Confira o que fazer em casos de emergências

A qualquer momento, surgem situações que requerem providências urgentes: quedas, queimaduras, choques elétricos, etc. Manter a calma, transmitir segurança ao acidentado, colocá-lo em uma posição confortável e chamar o socorro necessário o quanto antes pode significar a manutenção da vida e da saúde.

É preciso ter muito cuidado: jamais preste auxílio se isto significar colocar a sua própria segurança em risco: dois acidentes requerem mais atenção dos socorristas. Mantenha sempre à mão, inclusive durante as viagens, os telefones da polícia militar, bombeiros, SAMU, seguradora e hospital mais próximo.

Em casa e no carro, mantenha um kit de primeiros socorros, para sanar pequenos ferimentos: medicamentos (antitérmico, antisséptico, analgésico), soro fisiológico, algodão, gaze, esparadrapo, tesoura e termômetro. Algumas farmácias vendem o kit pronto, mas é mais barato montá-lo você mesmo.

Confira o que fazer em casos de emergência

Intoxicações

Várias substâncias podem causar alterações no funcionamento do sistema digestório, como ingestão de produtos de limpeza, medicamentos, alimentos estragados e, claro, álcool e drogas. Os principais sintomas são alterações no hálito, dores e sensação de ardor na boca, garganta ou estômago, dificuldade de engolir, clareamento dos lábios, enjoos, vômito e diarreia, confusão mental e sono.

Não é preciso que todos os sintomas se instalem, já que cada situação apresenta condições diferentes: a gravidade dos sinais é o que determina a emergência. Por exemplo, se surgirem confusões ou paralisia, o socorro já está atrasado. Verifique se, próximo à vítima, há algum frasco que possa ser identificado como a causa da intoxicação. Encontrado, verifique os antídotos para barrar os efeitos da ingestão.

Chame o socorro imediatamente, mesmo que os efeitos não tenham surgido ainda. Em alguns casos, eles podem levar até 15 minutos para se manifestar. Produtos tóxicos em contato com os olhos ou as narinas também podem atingir a circulação sanguínea. Lave a região com água abundante e mantenha-a umedecida enquanto aguarda o atendimento médico.

O vômito não deve ser provocado quando houve ingestão de substância ácida, corrosiva, produtos de limpeza (alvejantes, soda cáustica), perfumes e produtos a base de petróleo e seus derivados.

A prevenção é simples: mantenha artigos de higiene e limpeza fora do alcance das crianças, guarde os remédios em um armário alto, não se automedique e jogue fora os medicamentos fora da validade. As farmácias recolhem os remédios vencidos.

Em muitas cidades do Brasil, é comum adquirir produtos de limpeza a granel. São mais baratos, mas sua eficácia é inferior (e às vezes nula). Seja como for, guarde-os em local seguro. Um detergente vermelho acondicionado em uma garrafa de refrigerante é praticamente um convite para as crianças.

Choques elétricos

São mais comuns do que se pensa. Em casa, as tomadas são muito atraentes, especialmente para as crianças pequenas. Cubra todas as tomadas com protetores e não sobrecarregue um ponto de energia, ligando diversos aparelhos (isto é comum em muitas cozinhas, onde os plugues do forno micro-ondas, liquidificador, geladeira e fogão e geladeira são fixados a um mesmo benjamim), para evitar sobrecargas. Refaça a instalação de acordo com as necessidades ou deixa para usar um aparelho por vez.

Ocorre o mesmo com os home offices, onde computador, impressora, scanner e outros periféricos devem ser plugados a um filtro de linha, que, por sua vez, deve contar com um estabilizador. Além de prevenir possíveis choques, também reduz o consumo de energia e preserva os equipamentos.

Na rua, não deixe crianças empinarem pipas perto da rede elétrica. Não é preciso que o brinquedo entre em contato com os fios: basta se aproximar, para gerar uma carga que vai ser conduzida pela linha. Nunca tente recuperar a pipa, se ele ficar presa a postes, transformadores ou fios.

Uma vez que o choque tenha sido detectado, desligue a fonte de energia antes de prestar socorro. Se isto não for possível, calce luvas de borracha e use um cabo de vassoura para afastar o fio solto. Examine a vítima: se houver sinais de parada cardiorrespiratória, é preciso iniciar a reanimação o quanto antes.

Os sinais de parada cardíaca são palidez extrema e ausência de pulso. Mantenha os dedos médio e indicador na artéria radial (sob o centro do pulso). Se não houver batimentos, inicie imediatamente a massagem torácica: coloque a vítima de barriga para cima, sobre superfície plana e firme, afrouxe as roupas.

É preciso identificar o osso esterno: encontre as primeiras costelas (na parte superior do tórax). O local da massagem fica entre três e cinco dedos abaixo (dependendo da altura do acidentado). Posicione a parte inferior da palma da mão dominante (direita para destros e vice-versa) e coloque a outra mão sobre ela.

Pressione a região, usando o peso do corpo como apoio, para que o coração seja estimulado. Repita a operação de 20 a 30 vezes, ininterruptamente.

Enquanto isto ocorre, outra pessoa deve acionar o socorro. Se o choque for leve, siga as instruções listadas para socorrer um estado de choque.

Estado de choque

São várias as causas: infarto, picadas de animais peçonhentos (ou mesmo de formigas, abelhas e mosquitos, para pessoas alérgicas), queimaduras, traumatismo craniano, torácico e abdominal, afogamento e algumas infecções.

A pele se torna pálida, úmida e fria. As extremidades (pontas dos dedos e do nariz, orelhas) e os lábios podem apresentar cianose (ficam azulados). Outros sinais são: suor na testa e na palma das mãos, dificuldade de respirar, dilatação das pupilas, sede e confusão mental. Perda de consciência (mesmo parcial) e aceleração dos batimentos cardíacos agravam o quadro.

