Os piores genocídios da história

O termo genocídio significa matança de uma tribo ou raça e foi criada em 1944, quando Rafael Lemkin, um judeu da Polônia, denunciou a matança de judeus, ciganos e homossexuais pelo regime nazista da Alemanha. Sob o comando de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial, as forças policiais alemãs constituíram campos de concentração, como Treblinka e Auschwitz (na Polônia ocupada) e Buchenwald e Dachau (na Alemanha), em que foram mortas cerca de seis milhões de vítimas civis, num dos piores genocídios da história.

Na história moderna, um dos genocídios mais impressionantes é o massacre da noite de São Bartolomeu, matança ocorrida entre 23 e 24 de agosto de 1572. Muitos protestantes (chamados huguenotes) foram atraídos para o casamento de Henrique de Navarra (do partido protestante) com a princesa Marguerite de Guise. Calcula-se que os católicos mataram até 30 mil pessoas, por ordem de Carlos IX da França.

Os EUA nasceram da união de 13 colônias contra a metrópole, a Inglaterra, no século XVIII. O país comprou terras da Espanha (Flórida) e da França (Luisiana), mas a expansão do território se deu à custa da invasão de terras indígenas. Sioux, apaches e comanches, entre outras nações, foram destruídas no caminho dos ianques em direção ao “velho oeste”. Os poucos índios que restaram só conquistaram a cidadania em 1925.

A Guerra dos Bôeres ocorreu entre 1899 e 1902. Os bôeres ocupavam o sul da África, nas repúblicas do Transvaal e Orange, ricas em ouro, diamantes e minério de ferro, desde 1830, mas a Coroa britânica decidiu apossar da região(na época, o império inglês era a maior potência mundial). Em princípio, os bôeres levaram a melhor. Tomaram a Província do Cabo e diversas cidades importantes, mas a superioridade britânica – em homens e armas – finalmente obteve a vitória. Milhares de bôeres, inclusive mulheres e crianças, foram confinados em campos de concentração: 20 mil morreram.

Durante a Guerra Hispano-Americana, as Filipinas queriam que os EUA mantivessem a promessa de independência (o país havia sido uma colônia espanhola, tomada pelos americanos). Entre 1899 e 1913, dez por cento da população filipina morreram. O genocídio fica claro quando se comparam os números: enquanto 16 mil insurgentes que lutavam pela autonomia morreram, as baixas entre os civis ultrapassam um milhão. O motivo foi étnico: os WASP – white anglo saxon protestants, ou protestantes brancos anglo-saxões – consideravam-se superiores à maioria católica e à minoria sunita dos filipinos.

O Holocausto Armênio foi a matança ou deportação da população de origem armênia que vivia no Império Turco Otomano. Entre 1915 e 1917, durante o governo dos “Jovens Turcos”, foram comuns os massacres e marchas forçadas, que muitas vezes determinavam a morte das vítimas. O confronto teve início em 24 de abril de 1915, quando muitas lideranças armênias foram presas e mortas. Ainda hoje, o governo turco rejeita o termo “holocausto” como referência ao período, mas há evidências abundantes da morte de cerca de um milhão de armênios, além das mortes de gregos e assírios.

Entre 1640 e 1950, o Tibete viveu como região independente, governada pelos dalais lamas, um misto de liderança política e religiosa. Em 1913, os chineses foram expulsos e o Tibete declarou independência, nunca reconhecida pela China, nem pela Organização das Nações Unidas, estruturada em 1945. Em 1950, a China invadiu as primeiras províncias do Estado. Em 1959, o Dalai Lama fugiu para a Índia e instaurou o governo tibetano no exílio, situação que persiste até hoje. Apesar de gozar do status de “região autônoma”, os direitos humanos são constantemente violados no Tibete ocupado, o que é considerado pelos especialistas como um genocídio cultural.

Muitos outros conflitos contemporâneos geraram dizimação em massa: Camboja, Chechênia, Sudão, Ruanda. Para que a prática de homicídios é comum à espécie humana.

No Brasil

Os brasileiros também têm histórias de genocídios para contar. Durante a Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897, confronto entre o exército e um grupo religioso liderado por Antônio Conselheiro, no interior da Bahia, provocou a morte de 20 mil sertanejos. No confronto final, quando o Arraial de Canudos foi totalmente destruído, estima-se que cinco mil pessoas foram degoladas.

Em 1937, no Ceará, o sítio do Caldeirão, perto de Juazeiro, era um oásis em pleno semiárido. O sítio havia sido fundado alguns anos antes pelo beato José Lourenço, em terras doadas pelo Padre Cícero Romão Batista, considerado um santo pela população local. A comunidade agrícola despertou a cobiça dos latifundiários locais e a preocupação das autoridades políticas, que temiam uma repetição de Canudos.

Colonos de vários Estados no Nordeste foram atraídos para o Caldeirão, em função da alta produtividade, que tornava o sítio autossuficiente. Mais de três mil pessoas chegaram a morar na região. O lucro da produção era dividido entre todos os membros, num sistema que Lourenço considerava cristão, mas o governo (na época, flertando com o nazifascismo europeu) entendia como comunista.

Em 1936, a comunidade foi destruída por militares e o líder e seus seguidores se mudaram para Pau da Colher, em condições muito precárias. Num fato isolado, alguns membros mataram, numa emboscada, seis policiais cearenses. Em represália, Pau da Colher foi atacada por tropas militares e até aviões. 700 pessoas morreram e as plantações foram destruídas. O beato conseguiu escapar. Foi uma luta entre fuzis e metralhadoras e enxadas e cacetes.