Os bens da meditação

A meditação é praticada desde tempos remotos, por diversos grupos religiosos e étnicos. Associada ou não a uma confissão mística, os adeptos da prática garantem que ela traz muitos benefícios mentais e emocionais, como a redução do estresse, a maior facilidade de superar problemas, alcançar a paz interior ou iluminação, uma espécie de união com a divindade, com a superação da dor e do sofrimento, conforme acreditam, por exemplo, os budistas.

Agora, entre os bens da meditação, deve ser acrescentado o fortalecimento da imunidade do organismo. Um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia que, durante a prática, ocorre um aumento significativo da ação de enzima telomerase (relacionada ao sistema imune). Os cientistas afirmam, no entanto, que a prática isolada não intensifica a ação da enzima: ela precisa estar associada a outros hábitos, como sono saudável, alimentação balanceada e prática de exercícios físicos.

A ação da meditação

Diversos estudos já relataram as alterações fisiológicas pela meditação no organismo. No cérebro, ocorre melhor integração e efetividade do órgão e surgem acelerações das ondas cerebrais ligadas ao relaxamento. O menor consumo de oxigênio pelas células reduz a frequência cardiorrespiratória e condutância elétrica da pele. Em outras palavras, o ato de meditar reduz a atividade metabólica, com a consequente desaceleração do funcionamento do corpo.

O cérebro fica mais homogeneamente irrigado, aumentando a sincronia eletroencefalográfica. Em paralelo, ocorre maior liberação de norepinefrina, dopamina e serotonina, neurotransmissores associados ao bem-estar e prazer verificados após a meditação. Também é notada uma redução significativa dos hormônios do estresse.

Na prática, a meditação aumenta a sensação de satisfação, bem-estar e autoestima, melhorando todas as relações: pessoais, conjugais, profissionais, etc. A prática ainda é responsável pela redução da insônia, estimula a criatividade, a inteligência e a memória, fortalece os sistemas nervoso e imunológico, diminui a pressão arterial, auxilia na regeneração celular e ameniza dores de cabeça. Alguns estudos sugerem que a meditação reduz o consumo de tabaco, álcool e drogas ilícitas.

Meditação e religiosidade

Muitas correntes religiosas acreditam que, com a meditação, podemos nos aproximar de entidades benfazejas. Os nomes variam de grupo para grupo: anjos, santos, mestres, espíritos de luz, etc. Para estas pessoas, o contato próximo com estes seres é o responsável pela ampliação da consciência, pelo recebimento de graças, pela ampliação dos sentidos (inclusive os extrafísicos).

Para estes, a meditação age renovando as energias internas. Por ser uma técnica profundamente ligada à introspecção, ela também permitiria a ampliação da consciência cósmica e o conhecimento das origens, da natureza, do valor do pensamento. Em muitos casos, ao nos associarmos a pensamentos elevados (ou temporariamente desligarmo-nos dos problemas cotidianos e esvaziarmos a mente), podemos entrar em contato com protetores; aqui, as crenças se individualizam: podemos nos aproximar do pensamento de anjos, santos, espíritos, alienígenas, etc.

A meditação, porém, não pode significar um afastamento da vida de relação e dos nossos compromissos do dia a dia. Para muitos, os que se afastam voluntariamente do convívio do dia a dia para manter-se em contato apenas com desencarnados, ascendidos ou santificados estão também voluntariamente renunciando às suas missões e tarefas na Terra.

Como meditar

São várias as técnicas para meditação. Em comum, todas elas têm a quietude e o “olhar para dentro de si mesmo”. Portanto, a primeira providência para se dedicar à prática é encontrar um lugar tranquilo e sereno, sem interferências externas. Pode ser um templo, uma praça com pouco movimento ou aquele cantinho aconchegante que todos nós temos em casa. Como é evidente, os olhos devem permanecer fechados durante todo o exercício, para evitar distrações.

Eventualmente, alguns ruídos podem interferir na meditação – e nos seus benefícios. Isto não deve desanimar o praticante. Com o tempo, buzinas, latidos de cachorros, cantadas de pneus e outros sons do cotidiano vão deixar de ser percebidos.

É difícil esvaziar a mente, especialmente quando somos surpreendidos por influências do exterior. A dica para isto é focar o pensamento na respiração, que deve ser pausada, regular, sentindo os pulmões se encherem completamente na inspiração (um sinal de que tudo está dando certo é a pressão do ar sobre o diafragma, músculo abaixo dos pulmões). Prende-se o ar por alguns instantes e expira-se lentamente. O movimento rítmico ajuda a esquecer problemas, a reduzir o metabolismo e a garantir os benefícios da meditação. Na verdade, este é um truque para iniciantes. Concentrando o pensamento na respiração – e mesmo explorando os mecanismos do corpo para captar oxigênio e expulsar gás carbônico, estamos efetivamente “pensando”, mas não nos afazeres e compromissos.

Não é preciso se sentir fracassado com os muitos pensamentos que acabam flutuando pela nossa mente. Basta não se fixar neles, voltar a controlar a respiração. Outras imagens virão e igualmente devem ser afastadas: o ser humano é um ser naturalmente pensante.
Os mantras são sílabas ou cânticos religiosos criados pelos hinduístas para a prática da meditação, mas também adotados pelos budistas e xintoístas. Não é preciso adotar um “ohm”, nem se aprofundar nos conhecimentos das tradições orientais.

A lembrança do barulho da chuva, o ronronado de um gato ou mesmo uma sílaba inventada pelo praticante ajuda bastante na meditação; o objetivo, como sempre, é esvaziar a mente. Em grupos religiosos, quase sempre a escolha do mantra é feita pelo instrutor ou mestre.

O relaxamento será impossível em uma posição desconfortável. Ajeite o corpo, escolha roupas e calçados mais folgados para praticar. É importante evitar uma posição que provoque dor ou desconforto. Muitos adeptos adotam a “flor de lótus”, tipicamente hindu, com os pés flexionados sobre as coxas e os polegares e indicadores se tocando, repousados sobre os joelhos, mas isto pode ser bem desagradável, especialmente para os iniciantes. Sentado ou deitado, recostado em uma almofado, o que importa é o conforto e a serenidade.

Nas primeiras atividades, o iniciante deve tentar ficar na posição por cinco ou dez minutos: pressões nos músculos, ossos, tendões e articulações podem neutralizar os bens da meditação. Nos dias seguintes, o tempo deve se prolongar gradualmente, até atingir 30 minutos diários.