A caveira maia de cristal

Para os maias, a caveira estava intimamente relacionada à mente, pensamento e sabedoria. O centro vital, para eles, não era o coração, mas o cérebro. Por isto, a caveira é um motivo recorrente na arte desse povo que viveu na região do atual México. Em 1927, o explorador e arqueólogo inglês Frederick Albert Mitchell Hedges teria descoberto uma peça intrigante: uma caveira talhada num único bloco de cristal de quartzo. Não foi a primeira a ser encontrada, mas certamente é a mais perfeita.

O maxilar da caveira de cristal funciona como um prisma. Iluminado por baixo, ele projeta luz pelas fossas oculares, conferindo um aspecto fascinante para uns, tétrico para outros. A escultura foi feita em escala e os detalhes são perfeitos. Estudiosos chegaram a afirmar que ela foi feita sem o uso de instrumentos de metal.

A caveira é um interessante artefato, mas muitos outros aventureiros encontraram caveiras semelhantes. Existem crânios em exibição do Museu Britânico, de Londres, no Museu de Quai Branly, em Paris, e no Instituto Smithsonian, em Washington, todos supostamente usados em rituais religiosos de civilizações pré-colombianas da América Central. Mas a datação da caveira de Paris indica que o objeto foi entalhado entre os séculos XVIII e XIX, bem depois que os europeus fizeram um tremendo estrago nas civilizações mesoamericanas.

Na verdade, Mitchell Hedges cita sua descoberta numa breve passagem da primeira edição de seu livro “Perigo, Meu Aliado”, que foi retirada das edições posteriores.

Os crânios de Paris e Londres foram vendidos aos museus pelo mesmo antiquário, Eugène Boban; o de Washington foi enviado por um anônimo. A filha de Hedges, Anna, expôs a caveira de cristal encontrada pelo pai diversas vezes, em troca de dinheiro.

Aparentemente, as caveiras de cristal são uma farsa. Nenhuma delas foi encontrada numa escavação documentada. Mas isto não impediu que muita gente visse propriedades sobrenaturais nelas.

Supostamente, elas podem curar o câncer, produzir visões e premonições. Anna Hedges afirmava que ele tinha previsto a morte de John Kennedy, presidente americano, em 1963.

Outros atribuem a origem das caveiras – e dos maias – ao planeta Marte. Sim, os maias seriam extraterrestres. Também há quem diga que as caveiras foram esculpidas na Atlântida – continente lendário que teria submergido. Seriam 13 as caveiras de cristal da Atlântida. Uma vez reunidas, teriam o poder de evitar a catástrofe prevista para o fim de 2012; assim, o mundo não acabaria.

Fraude ou não, as caveiras de cristal têm um poder real: o de produzir dinheiro. Além de sustentar Anna Hedges por toda a sua vida (e há dez sobrinhos disputando a herança), ela já rendeu livros, documentários e filmes. Até Indiana Jones já foi atrás delas.