Quem foi o primeiro papa?

De acordo com o Evangelho segundo Mateus, Jesus teria perguntado a seus discípulos sobre quem o povo achava que ele era. A resposta foi: “Elias, Jeremias ou algum dos outros profetas”. Novamente, Jesus perguntou: “E vós, quem pensais que eu sou?”. São Pedro teria respondido imediatamente: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”. Graças a esta resposta inspirada, Jesus afirmou: “Tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei minha igreja. As portas do inferno não prevalecerão sobre ela.

Também te darei as chaves do Paraíso”. A Igreja Católica interpreta esta passagem como a promoção de Pedro (cujo nome original era Simão Barjonas) à chefia do colégio de apóstolos.

A resposta para a pergunta-título, no entanto, não é tão fácil. Quando se pergunta quem foi o primeiro papa, é preciso considerar se estamos nos referindo à autoridade religiosa ou à autoridade política. O próprio título – papa – só surgiu dois séculos mais tarde.

De acordo com a tradição, os cristãos foram perseguidos pelo Império Romano e Pedro, que teria se reunido com os fiéis romanos, foi perseguido e crucificado numa colina nos arredores da “Cidade Eterna”, o Vaticano, onde se encontram seus restos mortais. Antes de morrer, porém, indicou Lino, também canonizado pela Igreja, para chefiar a comunidade. Mas não há provas históricas de que o apóstolo tenha realmente deixado a Palestina.

Nos primeiros séculos, no entanto, não havia unidade religiosa entre os cristãos. Cada comunidade fundada estabelecia suas próprias regras e cultos. Uma prova disto é que, no Novo Testamento, a única menção ao divórcio (com a sanção de Jesus à separação em caso de adultério) encontra-se no Livro de Mateus; portanto, o grupo que desenvolveu este Evangelho era o único que se preocupava com a questão.

Apenas em 325, em Niceia (atual Iznik, na Turquia), bispos das províncias cristãs se reuniram no primeiro concílio da história para definir alguns conceitos. O número de participantes desta reunião nunca chegou a ser definido: para alguns autores, foram 250, enquanto para outros, mais de 300. Mas é certo que participaram representantes da Síria, Palestina, Egito, Grécia e Roma. O próprio imperador Constantino abriu o concílio.

Em Niceia, os bispos chegaram a consensos importantes para a estruturação da igreja: a natureza de Jesus, em que se fundiram os princípios humanos e divinos (correntes derrotadas admitiam apenas uma ou outra condição para o Messias), a fixação da data da Páscoa, a primeira legislação canônica e o Credo de Niceia, que é rezado nas missas católicas. Os católicos eram o grupo que defendiam a natureza a um só tempo humana e divina para o Cristo.

Constantino, convertido ao Catolicismo, favoreceu a igreja com terras e bens. Anteriormente, ele havia sido evangelizado por Ário, que acreditava apenas na natureza divina de Jesus. O período marca o início da decadência do Império Romano, cuja estrutura foi progressivamente ocupada pela Igreja.

Politicamente, só se pode falar em Papado a partir do século VII, quando se estabelecem os Estados Pontifícios no centro da península Itálica. No entanto, um século depois, a maioria das comunidades na Ásia e África abandonou o Cristianismo e voltou-se para uma doutrina nascente: o Islamismo. Isto fortaleceu o poder de Roma sobre a Cristandade, apesar de ter reduzido o número de fiéis.

No século XI, a Igreja Ortodoxa, um dos grupos originais do Cristianismo, rompeu com Roma, por não aceitar a autoridade do papa sobre suas dioceses. No século XVI, o monge Martinho Lutero publicou as bulas de Wittenberg contra a venda de indulgências – perdão parcial ou pleno dos pecados – dando início à Reforma Protestante, que originou o nascimento de igrejas cristãs que também não se submetem ao Sumo Pontífice romano, como o Luteranismo, Calvinismo e Metodismo.