Vale a pena fazer faculdade?

Apesar de o número de brasileiros com nível superior completo ser baixo, apenas 7,9% da população, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o total de matrículas em instituições de nível superior aumenta ano a ano. Em 2011, houve um aumento de 70% entre graduados, licenciados e tecnólogos, em relação a 2000.

O aumento da oferta de vagas nas universidades federais e nas faculdades estaduais de tecnologia explica esta alteração, e isto tem reflexos imediatos no mercado de trabalho: há 35 anos, exigia-se o nível fundamental para candidatos a carreiras iniciais, como auxiliar de escritório e recepcionista; hoje, dificilmente sem o nível médio é possível conseguir um emprego e as promoções se restringem basicamente aos estudantes de uma faculdade. Se há uma vaga com melhor salário, entre dois empregados de condições semelhantes, um cursando nível superior e outro estagnado, é evidente que ela será preenchida pelo primeiro.

Vivência universitária

A formação acadêmica afeta não apenas a carreira profissional, mas também a vida pessoal do estudante. O dia a dia da faculdade, o contato com alunos de diferentes regiões, o diálogo mais horizontal com professores e mesmo as festas e almoços nos famosos bandejões modificam beneficamente a formação humana de cada um.

Ao cursar uma faculdade, dificilmente as atividades se resumem às aulas: pesquisas em bibliotecas e laboratórios, consultas a outros departamentos da universidade e atividades extracurriculares, como jogos, festivais e grupos de teatro, ampliam as possibilidades e fornecem instrumentos para lidar com situações inusitadas, além de garantirem um melhor inter-relacionamento.

Alguns especialistas em educação afirmam que a melhor faixa etária para iniciar uma faculdade é o fim da adolescência, justamente quando os alunos estão terminando o ensino médio: é a fase de conquistar autonomia, tornar-se independente, fazer as próprias escolhas. Por isto, estes especialistas entendem que a educação a distância, nesta faixa etária, não é a opção ideal, mas é uma decisão que depende de diversos fatores.

Aprimoramento constante

Com a popularização dos cursos universitários, é preciso mais para se destacar na carreira. Cursos de especialização e pós-graduação qualificam os estudantes, além de possibilitarem o desenvolvimento de uma carreira acadêmica.

Outro fato importante é o prazer de aprender cada vez mais, familiarizando-se com novas tecnologias e produzindo conhecimento científico, que é uma das funções primordiais das universidades. A carreira acadêmica pode ser seguida juntamente com a profissão escolhida e certamente “turbina” o curriculum vitae de qualquer pessoa. Para tanto, é preciso estar seguro no momento de escolher o curso superior.

Um benefício acessório de quem continua estudando depois da graduação é o exemplo que dá para a família, especialmente para os filhos, da importância da educação formal para a formação integral das pessoas.

A escolha da faculdade

Independente da vocação, é importante pensar que a boa formação e o destaque profissional só serão obtidos com a escolha de um centro de excelência: em geral, as universidades públicas e alguns poucos institutos particulares, especialmente nas grandes cidades do país.

O Ministério da Educação avalia anualmente quase todos os cursos de nível superior do país, mas, apesar de diversos obterem a nota máxima, os alunos que os cursam são preteridos no momento de obter um emprego, se estiverem disputando com candidatos da USP, de uma Fatec ou uma federal. Muitas são as famosas PPPs: “papai pagou, passou”.

Por isto, é fundamental preparar-se bem para o ENEM e os vestibulares; muitos cursos universitários só servem para que os alunos prestem concurso público e, mesmo assim, depois de gastarem horas estudando em apostilas ou institutos especializados. Haja vista a discrepância entre o número de bacharéis em direito que prestam anualmente o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e os que são autorizados a exercer a advocacia: na primeira fase do último exame, menos de 20% dos candidatos foram aprovados.

Antes de optar por um instituto de nível superior, vale a pena consultar a avaliação do MEC, conversar com alunos e recém-formados para obter informações, verificar no site da faculdade a qualificação do corpo docente (especialmente a proporção de mestres e doutores entre os professores) e as disciplinas oferecidas.

O Ministério da Educação exige um currículo mínimo para cada curso universitário, mas as faculdades podem oferecer disciplinas eletivas, que enriquecem a formação; em alguns casos, é possível personalizar o curso, especialmente nos últimos semestres.