Teorias malucas sobre as pirâmides

Napoleão Bonaparte, o general francês, ao se deparar com as pirâmides do Egito (em campanha para a conquista do Cairo, atual capital do país), exclamou: “soldados, do alto destas pirâmides, 40 séculos vos contemplam”. Elas extasiam e provocam dúvidas: como um povo, sem guindastes nem qualquer outro equipamento semelhante, conseguiu erguê-las? Para explicar, foram inventadas muitas teorias malucas sobre as pirâmides.

São centenas de monumentos fúnebres espalhados pelo Egito (as pirâmides são sepulturas). Eles já construíam mastabas (ou PR-DJT: em egípcio antigo, significa “casa para a eternidade”) ao menos desde 3100 a.C., para sepultar os nobres. As pirâmides, no entanto, se tornaram cada vez maiores. Uma das teorias malucas afirma que o faraó Quéops, depois de dissipar a sua fortuna, mandou uma de suas filhas para um bordel, coma missão de arrecadar o máximo de dinheiro possível.

A jovem, uma filha leal, pediu dos amantes, além do pagamento, um bloco de pedra. Este teria sido o material da Grande Pirâmide, que se ergue no vale de Gizé, junto ao rio Nilo. É o historiador grego Heródoto (450 a.C.) quem conta a história.

Mais histórias

Na época de Heródoto, as pirâmides já tinham dois mil anos de construção e, nos dois mil anos seguintes, surgiram muitas outras teorias malucas. Alguns autores medievais, em seus estudos bíblicos, identificaram as pirâmides como sendo os celeiros que José, filho de Jacó (personagens do Antigo Testamento) mandou erguer para os tempos de fome.

A história é contada no Livro da Gênese: José foi vendido por seus irmãos como escravo e levado para o Egito. Sua habilidade em interpretar sonhos lhe rendeu um alto cargo no governo; o faraó havia sonhado com sete vacas gordas, seguidas de sete vacas magras que devoravam as primeiras. O hebreu entendeu que isto significava sete anos de fartura, seguidos de sete anos de escassez.

As pirâmides egípcias foram todas construídas no lado oeste do Nilo, que a mitologia local identifica com o pôr do sol e com a jornada para a próxima vida. Arqueólogos encontraram barcos funerários, cuja função era encaminhar os nobres para esta outra etapa.

Muitos poucos corpos foram encontrados, no entanto. A teoria de que os monumentos são sepulturas é corroborada pelos inúmeros sarcófagos (caixões de pedra) encontrados, além de outros túmulos nas redondezas.

Mesmo assim, sem corpos para comprovar a sua função, as pirâmides continuam sendo um mistério. As inscrições em suas paredes também não ajudam a explicar para que elas serviam: os hieroglifos dizem que se trata do local onde os faraós encontram os deuses, mas isto pode significar apenas uma cerimônia religiosa.

A explicação mais simples é que, antes dos cientistas, saqueadores encontraram as pirâmides. Nos corpos dos faraós, olhos e coração, entre outros órgãos, eram substituídos por pedras preciosas – e os aventureiros não estavam nem um pouco preocupados com a preservação dos cadáveres.

As pirâmides também são encontradas no México, Peru e alguns sítios da Europa, Ásia e África, mas, para o imaginário popular, são sempre egípcias – elas são um marco da engenharia antiga e intrigam quando se começa a discutir sobre a forma como foram construídas.

Eram os deuses astronautas?

Algumas correntes metafísicas afirmam que povos antigos da América, Europa, Ásia e África trocaram informações sobre métodos de construção e, por isto, conseguiram construir as pirâmides. Não importa se elas foram construídas em épocas diferentes (as americanas, por exemplo, têm “apenas” alguns séculos, contra os milênios das construções egípcias): a semelhança é “prova” de que houve contato entre estes povos que construíram.

Só que não: os monumentos se prestaram a motivos diferentes. A pirâmide de Kukulcán, em Chichén-Itzá (atual México), um templo maia, era local de sacrifícios para os deuses – inclusive humanos. No equinócio de inverno (no hemisfério norte), as sombras formam a figura perfeita de uma serpente nos degraus do monumento.

Kukulcán, representado pelos maias como uma serpente alada, era um deus, cujas energias se desprendiam da Terra em direção ao céu. Com o declínio da civilização maia, a deidade se tornou cada vez mais cruel e sanguinária. Ao menos, é isto que contam os conquistadores espanhóis.

As comprovações vão além: os terráqueos não dispunham de tecnologia para construir as pirâmides. Portanto, os ensinamentos foram trazidos por alienígenas. Alguns retornaram a seus planetas de origem, outros fixaram residência na Atlântida e Lemúria, continentes lendários devastados por maremotos. Estes ETs se deram mal, muito mal.

Para comprovar este intercâmbio tecnológico, “especialistas” mostram as semelhanças entre as pirâmides de Montevecchia (Milão, Itália) e as do vale de Gizé. Elas, inclusive, remetem para o mesmo mapa estelar: apontam para as principais estrelas da constelação de Órion (as Três Marias), que determinariam a posição das grandes pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos.

