Histórias de fantasmas

De acordo com a crença popular, fantasmas são as almas de mortos que permanecem entre os vivos. O culto aos ancestrais e o respeito aos mortos é pré-histórico, fonte das religiões primitivas. Mas as histórias de fantasmas não se referem a entidades superiores ou malignas: são animais e pessoas que parecem não conseguir se afastar de determinados locais.

São sempre descritos com aparência vaporosa, trazendo objetos relacionados aos últimos dias de vida. Castelos ingleses estão lotados de fantasmas que arrastam correntes; são almas que morreram nas masmorras medievais.

Alguns fantasmas são inofensivos, apesar de assustarem quando exibem as características cadavéricas. Há relatos de condenados ao machado que, tornando-se fantasmas, apareciam com a cabeça separada do corpo. A maioria, entretanto, parece querer defender o local em que permanece. Muitos fantasmas permanecem na casa em que viveram e investem contra os “intrusos”. Em certos casos, a vítima sente a agressão física.

Fantasmas existem em histórias deixadas por todos os povos antigos: sumérios, egípcios, caldeus, assírios, babilônios, persas, gregos e romanos. A Bíblia cita alguns fatos, como o em que Saul, o primeiro rei de Israel, pede a uma necromante que evoque o fantasma do profeta Samuel, o que era proibido pela religião judaica. Este foi um dos motivos por que Saul perdeu a coroa.

Em “Hamlet”, William Shakespeare mostra o encontra do príncipe dinamarquês com seu pai recém-desencarnado. O fantasma explica que deve permanecer um período na Terra, por ter morrido sem receber os sacramentos religiosos, conta que foi morto pelo irmão, que assumiu o poder, e pede vingança.

Durante as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), surgiram os navios fantasmas, que continuaram sendo avistados até o século XIX. São navios com as velas rasgadas, mastros quebrados e horrendos fantasmas. A parte dos barcos à deriva é verdadeira, muitas vezes o alimento acabava durante a travessia do Atlântico e os marinheiros morriam de fome. Noutras, epidemias determinavam as mortes. Já a parte das tripulações fantasmas depende da crença de cada um.

Arthur Conan Doyle fez seu principal personagem, o detetive Sherlock Holmes, investigar um fantasma: o cão dos Baskervilles. Hugh Baskerville teria sido morto por um imenso cão diabólico. O animal estaria assombrando o solar da família; Holmes e seu colega, Dr. Watson, tentam solucionar o enigma.

Uma história brasileira: entre 1940 e 1960, uma loira surgia no fim das noitadas, insinuando-se entre os boêmios que voltavam para casa. Quando seduzia um deles, dizia morar no Bonfim e levava a vítima para o cemitério do bairro, onde desaparecia misteriosamente. A história se espalhou com tanta intensidade que condutores de bondes e taxistas evitavam trabalhar nas madrugadas de sábado, quando a loira do Bonfim saía para assombrar.