A invenção da motocicleta

Em 1869, o francês Louis Perreaux e o americano Sylvester Roper, trabalhando cada um em seu país e sem troca de correspondência, equiparam bicicletas com motores a vapor. Na época, navios e locomotivas a vapor já eram comuns na América do Norte e Europa, e ônibus a vapor circulavam em algumas cidades da França e Inglaterra. Experimentos para adaptar este tipo de motor a veículos leves continuaram até 1920, depois da invenção do motor a gasolina.

O inventor da motocicleta com motor de combustão foi o alemão Gottlieb Daimler, que, em 1885, adaptou um motor de um cilindro a gasolina a uma bicicleta. Seu filho, Paul, foi o primeiro piloto, que se equilibrava com duas rodinhas de apoio, semelhante às usadas em bicicletas para crianças.

A moto de Daimler era equipada com um motor de ciclo Otto. Seu chassi era um quadro de madeira, assim como as rodas. Os aros eram de ferro. Estes projetos foram rapidamente apelidados de quebra-ossos, em função da rolagem trepidante e dos trancos proporcionados pelas estradas e ruas de terra. Apenas em 1892 as motos foram equipadas com pneus, inovação criada pelo francês Alex Milliet.

A montadora Daimler existe até hoje, produzindo caminhões e carros em diversos países, mas seu fundador, mesmo depois de ter criado a motocicleta com motor a gasolina, nunca se interessou em produzir o novo veículo em escala comercial.

Até a década de 1920, houve muita discussão sobre o melhor local para instalar o motor, que finalmente foi dimensionado para permanecer na parte interna do triângulo, norma que é seguida até hoje.

A primeira fábrica de motos

A primeira fábrica de motocicletas surgiu na Alemanha, em 1894, quando a fábrica de motores Hildebrand & Wolfmüller patenteou um modelo. Dois anos depois, foram instaladas montadoras na França e Inglaterra. No início do século XX, havia quase 400 fábricas no planeta, metade delas na Inglaterra. Em 1902, os EUA começaram a fabricar suas motos.

Os japoneses chegaram mais tarde: só depois da Segunda Guerra Mundial, o Japão começou a abrir-se para as tecnologias ocidentais. Hoje, as montadoras japonesas dominam o mercado. Desenvolvendo tecnologia de ponta, o país do sol nascente obrigou fábricas de todo o mundo. Na época, nos EUA, só restou a famosa Harley-Davidson. Mas o mercado conheceu forte expansão na segunda metade do século XX e hoje há espaço para montadoras em vários países.

As gangues

Junto com as motos, surgiram clubes e associações. Também surgiu um efeito colateral: as gangues. As primeiras apareceram no fim da Segunda Guerra, como os Hells Angels (anjos do inferno). Pouco depois, Cafe Racers e Mods and Rockers ocuparam a cena londrina. Em comum, os motoqueiros bebiam demais, disputavam corridas nas ruas e envolviam-se em muitas confusões.

Hoje, a Hells Angels é muito bem organizada. Possui mais de mil membros, com 230 filiais em 18 países (inclusive o Brasil). Seu lema é: “Quando fazemos algo certo, ninguém lembra; quando fazemos algo errado, ninguém esquece”. Estes motoqueiros, que pilotam potentes Harley-Davidson, não estão necessariamente envolvidos em atividades ilegais.

Em 2006, membros da facção brasileira envolveram-se numa briga com os Abutres Moto Clube no Autódromo de Interlagos (São Paulo). Além de facas, canivetes e revólveres, copos, garrafas e cadeiras tornaram-se armas, provocando alguns momentos de pânico entre os assistentes e organizadores do evento.

A motocicleta no Brasil

As primeiras motos chegaram ao Brasil nos anos 1910, importadas principalmente da Europa. No final desta década, 20 marcas já rodavam pelas cidades brasileiras, ao lado de sidecars e triciclos motorizados. No entanto, apenas em 1951 surgiu a primeira montadora brasileira: a Monark. A partir de 1970, multinacionais implantaram fábricas no país: Yamaha, Suzuki e Honda são alguns exemplos.

Relacionados