O universo está morrendo?

O Centro de Pesquisa Espacial da NASA (National Aeronautics and Space Administration) divulgou um estudo em que ficou comprovado: o universo está morrendo. A morte das estrelas mais antigas do universo está ocorrendo mais rapidamente do que o surgimento de novos sóis. Esta condição projeta um universo mais frio. Em algum momento, a matéria acabará se desagregando.

O estudo, batizado de GAMA (sigla em inglês para reunião de galáxias e massa), observou 200 mil galáxias e constatou que o universo está produzindo apenas a metade da energia gerada há dois bilhões de anos – e a tendência é de queda. Para chegar a esta conclusão, os técnicos da NASA analisaram o comprimento das ondas de luz do infravermelho ao ultravioleta. É a medição mais precisa já realizada até hoje.

A pesquisa foi divulgada no início de agosto de 2015, durante a Conferência da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês), que neste ano foi realizada no Havaí (EUA). Os dados foram obtidos graças a um esforço combinado dos membros da união, que já estão medindo o comprimento das ondas há sete anos.

Observando estrelas

No total, sete observatórios foram empregados para realizar este estudo, entre eles, o Observatório Europeu do Sul (Chile) e o telescópio espacial Herschel (Agência Espacial Europeia). Entre 2009 e 2011, o WISE (Wide-Field Infrared Survey Explorer, da NASA), um telescópio receptor de ondas infravermelhas, também foi usado no projeto.

O WISE, em seu período de atividade, também descobriu milhares de asteroides, a primeira estrela anã Y (estes são os elementos mais frios do universo, que não emitem luz) e o primeiro asteroide troiano da Terra (astros que orbitam a determinada distância de um planeta, seguindo-o, mas não chegam a colidir com ele).

Astrônomos e astrofísicos sabem desde a década de 1990 que o universo está perdendo energia. O estudo da NASA, no entanto, é o primeiro a detectar o fenômeno em todo o espectro luminoso. A pesquisa auxilia a entender o que está acontecendo com as nossas galáxias.

O responsável pelo declínio da produção de energia é a expansão do universo, atribuída a uma força antigravitacional ainda não conhecida, chamada de energia escura. Trata-se de um dos maiores desafios para o conhecimento humano, especialmente dos físicos e cosmologistas.

Os cientistas continuam seus estudos. Com os dados obtidos pela NASA, terão início novas pesquisas para a compreensão das formas de diversos tipos de estrelas, como elas se formam em vários pontos do universo. A análise da taxa de fusão das galáxias (e quais impactos este fato produzem).

O Big Bang

A maior parte da energia do universo foi criada no momento do Big Bang (grande expansão), uma teoria segundo a qual, em algum momento, o universo originalmente quente e denso e, desde então, tem se resfriado e expandido. As condições iniciais ocorreram entre 13,9 e 13,3 bilhões de anos.

A teoria, comprovada por diversos procedimentos científicos, foi proposta em 1927, por Georges Lemaître (o cientista batizou a ideia de “hipótese do átomo primordial”). O termo “Big Bang” foi criado apenas em 1949, por Fred Hoyle, que desenvolveu a teoria do estado estacionário, oposta às ideias de Lemaître. Inicialmente, Big Bang era uma expressão pejorativa.

No momento da explosão, parte da energia se converteu em matéria, que as estrelas convertem novamente em energia (na forma de luz, calor e outras emissões). O vaivém continua até hoje. Os átomos, mais pesados, “caem” para o centro da estrela, onde as altas temperaturas são responsáveis pelas contínuas transformações.

A expansão indefinida, no entanto, provoca, em algum momento, o desaparecimento das estrelas mais velhas, que tem início com um grande aumento do diâmetro destes astros, fato que atrai a matéria ao redor. Os buracos negros, áreas do espaço em que nada, nem mesmo a energia luminosa, consegue escapar, também contribuir para consumir matéria.

O universo está morrendo, mas em um período incalculável de milênios. O apagar das luzes está ocorrendo lentamente, mas fatalmente mergulhará na escuridão até atingir um estado perfeito de equilíbrio termodinâmico, para o qual todos os sistemas tendem.

Ocorre o equilíbrio térmico, mecânico, radiativo e químico. Com relação ao universo, isto significa que não haverá mais forças motrizes, nem fluxos de matéria e energia.

Mais fatos

Energia adicional é gerada por todas as estrelas de cosmo, com as constantes fusões de hidrogênio e hélio, os dois elementos mais leves da tabela periódica, respectivamente com um e dois elétrons orbitando o núcleo do átomo.

A nova energia criada pode percorrer dois caminhos: ser absorvida pelas nuvens de gás e poeira em seu giro pela galáxia onde está situada, ou escapar para o espaço intergaláctico, até atingir um anteparo: outras estrelas, planetas e, muito raramente, um telescópio. No entanto, a agregação desta energia raramente é suficiente para a formação de um novo astro – que ajudaria a repovoar o universo.

Os técnicos do Projeto GAMA pretendem ampliar o mapeamento da geração de energia, apontando seus telescópios para regiões mais remotas do universo (e, de acordo com a Teoria da Relatividade, cada vez mais para trás no tempo). Para tanto, estão sendo construídos equipamentos ainda mais potentes, como o Square Kilometre Array, uma gigantesca rede de radiotelescópios que será instalada entre a África do Sul e a Austrália, além de um supertelescópio ótico, para o observatório no Chile.

Os cientistas têm uma certeza: o universo puxou o freio de mão e vai declinar vagarosamente, até não deixar qualquer rastro de sua presença. O enfraquecimento da energia, no entanto, ainda levará muito tempo para se consumar: o total de anos é o número 10 seguido de cem zeros. Até lá, o nosso Sistema Solar já terá desaparecido.

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