Pirâmides de transporte

Para alguns estudiosos, as pirâmides são, na verdade, portais de transporte para outras dimensões. Para confirmar a teoria, eles afirmam que os monumentos apresentam oito lados, só visíveis do céu. Estas faces se apresentam sem contestação especialmente nos equinócios e solstícios (as datas de entrada das estações – primavera, verão, outono e inverno).

Mais provas: as grandes pirâmides do Egito eram revestidas de pedras de calcário polido (semelhantes às utilizadas em geradores de energia solar). O topo era revestido de ouro – o nobre metal era reservado para nobres e sacerdotes.

As construções foram erguidas alinhadas com o centro magnético do planeta – mais um conhecimento extraordinário para a época, ou épocas. O centro magnético está relacionado à massa da Terra. Na Grande Pirâmide, há quatro pequenos canais (alinhados às constelações de Órion e Sírios). Cinco mil anos atrás, eles eram considerados como passagens dos deuses para os egípcios.

A passagem, no entanto, só poderia ocorrer na entrada das estações. Em outros períodos do ano, o Sol não conseguiria obter energia suficiente para a pirâmide funcionar e atrair extraterrestres de constelações distantes. Restaria aos humanos aguardar o momento propício para receber os visitantes e aprender novas tecnologias. A excelente produção agrícola, resultante dos canais abertos ao longo do rio, seria devida a conselhos destes ETs.

O Conselho dos Nove

É uma lenda antiga. Nove seres alienígenas, cada um de um planeta diferente, seriam os criadores da humanidade e, graças a isto, estes guardiães nos guiariam pela eternidade afora. Ao menos, eles teriam sido os tutores do Egito na criação da grande civilização.

O Conselho dos Nove seria responsável também por impedir o ataque de civilizações mais avançadas contra o nosso planeta tão rudimentar. Ele nos protegeria contra ETs malvados, pelo tempo necessário para que nós pudéssemos desenvolver tecnologias adequadas – entre elas, as pirâmides, canal de contato com os “mestres”. De acordo com esta teoria maluca, as pirâmides formariam um escudo protetor contra frotas interplanetárias. Darth Vader perde de goleada contra estas ideias.

Ashtar Sheran é um destes guardiães. Ele se comunicou com os terráqueos desde 1952, através da psicografia do ufólogo americano George van Tassen (morto em 1978) e do brasileiro Paulo Antônio Fernandes, que criou um centro de estudos exobiológicos que leva o nome do ET. De acordo com as manifestações, a Terra seria protegida dos ataques desde a criação da humanidade. Relatos dão conta de que Sheran se veste como o capitão Kirk, de “Jornada nas Estrelas” e é uma espécie de presidente de uma ONU intergaláctica.

A CIA (Central Intelligency Agency, órgão de inteligência civil do governo americano), teria feito contato com alguns membros do Conselho dos Nove durante experimentos com alegados médiuns, na década de 1950, no projeto MKULTRA. De acordo com Andrija Puharich, o maior especialista no assunto, “é extremamente difícil entrar em contato com o conselho”, mas os membros continuam entre nós, protegendo a espécie humana.

Curas e imortalidade

Em 1989, no ocaso da União Soviética, o arquiteto Alexander Golod construiu uma série de pirâmides. Durante a Perestroika, Golod dedicou-se ao estudo da influência sobre o ambiente e a saúde. Bioenergética e energia espacial estavam em alta na época: era uma tentativa de substituição do ideário comunista, em total descrédito – ao menos, em sua face marxista-leninista.

Aparentemente, Golod já havia feito experiências na Itália e na França. Contudo, sua construção mais famosa é uma pirâmide construída na estrada entre Moscou e Riga (capital da Letônia, antiga república soviética no mar Báltico).

O arquiteto acreditava que algumas formas geométricas eram capazes de produzir campos energéticos que poderiam afetar os fenômenos do universo. Com 1,1 milhão de dólares, ele construiu mais de 20 pirâmides e concluiu que elas melhoram a regeneração dos tecidos do corpo humano, aumentam a produção agrícola em até 100%, diminuem a atividade sísmica, aumentam a produção e a qualidade do petróleo, combatem infecções por vírus e bactérias, reduzem o nível de radiação de elementos como o urânio e o polônio e impedem o congelamento da água (mesmo a 40°C negativos). A força aérea russa teria registrado um assustador campo magnético nas imediações das pirâmides e médicos teriam atestado a potencialização de antibióticos no combate a germes nocivos à saúde.

Todos estes fatos nunca foram comprovados. Mas, aparentemente, os faraós do Egito já sabiam de tudo isto. Tanto que foram incansáveis em construir pirâmides enormes. A lenda diz que, quanto maior fosse o monumento, mais fácil seria conquistar nada mais, nada menos, do que a imortalidade. O problema é que o imortal não poderia sair da pirâmide.