Os lugares mais fantásticos do mundo

É difícil fazer listas deste tipo. O que pode ser incrível para uma pessoa não desperta interesse em outra. Alguns lugares, no entanto, são simplesmente fantásticos, seja pela beleza, seja pela dificuldade em chegar, seja pelos perigos do caminho.

Alguns locais parecem saídos de um filme de ficção científica. Outros apenas servem como espelhos, mas têm a sorte de estar no lugar exato para refletir uma imagem fantástica. Certamente, Paris, Londres, Roma e Nova York fazem parte dos roteiros de sonhos de muita gente, mas os lugares mais fantásticos do mundo podem fazer muitos turistas alterarem os projetos de férias. São apenas algumas sugestões: os leitores podem contribuir com novos “lugares fantásticos”.

Ilha escultural

A Escócia tem muitas histórias para contar. O país resistiu a muitas tentativas de invasão da Inglaterra até o século XVII, quando finalmente passou a integrar o Reino Unido da Grã-Bretanha (a atual bandeira da Grã-Bretanha é a superposição das bandeiras nacionais da Inglaterra, Escócia e Irlanda).

A gruta de Fingal, um dos lugares mais fantásticos do mundo, foi “descoberto” também no século XVII, na ilha de Staffa (desabitada), totalmente sustentada por colunas de basalto, e tem origem em um grande fluxo de lava – a “Calçada dos Gigantes”, resultante de uma erupção vulcânica ocorrida há 60 milhões de anos.

O tamanho do salão central da gruta de Fingal – e os seus arcos naturais – produzem um ambiente de catedral natural (a caverna deve ter servido como palco de rituais religiosos pré-cristãos). O barulho das ondas do mar ajuda a compor a “sinfonia” que, para muitos, apresenta um eco arrepiante. O nome da gruta, em gaélico (Uahm Binn), significa “gruta da melodia”.

 As colunas de basalto conferem um aspecto solene e único à gruta de Fingal.
As colunas de basalto conferem um aspecto solene e único à gruta de Fingal.

Convite para mergulhar

A Croácia é um país quase desconhecido. Entre o final da Segunda Guerra Mundial e 1980 (quando o ditador socialista Josip Tito), o país se manteve unificado à Iugoslávia, um caldeirão de etnias indiferentes umas às outras – ou francamente hostis.

Depois da separação, o país conheceu uma profusão de guerras com a Sérvia, outra nação iugoslava. Finalmente livre, a Croácia pôde exibir as suas belezas para o mundo: um extenso litoral debruçado sobre o mar Adriático e muitas montanhas que recortam a península Balcânica.

Uma das belezas que merecem figurar entre os lugares mais fantásticos do mundo são os lagos de Plivtice, um parque nacional. Diversos rios contribuem para encher os cursos d’água, depositando extensos veios de bicarbonato de cálcio.

Lagos de Plivtice
Lagos de Plivtice

Combinados com as algas e musgos da região, são formadas barreiras de gipsita – represas naturais para a água, que variam do azul ao verde. Desde 1979, às vésperas da guerra de independência, os lagos de Plivtice são considerados patrimônio da humanidade, pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).

Cristais em profusão

Ela fica em Naica, no Estado mexicano de Chihuahua. É uma mina de cristais de selenita, uma variedade de gipsita com aparência vítrea. Os minerais atingem 11 metros de comprimento e quatro metros de diâmetro. O túnel mais famoso já explorado é conhecido como a “caverna dos cristais”.

A região mexicana também é rica em prata, zinco e chumbo – estes depósitos estão entre os maiores do mundo. o que impressiona os visitantes, no entanto, são os cristais naturais. Os turistas, no entanto, precisam ter fôlego: a temperatura interna ultrapassa os 50°C e a umidade relativa do ar atinge os 100% nos dias quentes.

 Os cristais de selenita de Naica. Para ter ideia das dimensões, compare com a pessoa no canto inferior direito.
Os cristais de selenita de Naica. Para ter ideia das dimensões, compare com a pessoa no canto inferior direito.

Beleza mortal

O local é o vale do Rift, na região centro-oriental da África, um complexo de falhas tectônicas surgido há 35 milhões de anos. A falha geológica, na verdade, estende-se desde a Síria até o centro de Moçambique, cruzando o rio Jordão, o lago de Genesaré, o mar Morto, o mar Vermelho e, finalmente, o continente africano, a partir da Etiópia.

O lago Natron – a beleza mortal – fica ao norte da Tanzânia. Tem apenas três metros de profundidade máxima, mas é extremamente alcalino – a lenda local diz que as águas têm a capacidade de petrificar animais. Na verdade, a morte advém da alta presença de carbonato de sódio (natrão) e da temperatura das águas, que atinge 60°C.

