Lesões na prática de esportes

Grande parte das lesões na prática de esportes acontece com os chamados atletas de fim de semana, que mantêm uma rotina sedentária no dia a dia e ultrapassam os limites quando surge uma oportunidade de sair da rotina. Praticar esportes é saudável em todos os sentidos, mas é preciso tomar alguns cuidados, para não aumentar as estatísticas de ocupação de leitos nos hospitais aos sábados e domingos.

Qualquer atividade esportiva requer algum tipo de condicionamento. Mesmo uma simples caminhada exige um aquecimento, uso de roupas confortáveis e de tênis especiais para a prática e aumento progressivo do esforço.

Também é importante – continuamos falando de uma caminhada – a inclusão de alguns exercícios de propriocepção (conhecimento do próprio corpo) nos treinos, para evitar torções, quedas, etc. No final, é preciso relaxar todo o corpo, para retomar as tarefas do dia sem dores nas articulações, nem desconforto na musculatura.

Para quem passa a semana toda em um escritório, um banco de escola ou em frente à TV deve evitar a ansiedade na hora de iniciar os treinos. Exercícios físicos leves, em dias alternados, durante 30 minutos, são suficientes. O próprio corpo vai ajudar a identificar o momento de intensificar os treinos.

Lesões musculares

De acordo com alguns estudos, do total de lesões na prática de esportes, 35% são musculares, a maioria provocada em partidas de futebol.

Os músculos podem ser agredidos tanto por traumas diretos (como quedas, encontrões ou empurrões), quanto indiretos (sobrecarga, especialmente sobre pernas, braços e pescoço).

Quase sempre, estas lesões são curadas sem sequelas. Em muitos casos, não é preciso nem o socorro médico. No entanto, elas provocam dores e desconfortos por vários dias, prejudicando as demais atividades.

Além disto, atletas amadores lesionados dificilmente se submetem a uma reabilitação adequada. É comum ver jovens jogando bola no sábado de manhã e, mesmo machucados, seguindo para baladas à noite. Isto pode gerar traumas por repetição, cujo tratamento é bem mais difícil.

Todos os que gostam de bater uma bolinha nos fins de semana – vale para futebol, vôlei, basquete, tênis etc. – ou praticar outros esportes, como natação e hipismo, precisam se preparar nos chamados dias úteis. As atividades mais adequadas são as aeróbicas: andar, correr, pedalar, nadar.

Os que se queixam de falta de tempo podem ir a pé para o trabalho ou a escola, esquecer o elevador e subir e descer pelas escadas, brincar com os filhos ou irmãos mais novos meia hora por dia, deixar o aspirador de pó no armário e limpar tapetes com uma vassoura, tirar a(o) parceira(o) para uma série de danças, e por aí vai.

Nosso dia a dia oferece dezenas de possibilidades de treinamento. Com eles, músculos, ossos e tendões de acostumam gradualmente a lidar com cargas mais pesadas e movimentos que exigem mais agilidade. Além de prevenir lesões, isto também pode melhorar o desempenho esportivo.

A recuperação

Quando sofremos uma fratura ou luxação, sempre seguimos as orientações médicas. Cumprimos o repouso determinado, tomamos os medicamentos prescritos e, depois de alguns dias de molho, vamos para a fisioterapia. Eventuais negligências, apesar de desaconselhadas, ficam para o final do tratamento, quando já nos sentimos recuperados.

A “alta hospitalar”, no entanto, é muito mais rápida no caso de distensões, contusões e entorses: o apoio médico nem sequer é considerado, a automedicação rola solta e, apesar das dores, não nos permitimos muito tempo para a recuperação. Os mais prejudicados – tendões e músculos – se ressentem disto e demoram mais para cumprir suas funções de forma plena.

É preciso ser um pouco mais consciente: ao sentir dores e incômodos, é necessário interromper imediatamente a prática esportiva: não importa o quanto o atleta é necessário para a equipe: machucado, ele não vai render. Portanto, pode ser substituído.

A aplicação de bolsas de gelo sobre o local dolorido é bastante útil para reduzir o desconforto e, no caso de distensões (rupturas de fibras musculares), para acelerar o processo interno de cicatrização. Durante alguns dias, é preciso evitar esforços físicos de qualquer natureza.

Ao retornar para a prática de esportes, caso voltem as dores ou limitações, o médico precisa ser consultado. Os traumas por repetição não tratados de forma correta têm implicações diretas sobre a qualidade de vida, especialmente depois dos 35 anos. Quem quer envelhecer com saúde tem de se tratar bem enquanto ainda é jovem.

Mesmo atletas profissionais torcem o nariz para os exercícios sem bola, mas eles são absolutamente para o condicionamento físico, prevenção de lesões e melhora do desempenho esportivo. Além disto, depois de um período, também são fonte de prazer, porque ajudam a liberar hormônios relacionados ao bem-estar.

O condicionamento físico é inversamente proporcional ao número de lesões na prática de esportes. Experimente treinar com amigos, para que um incentive o outro nos momentos de desânimo e também nos dias de frio e chuva. É bastante provável que ninguém da turma se transforme em um Neymar, Messi ou Cristiano Ronaldo, mas a saúde melhor e a qualidade de vida obtidas valem o esforço.