Quando se pensa em castelo, logo nos vem à mente o palácio da Cinderela, edificado no parque Walt Disney World, em Orlando (EUA). Inicialmente, porém, os castelos tinham uma finalidade bem menos romântica: eles eram apenas conjuntos de construções fortificadas e muradas, em que os servos se abrigavam durante os ataques. Alguns deles, no entanto, resistiram ao tempo, foram remodelados: você precisa conhecê-los.
Evidentemente, existem castelos em outras partes do mundo. Oriente Médio, Índia e China desenvolveram soluções arquitetônicas para resolver seus problemas com os vizinhos. A China, por exemplo, construiu não apenas uma cidade murada: para reduzir os ataques dos mongóis, ergueu a Grande Muralha, atualmente com 21.196 km de extensão.
Confira agora as características de alguns castelos que começaram a ser construídos na Idade Média europeia. Alguns deles têm até os próprios fantasmas para assustar os visitantes.
Castelo de Brodick
Existem evidências de que o Castelo de Brodick começou a ser construído por navegantes vikings (originários da Escandinávia), que fizeram diversas incursões pelas ilhas britânicas, especialmente entre os séculos VIII e XI.
Na verdade, as fortificações de Brodick foram erguidas como uma proteção contra os povos nórdicos, que continuaram se aventurando pelos mares Báltico e Nórdico, que se especializaram em assaltar aldeias próximas ao litoral.
O castelo foi erguido no fiorde de Clyde da ilha Arran, no litoral escocês. As edificações foram ocupadas pelos duques de Hamilton, um dos pariatos do Reino Unido, a partir de 1643. Pariato é um complexo sistema de bens e direitos dos nobres, que inclui o direito à sucessão dos filhos primogênitos.
Atualmente, o Castelo de Brodick pertence ao National Trust of Scotland. A instituição zela pela conservação e manutenção de patrimônios históricos, culturais, artísticos e naturais escoceses.
Depois da ocupação viking, Arran foi tomada pelos “lordes das ilhas”, títulos de nobreza anteriores à monarquia escocesa, formalmente estabelecida em 843. Apesar de as ilhas (não apenas da Escócia, mas também da Irlanda e de Gales) terem sido avassaladas por diversos reinos, elas conseguiram manter-se funcionalmente independentes até a unificação de Inglaterra e Escócia.
O Castelo de Brodick foi saqueado duas vezes pelos ingleses no século XIV, queimado em 1528 por disputas entre os clãs escoceses (e mais uma vez poucos anos depois por Mateus Stewart, conde de Lennox, que ocupava a regência escocesa).
Em 1957, o herdeiro do título de duque de Hamilton abriu mão formalmente do patrimônio, que já era um ponto turístico informal. Atualmente, o Castelo de Brodick é um dos locais mais visitados da Escócia. Além do museu, os turistas se encantam com o jardim de rododendros, que se enchem de flores na primavera e verão.
Castelo de Bojnice
A primeira referência ao Castelo de Bojnice data de 1113, em um documento hoje exposto na Abadia de Zobor. Foi construído como uma fortaleza de madeira, gradualmente substituída por pedra. O primeiro proprietário do castelo foi Mateus Csák, um senhor feudal que dominou os territórios do noroeste da Hungria.
No século XV, Bojnice foi retomada pelo rei húngaro Matias I, que dominou diversos reinos, como a Boêmia, Morávia, Dalmácia e Eslováquia, entre outros territórios. Foi um dos poucos reis europeus a obter vitórias sobre o exército turco otomano.
O rei Matias gostou tanto de Bojnice que passou a publicar os seus decretos sob uma árvore até hoje preservada. Um ano antes da sua morte, o monarca doou o feudo para um filho bastardo, João Corvino. Depois dele, muitas famílias nobres europeias ocuparam o castelo e as imediações.
O Castelo de Bojnice foi reformado várias vezes, mas a remodelação mais notável foi feita por João Palffi, que passou mais de 20 anos (de 1888 a 1909) ampliando e decorando as instalações, mas a maior parte das pinturas, esculturas e tapeçarias que faziam parte do acervo foram vendidas pelos herdeiros.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o castelo foi expropriado pelo governo da Checoslováquia e serviu como sede várias instituições do governo comunista. Em 1950, um incêndio destruiu parte de Voynice, mas tudo foi reconstruído. Desde então, as construções abrigam um museu.
Castelo de Malbork
Em 1217, o papa Honório III decidiu empreender a conversão dos prussianos, que viviam na atual Polônia. Para atingir o objetivo, pediu ajuda à Ordem Teutônica, um batalhão de cavaleiros cruzados. Os soldados se estabeleceram nos territórios doados pelo Vaticano (e apossaram-se de vários outros).
O resultado foi a construção de diversos castelos – inicialmente, apenas territórios fortificados. A edificação do Castelo de Malbork teve início em 1270, quando a ordem já havia sido dissolvida. Neste momento, o objetivo não era mais levar o Catolicismo aos povos do leste europeu, mas defender o próprio território, que se tornou a sede de um dos principais feudos da Europa.
O Castelo de Malbork foi erguido às margens do rio Nogat, um afluente do Vístula, fato que permitia a atracação de barcaças e de navios em trânsito. Os prussianos, desta forma, obtiveram o monopólio da navegação regional.
Quando foi finalmente concluído, em 1406, era o maior castelo feito com tijolos de todo o continente. É um dos exemplos clássicos das construções medievais: nos mais de 200 anos de obras, Malbork sofreu influências de diversos estilos arquitetônicos. Ainda hoje, é o maior edifício de tijolos da Europa e o maior do mundo em área de construção.