Deite a vítima de costas e afrouxe as roupas. Verifique se há algum objeto ou alimento na boca. Eleve as pernas em relação ao tronco (com uma almofada ou pedra regular – isto não é indicado se houver suspeita de fratura nos membros inferiores). Se houver sangramento, a melhor posição é deitar a vítima sobre o lado esquerdo.

Se a vítima parar de respirar, mantenha-a deitada e agasalhada, com a cabeça inclinada para trás e comece a respiração boca a boca. Prenda as narinas do acidentado e sopre em sua boca, até observar o retorno dos movimentos do peito. Enquanto o socorro não chega, não deixe de observar algum possível novo sinal.

Insolação

Todos sabem que a exposição excessiva ao Sol deve ser evitada por vários motivos, que vão de queimaduras leves ao câncer de pele. A proteção é simples: evitar o Sol entre 10h e 16h (não se esqueça de observar o horário de verão), usar chapéu ou boné, óculos escuros, protetor solar (inclusive para os lábios), tomar muita água e sucos, evitando bebidas alcoólicas durante o dia e, ao acampar, usar barracas de lona, que oferecem o dobro de proteção, em relação às barracas de náilon.

Mesmo assim, as praias brasileiras – quase sempre ensolaradas – registram muitos casos de insolação, caracterizados por dores de cabeça, náusea e tontura. Em seguida, a pulsação se acelera, o que pode gerar confusão visual. Se nada for feito, a pessoa fica ofegante e pode até desmaiar.

Leve a vítima para um local fresco, na sombra. Borrife água fria e aplique compressas na testa, nuca, axilas e virilhas. Retire o máximo de roupas, para permitir a ventilação da pele. Mantenha a cabeça elevada e faça a vítima tomar bastante água e isotônico, para repor minerais. Em casos graves, pode ocorrer parada respiratória.

Se os sintomas desaparecerem, os cuidados ainda permanecem: a pessoa que sofreu insolação deve tomar vários banhos mornos no decorrer do dia, hidratar a pele e verificar o surgimento de bolhas, que em nenhum caso devem ser estouradas. Eventuais novos sintomas vão requerer avaliação médica.

Queimaduras

Não é preciso que haja fogo: qualquer fonte térmica – luzes incandescentes e pratos quentes, por exemplo –, produtos químicos e choques elétricos podem provocar queimaduras, que são classificadas em três tipos:

• de primeiro grau: atinge apenas a epiderme, a camada superficial da pele. Provoca vermelhidão e dor no local queimado;

• de segundo grau: atinge epiderme e derme (a camada intermediária). Aos sintomas acima relacionados, formam-se bolhas na região afetada;

• de terceiro grau: atinge a hipoderme, o tecido gorduroso e, em alguns casos, nervos e até ossos. A pele fica seca, enrijecida, escurecida ou esbranquiçada. Pode ser menos dolorosa, quando atinge terminações nervosas, mas é a mais preocupante.

Em primeiro lugar, é preciso neutralizar o agente causador. Se houver fogo nas roupas, deite a pessoa no chão e apague o fogo, começando pela cabeça, com um tapete, cobertor ou qualquer tecido grosso. Não retire os restos de roupa, porque fatalmente eles arrancarão a pele adjacente. Apenas recorte as partes soltas, para amenizar o sofrimento.

Se possível, cubra as partes queimadas com gaze, para evitar infecções. Não aplique nenhum tipo de pomada antes da avaliação médica. Nas queimaduras mais leves, lave a área afetada com água corrente enquanto espera o socorro.

As causas mais comuns das queimaduras são deixar fósforos e produtos químicos ao alcance de crianças, acender velas em ambientes fechados, deixar cigarros acesos em cinzeiros e manusear a rede elétrica sem conhecimentos suficientes para isto.

Quedas

Dependendo da altura e da intensidade da queda, podem ocorrer fraturas, traumatismos graves e perda da consciência. No caso de quedas leves, como um acidente com a bicicleta, lave o local “raspado” com água e sabão, para evitar infecções e fique atento a possíveis sinais. Dores constantes nos membros podem indicar uma lesão mais grave.

Uma queda contra o chão pode provocar traumas abdominais e hemorragias internas. Estes casos são urgências que requerem avaliação médica. Mantenha a vítima imobilizada enquanto aguarda o socorro.

As fraturas podem decorrer de qualquer impacto violento. As mais comuns ocorrem nos membros (braços, pernas, mãos e pés). Na cabeça, pescoço e coluna, são casos mais graves e podem gerar sequelas. O sintoma mais comum é dor intensa no local, dificuldade de se movimentar ou de apalpar.

O melhor a fazer é imobilizar a região (que ameniza a dor), com faixas e talas, ou mesmo com um papelão dobrado (fazendo uma espécie de calha) e, se houver condições, levar o acidentado ao hospital mais próximo, antes de aguardar o socorro no local. Nas fraturas expostas (em que o osso rompe tecidos musculares e a pele), cubra a região com gaze, para reduzir o risco de infecções.

Em casa, especialmente entre os idosos, quedas sem causa aparente podem indicar osteoporose, doença que reduz o tecido ósseo e pode provocar fraturas inclusive em movimentos corriqueiros. Se a vítima estiver inconsciente, é preciso seguir os cuidados para parada cardiorrespiratória.

Existem muitas outras situações que exigem providências imediatas. Em todos os casos, quem observou o acidente deve se manter calmo, para relatar ao resgate todos os fatos que possam auxiliar no resgate. Se não souber o que fazer, o melhor é não fazer nada, além de tranquilizar as vítimas, enquanto o socorro está a caminho.