são capazes de se renovar por meio de divisão celular, mesmo depois de armazenadas por longos períodos, em que ficam sem atividade. Em laboratório, sob determinadas condições, elas podem ser induzidas a se transformar em células de todos os tecidos e órgãos.

Opostamente a células especializadas, como as que formam os músculos e o sangue, que normalmente não se reproduzem, as células-tronco podem replicar-se indefinidamente. Isto significa que, com uma única cultura destas células, é possível produzir milhares.

Também chamadas de estaminais, as células-tronco que apresentam a capacidade de se transformar – o chamado processo de diferenciação celular – são as encontradas em embriões.

Por isto, são consideradas fundamentais, pelos pesquisadores, para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para problemas cardiovasculares, neurodegenerativos, hematológicos, renais. diabetes e para a recuperação de acidentes vasculares cerebrais e traumas na medula espinhal.

O principal objetivo das pesquisas é reduzir as sequelas e impedimentos gerados por estas doenças e traumatismos.

As células-tronco são encontradas no cordão umbilical, sangue, medula óssea, fígado, placenta e líquido amniótico, de acordo com estudos realizados pela Escola de Medicina da Universidade de Wake Forest (EUA), divulgados pela imprensa mundial em 2007.

Extração de células-tronco

Existem três métodos para a obtenção de células-tronco. As embrionárias são classificadas como totipotentes (que se transformam em qualquer célula especializada) ou pluripotentes (podem se diferenciar nos três tipos de folheto embrionário humano: endoderme, que origina o trato gastroinstestinal e os pulmões, mesoderme, que forma músculos, ossos, sangue e sistema urogenital, e ectoderme, que gera o tecido epitelial e o sistema nervoso).

Cada país estabelece sua própria legislação sobre o uso das células embrionárias. No Brasil, o uso de embriões descartados é permitido para pesquisas.

As células-tronco adultas são encontradas em diversos tecidos e órgãos, mas apresentam capacidade de diferenciação limitada. Em geral, elas produzem apenas células especializadas. Assim, se são retiradas células da pele, elas só conseguirão geral tecido epitelial.

As células mesenquimais são extraídas do estroma do tecido (parte que dá sustentação às células). Têm excelente capacidade de se diferenciar e, por isto, são utilizadas para regenerar tecidos, como o ósseo, cartilaginoso, cardíaco, neural e hepático. Estas células também apresentam atividade imunossupressora, o que, com o desenvolvimento dos estudos, permitirá a aplicação clínica em problemas de queda da imunidade (como em doenças autoimunes e na Aids) e também para superar problemas de rejeição em transplantes.

Avanços nas pesquisas

O Instituto de Cardiologia do Rio de Janeiro começou a tratar cardiopatas com células-tronco extraídas da própria medula do paciente. Um grupo de 600 pessoas voluntariou-se para participar do procedimento. É um teste cego, em que parte dos voluntários receberá as células-tronco, enquanto os demais receberão apenas um placebo. A definição está sendo feita por sorteio. Médicos de 40 instituições do país estão envolvidos no projeto.

Depois que a cultura de células-tronco é desenvolvida, um grupo receberá as células em partes necrosadas do coração, em função de um infarto do miocárdio, e outras condições patológicas, como a isquemia, em que o órgão não recebe oxigênio suficiente para exercer adequadamente as suas funções.

A esperança é que as células se reproduzam e regenerem o coração. Em ao menos um caso, que envolveu cirurgia de revascularização e aplicação de células-tronco, os resultados têm se mostrado excelentes: o órgão foi revigorado em seis meses. O procedimento foi realizado no Instituto do Coração de São Paulo.