As baratas passam toda a sua vida no bairro em que nascem

Dizem que todo mundo é corajoso até descobrir que a barata é voadora – isso porque a barata tem o poder de causar asco e medo no mais corajoso dos seres humanos. Mas se engana quem pensa que esse inseto horripilante é apenas um erro da mãe terra, uma aberração sem qualquer propósito ou mérito. A barata é um ser bastante complexo, e, pasme, tem muito mais em comum com os seres humanos do que a gente imagina!

Nos Estados Unidos existe um projeto de âmbito nacional que se destina exclusivamente ao estudo do DNA das baratas estadunidenses. É o National Cockroach Project (NCP), que analisa e mapeia o DNA das baratas do país. E um dos estudos mais recentes ligados ao projeto mostra que as baratas nova yorkinas permanecem toda sua vida no bairro em que nascem. E mais do que isso: o bairro determinaria as características genéticas das baratas. Isso quer dizer que as baratas do Upper East Side, famoso bairro da cidade, são diferentes das do Upper West Side, por exemplo.

Além do DNA dos insetos, o projeto analisa também seu comportamento, evolução e seus padrões de migração. Um dos pesquisadores que trabalham no estudo, Mark Stoeckle, passou o último a no recebendo e estudando cadáveres de baratas que foram enviados por pessoas de todo o país (gente que se esforçou para matar a barata sem apelar para a chinelada) – principalmente de Nova York. A intenção era conseguir elaborar a sequência de DNA das baratas estadunidenses (série de letras que representa a estrutura primária de uma cadeia de DNA com capacidade de carregar informação genética).

Mais do que fazer isso, Stoeckle conseguiu chegar a conclusões fascinantes sobre o inseto: as baratas que vivem em centros urbanos possuem um comportamento muito parecido com o dos seres humanos que também moram ali (incluindo hábitos alimentares, claro). Elas também vivem numa espécie de “vizinhança” de baratas, e, a menos que sejam exterminadas (o que não é nem um pouco fácil), viverão por toda sua vida no mesmo bairro em que nasceram!

Ok, você deve estar pensando. Isso tudo é muito curioso, mas esse estudo só mostra que as baratas estadunidenses agem assim! Sim, mas esse estudo se aplica muito à realidade brasileira, uma vez que a espécie Periplaneta americana (a mais comum nos EUA) é uma das mais encontradas também nas nossas cidades! Também não podemos esquecer que o modo de viver dos seres humanos atualmente é muito parecido.

Mas pode respirar aliviado – ou não. Essa espécie, apesar de ter as asas bem desenvolvidas, quase nunca voa (ufa!). Esse tipo de barata normalmente anda bem rápido ou corre. A única delas que voa mesmo é a fêmea da espécie asiática (nada incomum por aqui, diga-se de passagem). Mas se você, assim como a gente, não for um especialista, é bom não arriscar. Se ela abrir as asas, corre!