Além de alguns peixes alcalinos e de flamingos (que visitam os rios da parte sul do lago Natron), poucos animais conseguem sobreviver na região. Filhote e animais jovens são as principais vítimas. Pode parecer um pouco tétrico, mas as águas formam belas esculturas.

Esculturas de Natron

Esculturas de Natron-1
Esculturas de Natron, o “lago assassino”

No fundo do mar

Este é um dos lugares mais fantásticos do mundo para mergulhadores, e também para observação em voos turísticos. Nas Ilhas Maurício, um país insular a leste de Madagáscar (em pleno oceano Índico), a dois mil quilômetros a sudeste do continente africano: trata-se de uma cachoeira submersa.

As ilhas que formam este Estado insular são cercadas por bancos de areia e silte (fragmentos de rocha menores do que um grão de areia). As cachoeiras, na verdade, são apenas uma ilusão. A imagem do Google Earth é um aperitivo para quem quer explorar novas belezas fantásticas do planeta.

 Uma ilusão de ótica provocada pela luz solar e os bancos de areia: as cachoeiras submersas.
Uma ilusão de ótica provocada pela luz solar e os bancos de areia: as cachoeiras submersas.

Reserva especial para apaixonados

A Ucrânia tem ocupado o noticiário internacional em função dos conflitos com a Rússia. O país já perdeu territórios para a superpotência, como a península da Crimeia, local de veraneio dos czares russos antes da Revolução que implantou o socialismo no país.

O fato desconhecido é a existência do “Túnel do Amor”, em Klevan, a 350 quilômetros de Kiev, a capital do país. É um caminho de três quilômetros totalmente coberto pela vegetação – um cenário perfeito para meditação e total isolamento, muitas vezes percorrido a dois.

Não é um passeio para andar distraído: o “Túnel do Amor” é cortado por uma via férrea, que opera para uma indústria da região. Seja como for, o caminho é lindo, tanto no inverno, como no verão. No verão, o túnel ganha iluminações fascinantes – graças aos filtros proporcionados pela vegetação.

O “Túnel do Amor” no inverno gelado da Ucrânia.
O “Túnel do Amor” no inverno gelado da Ucrânia.

O maior do mundo

O lago Baikal, no sul da Sibéria (Rússia), é o maior curso de água doce do mundo e um dos mais antigos (cerca de 30 milhões de anos).

Mais de 300 rios deságuam no lago. Um quinto da água potável está contido neste verdadeiro mar; isto excede todo o volume dos Grandes Lagos, localizados na fronteira entre EUA e Canadá.

O grau de transparência do Baikal é tão grande, que é possível identificar pequenos objetos, como moedas, 40 metros abaixo da superfície. No entanto, não é um lago para mergulhos – ao menos para os mortais comuns. No verão, a temperatura no centro do curso d’água dificilmente excede os 10°C (nas baías rasas, a água é “mais quente”: entre 18°C e 22°C). Apenas para comparar, a temperatura média das águas “frias” de Cabo Frio (RJ) é de 22°C.

Durante o rigoroso inverno siberiano (que determinam placas de gelo de até um metro de espessura), as águas do lago Baikal param de se agitar. É nesta época que acontece um dos espetáculos mais fantásticos da natureza: a água e tão clara que a visibilidade chega a 40 metros abaixo da superfície.

Com o retorno da primavera, o degelo determina outro espetáculo: as fraturas no gelo passam a revelar fragmentos coloridos com azul-turquesa: quanto mais forte brilha o Sol, mais fascinantes se tornam os reflexos.

 Os reflexos azul-turquesa do lago Baikal, que se espalham pelas águas degeladas na primavera.
Os reflexos azul-turquesa do lago Baikal, que se espalham pelas águas degeladas na primavera.

Um céu no chão

As Ilhas Maldivas, no oceano Índico, já são, por si sós, um espetáculo à parte. Trata-se de um Estado ao sul da Índia, constituído por 1.200 ilhas, agrupadas em 26 atóis (mais de 200 são habitadas). O clima é tropical e úmido (chove mais de dois mil milímetros por ano).

A ilha Vaadhoo fica no lado oeste do arquipélago, no atol Raa. Não tem hotéis, restaurantes, nem qualquer atrativo para os viajantes, a não ser um fenômeno único: um plâncton abundante no mar da região (Phytoplankton bioluminescentes) transforma as águas, deixando-as brilhantes.

Tanto os mergulhadores e surfistas, como os que se satisfazem apenas caminhando nas areias da praia podem observar podem se encantar com o espetáculo, especialmente sob a Lua Cheia, e “pisar os astros distraído”, como Orestes Barbosa registrou em “Chão de Estrelas”.

 Lançados na praia, os plânctons oferecem o efeito neon também na areia.
Lançados na praia, os plânctons oferecem o efeito neon também na areia.