Runas, o oráculo viking

Os vikings colonizaram diversas ilhas dos mares do Norte e Báltico, no norte da Europa, a partir do século VIII. Ficaram famosos pelas suas habilidades náuticas: construíram navios seguros que navegavam desde o rio Volga, na Rússia, até a Terra Nova, no Canadá. Até o século XI, divulgaram sua cultura a diversos povos nativos dessas regiões. Mas, bem antes disto, no século II, eles desenvolveram as runas, uma forma de escrita utilizada também como oráculo.

As inscrições rúnicas mais antigas datam do ano 150. Com a cristianização, que chegou à Escandinávia por volta do século VI, as runas foram gradualmente substituídas pelo alfabeto latino nos textos oficiais e religiosos, mas os símbolos se mantiveram nas práticas proféticas, sempre combatidas pelo clero católico.

Cara runa é uma letra do alfabeto e está relacionado a diversas representações: homens, animais, partes do corpo, armas, transportes e a natureza. Os conhecimentos desta religião eram transmitidos em círculos esotéricos. A palavra runa significa sussurro, que está relacionada ao caráter misterioso das práticas. Para os praticantes atuais desta mancia, os símbolos têm poder sobrenatural e cada um deles emana uma energia característica.

Os 24 símbolos das runas, agrupados de oito em oito pedras, só podem ser grafados em coisas naturais, não manufaturadas nem beneficiadas pela mão humana. Os adeptos as escrevem em madeira, pedras e cristais. Antes do uso do oráculo, os símbolos são consagrados com as forças da natureza, os conhecidos quatro elementos: fogo, terra, ar e água.

O primeiro grupo de runas (ou aett) é regido pela deusa das colheitas, Freyr. O segundo tem a regência de Heimdall, responsável pela proteção dos seres humanos. O terceiro tem a tutela de Tyr, deus da guerra que aumenta as defesas pessoais.

De acordo com a lenda, o alfabeto teria sido criado pelo deus Tor, cujo nome significa vento ou espírito. Ele teria ficado preso na árvore da vida, entre a Terra e o céu, durante nove dias, ferido por sua própria lança. Depois desta espécie de sacrifício, do qual foi ressuscitado por magia, ele teria recebido a inspiração para grafar as runas.
Numa consulta às runas, entra em jogo em jogo a análise das forças ocultas que estão atuando. A leitura é feita com base no valor individual de cada pedra e na combinação de vários símbolos, sempre retirados de cada um dos aetts. De acordo com os esotéricos que utilizam este alfabeto, as profecias não são inevitáveis: cabe ao consulente mudar seus pensamentos e sentimentos para acessar o potencial dos pontos positivos e neutralizar o maléfico.

As runas fornecem respostas a perguntas específicas, como “quero saber se meu casamento vai dar certo” ou “conseguirei o emprego”. A energia liberada pelos símbolos precisa encontrar receptividade. O leitor das pedras também se envolve no processo: ele precisa estar focado na atividade, caso contrário os fluidos não se harmonizarão, e consequentemente a consulta será inútil.

Os místicos modernos jogam as runas com um baralho em que as cartas trazem os símbolos. As cartas devem ser colocadas sobre um tecido natural, com a ilustração de uma mandala: quem faz a pergunta retira três runas. Finda a consulta, o baralho é embalado nesta toalha.

Alguns sites oferecem o jogo das runas gratuito, com o consulente inquirindo mentalmente antes de clicar para virar as cartas. Na maioria das páginas encontradas, algumas bastante simplificadas, só é possível fazer três perguntas.