A construção é dividida em três setores: o castelo alto (o convento original), o castelo médio (com as moradias dos criados e também com alguns setores de trabalho) e o castelo baixo (um arsenal com todo tipo de armas).
Durante a Guerra dos 13 Anos, centenas de armamentos foram recolhidas ao castelo baixo, para um combate efetivo em caso de invasão. Em 1454, porém, o líder teutônico Jan Bazenski rendeu-se ao rei da Polônia, que, vitorioso, restaurou o Castelo de Malbork, que pode ser conhecido em uma visita a Gdansk, cidade polonesa junto à foz do rio Vístula.
Castelo de Coca
O Castelo de Coca fica na Província de Segóvia, pertencente à comunidade autônoma de Leão e Castelo (Espanha). Foi construído no século XV, pelo arcebispo de Sevilha, tendo sido concluído em 1453, às margens do rio Voltoya. A fortaleza é circundada por um fosso largo e profundo.
A edificação tem estilo gótico, mas a influência da arte mudéjar, que combina elementos católicos e muçulmanos (a ocupação árabe na península Ibérica começou em 711 e só terminou definitivamente em 1492).
A família de Alba, que dominou a região de Coca durante toda a Idade Moderna, é a proprietária oficial do castelo, que foi declarado patrimônio histórico da Espanha em 1931 e atualmente está aberto à visita de turistas. No entanto, a visitação não é livre: os interessados precisam reservar vagas em grupos ciceroneados, para conhecer o castelo, o museu e os jardins.
Castelo de Peles
O Castelo de Peles é uma construção da Idade Moderna: foi erguido entre 1873 e 1883, para servir como residência de verão da família real romena. O edifício foi construído em estilo romântico, um movimento literário, filosófico, arquitetônico e político majoritário entre os pensadores europeus durante boa parte do século XIX.
Os jardins do castelo foram concebidos em estilo renascentista italiano. O projeto foi assinado por Wilhelm Knechtel, antigo jardineiro do imperador Maximiliano, do México. Uma fofoca histórica: oficialmente, Maximiliano era filho do arquiduque Francisco Carlos, mas há boatos de que o real pai biológico tenha sido Napoleão II, filho do controverso Napoleão Bonaparte.
Os castelos de Peles e Pelisor, na pequena cidade de Sinaia, na Romênia, de pouco mais de 14 mil residentes. Durante os meses mais frios do ano, as construções se transformam em um dos mais badalados e concorridos resorts de neve do país. No verão, mochileiros são atraídos para caminhadas e outros esportes pelas formações rochosas que se debruçam sobre Sinaia – as edificações foram construídas sobre os montes Cárpatos.
O Castelo de Peles possui 168 quartos, mas apenas 35 deles são acessíveis aos “turistas comuns”; os demais ficam permanentemente reservados para hóspedes VIP, selecionados por autoridades políticas, socialites e personalidades públicas, como atletas e artistas. Quem não tem QI (“quem indica”) precisa planejar a viagem com muita antecedência.
Castelo Dragsholm
Em Dragsholm, na região de Lammerjorden (Dinamarca), é possível conhecer algumas histórias impressionantes. O Castelo Dragsholm foi construído em 1215, pelo bispo de Roskilde, e inicialmente serviu como residência para os nobres mais influentes do reino. Roskilde era a capital do país, que vivia “entre tapas e beijos” com a Suécia, e Noruega e a Polônia.
Quando a Dinamarca aderiu à reforma protestante, o castelo passou a ser propriedade da Coroa (bispos, padres e freiras, obviamente foram expropriados – muitos deles foram mortos). Entre 1536 e 1564, a residência da nobreza se transformou em uma masmorra para os que não aderiram à nova religião (inclusive o bispo que ergueu Dragsholm).
Em uma torre larga, foram construídas celas de banho gradeadas: não era possível simplesmente executar os rebeldes, face à força política e militar que eles continuavam exercendo.
As histórias são longas: uma jovem apaixonada por um plebeu foi emparedada pela família, que não consentia no casamento (o esqueleto continua no castelo). James Hepburn, marido da rainha escocesa Maria Stuart, não suportou e enlouqueceu no cárcere, onde permaneceu até a morte.
O castelo tem outros fantasmas famosos: o ex-bispo, o infeliz marido de Maria Stuart e duas damas, a Branca e a Cinza. Ao todo, cem almas penadas atormentam o local, que hoje é um hotel com um restaurante muito badalado. Os hóspedes podem escolher entre se hospedar “com ou sem susto”.
Castelo de Châteaubriant
O Castelo de Châteaubriant foi construído no século XII, como residência dos barões do Maine, Jean de Laval e Françoise de Foix. Desde o século XVI, acumulam-se os relatos paranormais: comunicações com mortos, aparições fantasmagóricas, fenômenos de telecinese e outros. Os barões continuam circulando, com toda a pompa e circunstância da nobreza, pelos salões e galerias, que abrigam um acervo sobre o estilo de vida feudal.
Castelo Meggernie
O Castelo Meggernie, localizado em Fortingall (Perth and Kinross), foi erguido provavelmente no século XVI. A construção possui cinco pavimentos. A principal moradora da fortaleza nos últimos séculos é a ex-mulher do cozinheiro oficial dos senhores que ergueram o castelo.
No entanto, todos os que se depararam com ela são unânimes em afirmar que a jovem senhora não tem nada de assustadora. Ela apenas se restringe a oferecer beijos e carinhos, quando percebe que os visitantes e hóspedes estão tristes ou desanimados.