Bacterioterapia fecal: Saiba como funciona a transfusão de cocô

Cocô é uma coisa muito íntima, né? Tão íntima que cada um só suporta o cheiro do seu. Mas e se você descobrisse que para se curar de uma doença seria necessário implantar o cocô de outra pessoa em você? Você aceitaria?

Conheça mais sobre a bacterioterapia fecal

Pois apesar de nojento esse procedimento médico existe de verdade. A transfusão de cocô, ou bacterioterapia fecal – também conhecida como transplante fecal – foi desenvolvida por um médico australiano e faz exatamente isso: transferir as fezes de uma pessoa para o intestino de outra. Isso porque a flora bacteriana saudável do doador tem a capacidade de restaurar a flora do paciente.

O procedimento serve para tratar uma doença chamada colite pseudomembranosa (colite ulcerosa), causada pela bactéria Clostridium difficile, que destrói tecidos de parte do intestino grosso. Alguns estudos sobre o método indicam que ele tem chances enormes de sucesso (cerca de 95% dos casos são curados com a transfusão).

São necessárias cinco sessões da transfusão fecal para que o paciente possa ter resultados satisfatórios e sentir uma melhora, mas dizem que depois da primeira a pessoa já sente diferença.

Como a transfusão do cocô é feita?

Agora, vamos falar da parte mais difícil do tratamento: a transfusão é feita… pelo nariz. Sim, as fezes são implantadas no intestino do paciente através de um tubo colocado nas vias nasais. Será que a pessoa que passa pelo transplante consegue sentir o cheiro?

Primeiro é preparada uma mistura de 30 gramas de cocô com 50 ml de solução salina. O resultado é um líquido fedido, que é filtrado para retirar as partes sólidas que restaram das fezes do doador. Então o médico coloca mais ou menos 25 ml dessa mistura com uma seringa (como a da foto) no tubo que foi colocado no nariz do doente.

Esse tubo vai até o estômago, onde o “líquido” vai ser digerido e passar para o intestino, atuando na flora intestinal do paciente.

Acredita-se que a colite ulcerosa seja causada em parte por uma predisposição genética, que pode ser “ativada” por razões externas. Embora nem sempre tenha cura, ela é facilmente tratada – além do método descrito acima também é possível fazer tratamento com o uso de anti-inflamatórios e corticosteroides (uma forma mais agressiva, mas que controla bastante bem a doença). A mudança na alimentação do paciente também faz muita diferença. Em alguns casos, no entanto, é necessário fazer a retirada do cólon por meio cirúrgico (isso nos casos malignos da enfermidade).