Tratamentos contra a infertilidade

Os médicos definem um casal infértil como aquele que não consegue engravidar após um ano de relações sexuais regulares. A cada mês, um casal tem 20% de chances de gerar um bebê.

Isto ocorre porque o par pode não ter transado no período fértil (entre o 11º e o 17º dias, a contar do início da menstruação, para mulheres com ciclo menstrual regular), um óvulo pode ter sido fecundado, mas não houve implantação do zigoto no útero e outros motivos. Após 12 meses de tentativas, sem o uso de nenhum método contraceptivo, há suspeita de infertilidade e é necessário procurar o médico, para verificar as opções de tratamentos disponíveis.

Existem casos em que o prazo é menor, como, por exemplo, mulheres acima de 35 anos (que inclusive precisa de doses de ácido láctico antes da gravidez, para prevenir doenças congênitas) e as que têm problemas como ovário policístico, endometriose, infecção pélvica, etc.

Os homens são mais resistentes a procurar o médico. Ainda existe certa confusão entre esterilidade e impotência. Mas é importante saber que, independente de o problema estar no homem ou na mulher, nos tratamentos contra infertilidade, o casal é tratado como uma unidade: no início da investigação clínica, ambos estão com dificuldades de gestar e os profissionais do setor têm sensibilidade para abordar o assunto e encaminhar os procedimentos necessários.

Entre os casais inférteis, um em cada 20 não conseguirá gestar com nenhum tratamento. Isto significa que 95% dos que procuram as clínicas de fertilidade.

As causas da infertilidade

Todas as etapas da fecundação precisam estar funcionando adequadamente – ovulação, captação do óvulo pela tuba, fecundação pelo espermatozoide e nidação do blastocisto (o embrião depois das primeiras divisões celulares) no útero. Um problema em qualquer fase do processo impede a gravidez.

As mulheres podem ter dificuldades na ovulação e alterações tubárias ou uterinas. Também pode haver problemas na concepção após uma gravidez ectópica (em que o feto é gerado fora do útero). Os homens podem ter problemas na formação, condução ou ejaculação dos espermatozoides. A qualidade do sêmen, produzido pela próstata e pelas células sexuais, pode prejudicar a motilidade das células sexuais. Varicocele, processos infecciosos, exposição a toxinas (inclusive a poluição atmosférica e o cigarro), obstrução dos dutos de transporte e alterações hormonais são os principais problemas masculinos.

Fumo, exposição a doenças sexualmente transmissíveis, tratamentos radioterápicos e quimioterápicos são causas de infertilidade de homens e mulheres.

Há casos de casais que não apresentam uma causa clara para a infertilidade (cerca de 10% dos que procuram ajuda médica), mesmo depois da investigação. Por outro lado, em 20% das avaliações, tanto o homem como a mulher têm alguma anomalia, o que ressalta a importância de os parceiros procurarem juntos o aconselhamento médico.

Mulheres que ovulam normalmente apresentam menstruações regulares. Já as que têm ciclos irregulares podem sofrer de ovário policístico, hipotireoidismo, tumores uterinos relacionados ao aumento da produção da prolactina (hormônio responsável pela produção do leite materno, que, em excesso, bloqueia a menstruação), além de pólipos, miomas e aderências no útero.

A idade é outro fator importante, especialmente hoje, quando a primeira gravidez é adiada em função de compromissos profissionais e escolares. Ao contrário dos espermatozoides, que são produzidos pelos testículos durante toda a vida, as mulheres nascem com um número limitado de óvulos, que se desprendem dos ovários mensalmente, entre os 12 e 50 anos, em média. A qualidade dos óvulos também pode ser prejudicada com o avanço dos anos, o que reduz as chances de gravidez ou provoca abortos.

Os tratamentos contra a infertilidade

Uma vez identificada o fator (ou fatores) da infertilidade, vários métodos de tratamento podem ser adotados. Existem tratamentos cirúrgicos, para corrigir eventuais malformações pélvicas, extirpar tumores e retirar as veias atingidas pela varicocele. Há métodos minimamente invasivos para estes procedimentos.

Mulheres com ovário policístico, que provoca disfunção no funcionamento do órgão, podem ser beneficiadas com indutores de ovulação, que estimulam a abertura dos folículos, para recuperar a regularidade do ciclo. A medicação é oral ou injetável e de baixo custo.

As técnicas de reprodução humana incluem: a relação sexual programada, com medicamentos para estimular a ovulação, ministrados no início da menstruação. O crescimento dos folículos é acompanhado através de ultrassonografias, identificando-se assim o momento em que o óvulo está pronto para ser fecundado. O tratamento, que dura 15 dias, pode ser repetido no ciclo seguinte, caso não ocorra a gravidez.

A inseminação intrauterina é um método para depositar os espermatozoides diretamente no útero, próximo às trompas. Em alguns casos, o número de células sexuais masculinas é insuficiente para a fecundação (são necessários 100 mil espermatozoides no ambiente do óvulo para a concepção) ou sua qualidade é inadequada. Neste caso, eles são analisados em laboratório e apenas as células saudáveis são transferidas para o organismo feminino.

O mesmo método é utilizado quando acontece o chamado “fator cervical”. Algumas mulheres produzem um muco hostil à presença dos espermatozoides, e mesmo anticorpos que os destroem: é necessário ultrapassar esta barreira, para que eles nadem livremente.

A endometriose é uma doença comum a 35% das mulheres em idade fértil. O tecido que reveste o útero internamente se espalha pela região pélvica, provocando inflamações. Nos casos leves e moderados, a inseminação intrauterina facilita o encontro das células sexuais.

A técnica é adotada também nos casos de doador de sêmen, quando o parceiro não produz espermatozoides, quando mulheres solteiras pretendem uma “produção independente”, quando ocorrem vários abortos causados por fatores genéticos masculinos e também para casais portadores de HIV.

A fertilização in vitro é praticada desde 1978. Consiste em recolher as células sexuais masculinas e femininas. São necessários no mínimo 50 mil espermatozoides para cada ovócito (o óvulo ainda imaturo). A fecundação ocorre no laboratório e os embriões viáveis são transferidos para a cavidade uterina.

Os riscos no tratamento contra a infertilidade

O principal risco no tratamento contra a infertilidade é a gravidez múltipla. As técnicas de reprodução assistida induzem a ovulação e é possível que mais de um óvulo se desprenda dos ovários, provocando gestação de gêmeos. Já na fertilização in vitro, são implantados dois ou três embriões, para aumentar as chances, já que a probabilidade de sucesso, com apenas um embrião, é de 40%.

Outro problema é a síndrome da hiperestimulação do ovário, provocada pela ministração de hormônios exógenos, que causa inchaço, náuseas, diarreia e aumento de peso. Nas síndromes severas, instalam-se dores no peito e nas panturrilhas, falta de ar, urina muito concentrada e derrame pleural. Quando ela ocorre sem a presença da gravidez, os sintomas duram entre dez e 15 dias, mas a gestante terá de conviver com eles pelos nove meses.