A etiqueta em outras culturas

Regras de etiqueta variam de cultura para cultura. O que é socialmente aceito no Ocidente pode ser desagradável no Mundo Árabe, ou mesmo embaraçoso no Oriente. Por exemplo, casais brasileiros andam abraçados e não se cansam de fazer declarações de amor. No Japão, no entanto, casais dificilmente trocam carícias em público e quase nunca dizem “eu te amo” para seus parceiros e parceiras, mesmo entre quatro paredes. Entre os idosos, presenciar um beijo na rua é considerado um escândalo.

Ainda sobre o Japão: mulheres devem deixar as roupas amarelas no armário. A cor é reservada apenas para os membros femininos da família imperial. No país do sol nascente, não se deve entrar em nenhuma residência (e alguns estabelecimentos comerciais, como restaurantes) sem antes tirar os sapatos. Quem é convidado para visitar uma família japonesa não pode aparecer de mãos abanando: é preciso levar um agrado. Na porta, é preciso dizer: “ojama shimasu” (com licença, desculpe-me por incomodar).

Para assoar o nariz, evite os lenços de tecido e somente faça isto num local fechado, como o banheiro. Não aponte dedos, pés ou hashis para seu interlocutor e, ao comer, não o faça em pé ou andando pelas ruas. Ainda sobre os hashis, não os enfie numa tigela de arroz: isto é uma cerimônia budista fúnebre.

Em reuniões de negócios no Japão, não se espante se os presentes fecharem os olhos por alguns minutos, nem comente sobre o assunto posteriormente. Eles estão apenas dando um “cochilo de força”, para retomar a concentração e a atenção sobre o tema em discussão.

Na China e em alguns países árabes, arrotar sonoramente à mesa, ao final de uma refeição, é sinal de que o hóspede apreciou os alimentos servidos. No Brasil, seria uma descortesia ou, ao menos, uma grande gafe (que os manuais de etiqueta exigem que sejam ignoradas; fazer um comentário qualquer é extremamente deselegante). Já na Europa oriental, um arroto equivale a um pedido de expulsão imediata.

Na maioria dos países muçulmanos, mulheres desacompanhadas não são bem vistas. É preciso estar ao lado do companheiro, com a cabeça coberta (em alguns locais mais tradicionais, é preciso o uso do véu; países mais próximos ao Ocidente, como a Turquia e o Líbano, permitem que mulheres usem chapéus e lenços).

Enquanto as barganhas e pedidos de descontos são bem vistos e até previstos nos bazares árabes e persas, são totalmente reprovados na Inglaterra, especialmente num primeiro contato. Quem quiser comprar qualquer produto deve pagar o preço indicado.

Os ingleses são circunspectos e frios, mas, quando veem uma mulher bonita, literalmente arregalam os olhos. Alguns deles fazem comentários chulos. O fato foi retratado em charges do início do século XIX, como a publicada neste texto.

Brasileiros pelo mundo

As principais gafes cometidas pelos brasileiros no exterior – e um número cada vez maior viaja para fora, a negócios ou para turismo – estão relacionadas aos atrasos. Em alguns locais, como a Inglaterra, um atraso de cinco minutinhos é uma ofensa grave. Respeitar horários é importante também nos deslocamentos: trens e ônibus partem exatamente no minuto indicado nos bilhetes. Em casos de negócios, um atraso pode significar a perda de acordos e contratos.

Brasileiros são carinhosos, fazem amizade com facilidade e costumam-se cumprimentar-se com beijos e abraços. No entanto, em muitas culturas, todo este calor humano não é bem visto. Os cumprimentos são formais (na Suíça, até as crianças devem ser saudadas com um aperto de mãos) e o tratamento, em quase todo o mundo, é “Sr. Fulano de Tal”. Cabe ao interlocutor permitir que seja chamado apenas pelo primeiro nome.