Yeti: mito, invenção ou apenas um explorador perdido nas montanhas?

O relevo irregular da República do Nepal é pontilhado por algumas das montanhas mais altas do planeta, com mais de seis mil metros de altitudes. Entre eles, o imponente monte Himalaia (na fronteira com a China), que exige uma escalada de 8.848 metros, é um desafio para alpinistas de todos os cantos do mundo.

Yeti é nativo desta região, uma das mais inóspitas do mundo, em função do frio, das más condições de infraestrutura e dos terremotos. A maioria dos moradores mora em vilas encravadas nas montanhas e determinou que muitos deles se tornassem guias para os escaladores – são os sherpas. As aldeias são isoladas e muitas vezes bloqueadas pelas nevascas, durante o outono e inverno.

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O abominável homem das neves (cujo nome significa “homem da montanha”; em português, o termo foi transliterado para “Iéti”) e seu povo seriam descendentes de um rei macaco e de uma ogra. Os nepaleses espantam as crianças arteiras e malcriadas com a visita de ogros, que viriam à noite para devorá-las; equivale ao nosso bicho-papão.

Características do Yeti

Os primeiros registros depoimentos sobre o monstro datam da década de 1830, mas registro mais famoso sobre o Yeti foi feito pelo explorador australiano Anthony Wooldridge, em 1986. Ele estaria acampado, percorrendo trilhas e realizando escaladas no norte da Índia e sul do Nepal (o pequeno país fica encravado entre as duas nações mais populosas do mundo).

Ele teria avistado o Yeti a poucos metros do local de acampamento da expedição. O ser misterioso, que permaneceu quase uma hora imóvel, examinando o acampamento, tem dois metros de altura pelos brancos distribuídos por todo o corpo e caminha ora sobre duas, ora sobre quatro patas.

Quem já se aproximou da criatura aterradora descreve que ele exala odo fétido: são características semelhantes ao do amazônico Mapinguari, do Pé Grande, que vive entre o Canadá e os EUA, e do Orang Pendek, da Indonésia.

Uma lenda recorrente também afirma que um descendente do Yeti, denominado skunk ape (significa macaco fedorento) se embrenhou nos pântanos e florestas da Flórida, EUA, uma grande península, cercada pelo oceano pelo sul, leste e oeste. Não é possível definir a origem do mito, nem de que forma ela pode ter se espalhado.

Anos mais tarde, o explorador admitiu que poderia ter-se enganado na sua observação em função do brilho do Sol na neve. O Iéti seria, na verdade, apenas um bloco de gelo, que talvez tenha se desprendido do alto de um rochedo com o avanço do Sol.

Mesmo assim, o governo nepalês, em 1961, publicou um decreto garantindo a existência real do abominável homem das neves. Esta legislação mantém até hoje a validade. Esta determinação, no entanto, é mais uma estratégia para atrair turistas. Apenas grupos isolados, que vivem em condições semelhantes às do século XIX, ainda mantêm a crença – e o medo.

O Yeti muitas vezes é descrito como um canibal, mas este termo não é aplicável. Tecnicamente, ele não é um ser humano e, desta forma, estaria apenas satisfazendo ao instinto animal de sobrevivência. Os mais crédulos, em muitos locais da Terra, asseguram que filhos e netos do “abominável” migraram para outros continentes, reproduzindo-se com o uso da nossa espécie.

Alguns moradores da região afirmam que o Yeti é doce, meigo e tímido e em nada lembra um assassino cruel e implacável. Os tibetanos (o Tibete é uma região autônoma ocupada pela China) o chamam de Chemo. Em outros pontos do Himalaia, é conhecido como Mirka, Sogpa e Migo.

Uma crendice sempre leva a outra. Vale lembrar que não existem reis macacos (apenas no desenho animado “Mogli”, de Walt Disney), nem ogros, que também estão limitados a viver e livros, no teatro e no cinema (como na série “Shrek”, animação computadorizada lançada a partir de 2001 pela Dreamworks Pictures).

Documentário do canal Discovery sobre o Yeti

Com a palavra, a ciência!

Em 2014, uma equipe de cientistas da Universidade de Orford (Inglaterra) analisou 57 amostras de cabelo oficialmente recolhidas como sendo do Yeti e da sua família. 36 delas foram submetidas a exames de DNA. Não houve grandes surpresas nas conclusões britânicas.

Tecnicamente, áreas glaciais ou muito elevadas não oferecem condição para a vida de seres tão descomunais. Caso um homem (ser humano) atingisse mais de dois metros, ele não teria condições de sobreviver à adolescência: falta trabalho, alimento e condições adequadas de moradia.

Em 2011, autoridades russas declaram haver obtido novas evidências sobre a presença do Yeti. A população de Kemerovo, na Sibéria, uma das regiões administrativas do país, formada por cerca de 20 pequenas cidades, garante que o homem das neves migrou para o norte da Rússia.

Não foi registrada nenhuma evidência sobre a existência do monstro no local, que é extremamente frio, fato que determina diversas mortes, que também advêm do ataque de animais. Kemerovo pode estar tentando rememorar os bons tempos da URSS, em que estas cidades eram ricas e prósperas por causa da extração mineral. Desta vez, podem estar querendo enriquecer com o turismo.

Uma curiosidade sobre a expressão “o abominável homens das neves”: trata-se de uma tradução não literal do termo Metohkhangmi, que em nepalês não inclui o “abominável” no título, apenas a “qualidade de ser sujo” – o gelo, não o homem.

As descrições assustadoras chegaram ao Ocidente apenas em 1921, quando uma equipe de jornalistas cobriu a primeira expedição britânica para explorar a região do monte Everest. Talvez por maldição do Yeti, os ingleses conseguiram atingir o Teto do Mundo apenas 28 anos mais tarde.