Cesariana ou parto normal? Conheça as diferenças

Mulheres grávidas, especialmente na primeira gestação, vivem mergulhadas em um mar de dúvidas: qual é o sexo do bebê? Ele vai se parecer comigo ou com o pai? Será risonho ou choramingas? Mas o grande “ser ou não ser” das gestantes é escolher entre cesariana ou parto normal.

A escolha deve ser feita de acordo com a vontade da mulher e as condições de desenvolvimento da gestação. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão da ONU, é encorajar a opção pelo parto normal, pelo bem-estar dos principais envolvidos no nascimento e para reduzir complicações cirúrgicas: a mulher e o bebê.

Especialmente em hospitais particulares e em planos de saúde, a tendência é optar pela cesariana. As crianças nascem mais rapidamente, com data marcada. Enquanto um trabalho de parto normal pode tomar até 20 horas (geralmente, é bem menos do que isto), a cirurgia de cesárea toma menos de duas horas da equipe médica.

Cesariana?

A cesariana é encorajada por muitos fatores. Entre eles, o pagamento por produtividade aos médicos e a falta de anestesistas ou obstetras (em cidades sem estes especialistas, agendam-se todos os partos para o mesmo dia da semana, na “visita dos doutores”).

Existem também algumas denúncias. Médicos com pouca experiência preferem o procedimento cirúrgico. Eles seguem protocolos específicos e, com isto, têm reduzidas as probabilidades de serem processados por imperícia ou negligência.

Sindicatos de médicos, enfermeiros e obstetras denunciam outros fatores: o “vale-SUS” é um deles. A remuneração paga pelo SUS (Sistema Único de Saúde) é maior para os partos cesáreos realizados em hospitais públicos e beneficentes.

A falta de analgesia é um direito garantido a todas as mulheres, mas muitos hospitais simplesmente ignoram a lei. Trata-se de outro fator que amedronta as grávidas: entre a perspectiva de sofrer um parto torturante. Por lei, durante o trabalho de parto, a futura mãe deve receber recursos para amenizar o sofrimento. Além dos anestésicos, fazem parte do procedimento as massagens nas costas em movimentos circulares e exercícios respiratórios.

Cesarianas são consideradas cirurgias de médio porte, com risco de infecções e perda de sangue. São feitas incisões de 12 centímetros, um pouco acima do púbis. Ao todo, sete camadas de tecido são cortadas, entre pele, tecido muscular e peritônio, até que o médico possa atingir o útero e retirar o bebê.

Em algumas situações, no entanto, a cesariana é o procedimento indicado. Muitas mulheres desenvolvem hipertensão arterial durante a gravidez, fator que pode determinar complicações. Em geral, a partir do início do terceiro trimestre, surge a pré-eclâmpsia, que pode evoluir para a forma mais grave da doença, a eclâmpsia.

Este fato é muito comum entre as diabéticas e as que estavam acima do peso ideal quando engravidaram. Nestes casos, é preciso recorrer à cirurgia, às vezes antes de a gravidez chegar a termo, para reduzir os riscos para a mãe e o bebê. Algumas mulheres simplesmente não apresentam dilatação, determinando a realização de uma cesariana.

Mulheres grávidas portadoras do HIV, com alta carga viral e baixa imunidade também devem recorrer à cesariana. Nos casos de herpes genital ativo no final da gestação, a cirurgia impede o contágio do bebê e reduz os riscos de sangramento excessivo, causado pelo descolamento prematura da placenta.

O parto normal

Também chamado parto vaginal, o parto normal é o indicado para todas as mulheres em boas condições de saúde, fato que pode ser avaliado durante os exames pré-natais. De acordo com a oferta em cada município, a mãe pode escolher dar seu filho à luz na posição ginecológica (com as costas recostadas e as pernas elevadas) ou de cócoras, que facilita a chegada do bebê. Na primeira posição, o médico tem uma visão melhor da vagina e, com isto, mais segurança para conduzir o trabalho; na segunda, o parto é mais rápido e menos doloroso.

Muitas maternidades permitem o parto em banheiras (inclusive com a presença do companheiro). Também é menos traumático para a mulher quando ela pode mudar a posição e encontrar formas mais confortáveis para desenvolver o trabalho de parto. A mãe pode ser acompanhada por uma doula durante a gestação e, se estiver tudo certo até o final, o parto pode ser feito em casa. Estas são modalidades de parto humanizado.

Há riscos: uma criança de 40 a 50 centímetros está chegando ao mundo por uma porta muito estreita. Em boas condições, uma mulher obtém uma dilatação de 10 a 12 centímetros. Podem correr lesões na musculatura e a mulher pode ficar com a bexiga caída. Para esta condição, o tratamento é sempre cirúrgico.

A justificativa de que, antigamente, todos nasciam de parto normal, porém, não procede. Realmente, desde os anos 1970, o número de cirurgias vem crescendo sem parar. Atualmente, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as cesarianas não ultrapassem 15% do total de partos, o Brasil é campeão mundial, com mais da metade das crianças vindo ao mundo com este procedimento (em hospitais particulares, o número ultrapassa 80%).

Realmente, antigamente, quase todo mundo nascia de parto normal. Consta que o general romano Júlio César, foi o primeiro a nascer por este método, quando a mãe morreu pouco antes do final da gravidez. Por outro lado, o número de mortes de mães e bebês durante os partos, especialmente antes da popularização do pré-natal, era muito maior.

Portanto, a melhor postura a ser tomada deve ser discutida entre o médico e a paciente. Com a evolução da gravidez, podem surgir fatos que indiquem a necessidade do procedimento cirúrgico. A função da equipe de saúde é garantir um parto seguro, em qualquer condição.