A invenção do motor a explosão

No início do século XIX, o francês Phillipe Lebon solicitou a patente de um motor baseado na expansão de uma mistura de ar e gás inflamado. Infelizmente, o criador foi assassinado pouco depois e seus escritos nunca foram encontrados. A história da invenção do motor a explosão, ou motor de combustão interna, só foi retomada 50 anos depois. O belga Jean Étienne Lenoir passou toda a década de 1850 desenvolvendo seus projetos. Em 1860, patenteou um motor fixo a gás.

Três anos depois, o inventor conseguiu adaptar o motor, que tinha funcionamento de uma máquina a vapor, a um triciclo, usando gás de hulha ou óleo de alcatrão como combustível. A potência, no entanto, era muito baixa: apenas 1,5hp. Lenoir não havia compreendido a importância da compressão do combustível antes da ignição.

Comercialmente, a invenção foi um fracasso. Mesmo assim, seu criador ganhou o Prêmio Argenteuil, uma corrida entre Paris a Joinville-le-Pont. Seu trabalho rendeu outras descobertas. Em 1862, o alemão Nikolaus August Otto, que trabalhava como caixeiro-viajante, foi a Paris e conheceu a nova invenção.

O motor a explosão estava inventado, mas era preciso aperfeiçoá-lo. Numa de suas tentativas, decidiu empurrar um pistão no cilindro de sua máquina e, em seguida, ligou a ignição. A peça funcionou como compressor do combustível, o que resultou numa explosão, seguida por rápidas rotações do volante da máquina.

Otto concluiu que a compressão da mistura de ar e combustível no cilindro era a solução. Ele mesmo resumiu a operação: num primeiro movimento (o recuo do pistão), admite-se a entrada do combustível no cilindro; no segundo, acontece a compressão; no terceiro, a explosão cria força; finalmente, no quarto (a volta do pistão), ocorre a expulsão do produto da combustão.

Otto trabalhou na sua invenção por dez anos, para aperfeiçoá-la e equilibrar as explosões. Além disto, criou um sistema novo para incendiar a mistura, hoje chamado de ignição. Em 1864, associou-se a Eugen Langen e fundou a N. A., Otto & Cia., a primeira fábrica de motores do mundo.

Na segunda exposição mundial de Paris, Otto e seu sócio apresentaram a invenção aperfeiçoada, que, além da regularidade do funcionamento, também poupava combustível. Discípulos de Lenoir, não acreditando na façanha, procuram canos escondidos por todas as partes, para ver se não havia outra fonte de alimentação. O motor de quatro tempos é chamado até hoje de “ciclo Otto”.

O motor em escala comercial

Em 1882, Gottlieb Daimler começou a construir os primeiros motores práticos e viáveis economicamente. Três anos depois, conseguiu adaptar o motor a uma bicicleta, criando a primeira motocicleta. No ano seguinte, equipou uma carruagem de quatro rodas, o primeiro automóvel que conseguiu realizar viagens completas.

Em 1890, Karl Benz e Daimler, na Alemanha, e Albert Dion e Armand Peugeot, na França, começaram a vender os primeiros carros equipados com motor a explosão. Ainda não havia sido criada a linha de montagem. Os próprios sócios, auxiliados por alguns empregados, montavam o veículo inteiro, a partir de encomendas de clientes.

Na época, os carros eram apedrejados nas ruas e estradas, por serem considerados sujos, fedorentos e barulhentos. Além disso, a velocidade que atingiam – incríveis 18km/h – era mais que suficiente para causar acidentes. Alguns governos decretaram leis obrigando os motoristas a serem antecedidos por guardas com lanternas coloridas.

Henry Ford

No início do século XX, Henry Ford começou a montar veículos nos EUA e, em 1913, revolucionou a indústria com uma nova invenção: a linha de produção dinâmica. Com ela, vários operários ficam parados em frente a uma esteira rolante, cada um deles com uma função específica: instalar peças automotivas, parafusar, soldar, etc.

Além de ampliar o mercado de trabalho, abrindo em pouco tempo milhares de vagas em sua montadora, Ford também conseguiu baratear o custo dos automóveis, que eram montados em menos tempo; o volume maior de compras de peças e equipamentos também se popularizou.

Hoje, diversas empresas funcionam exclusivamente para grandes montadoras, como Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford em todo o mundo, algumas delas sediadas nas próprias fábricas. São indústrias especializadas na produção de peças específicas.

A preocupação atual de governos e indústrias hoje é criar modos de produção sustentáveis, reduzir o consumo de petróleo e pesquisar fontes de energia renovável e menos poluentes.