Mitos sobre o consumo de carne vermelha

No Ocidente, a carne vermelha é a principal fonte de ferro e proteínas na dieta da maioria das pessoas. O avanço dos regimes vegetarianos e as constantes denúncias de maus tratos aos animais em fazendas e matadouros têm reduzido o consumo e espalhado muitos mitos e lendas. Mas é preciso estar atento à absorção diária de nutrientes, para evitar doenças.

O consumo de carne vermelha vem declinando ano a ano. Estudos indicam que os brasileiros ingerem 147 gramas diárias, enquanto a Organização Mundial da Saúde sugere um mínimo de 162 gramas, para uma dieta de duas mil quilocalorias diárias. Não é preciso fazer contas, nem usar a balança: basta incluir um bifinho do tamanho da palma da mão (sem os dedos) no almoço e no jantar para garantir a reposição dos nutrientes necessários à manutenção das atividades físicas.

Mas os mitos sobre a carne vermelha crescem dia a dia. Um deles é que este alimento é rico em gorduras saturadas, ricas em LDL, o colesterol ruim, responsável por doenças cardiovasculares. No entanto, o manejo do gado (vacas e porcos principalmente), tem reduzido significativamente o teor de gordura, e sempre é possível optar por cortes de carnes magras. Basta não ingerir a gordura visível, que fica anexa à parte vermelha. Dê preferência ao filé mignon, lagarto, patinho ou músculo, deixando a maminha, a picanha e a chuleta para ocasiões especiais.

A dieta vegetariana

Existem outras fontes de ferro (verduras de folhas verde-escuro, lentilha, ervilha seca, grão de bico, feijão e beterraba), que devem ser ingeridas associadas a alimentos ricos em vitamina C, para aumentar a absorção. O ferro é um dos componentes da hemoglobina, substância que carrega oxigênio para as células e retira o gás carbônico.

Coco, soja, arroz integral, aveia, beterraba crua, quinoa, nozes, ervilhas em vagem, abacate e grão de bico são opções de proteínas para quem quer eliminar a carne vermelha. No entanto, falta aos vegetais a metionina, aminoácido rico em enxofre, importante para a desintoxicação de rins e fígado.

Um dos argumentos para a adoção da dieta vegetariana é eliminar as toxinas presentes nos medicamentos e vacinas utilizados na pecuária; no entanto, a produção de vegetais abusa de defensivos agrícolas, também prejudiciais à saúde, especialmente na ingestão de alimentos crus. A solução seria optar por produtos orgânicos, mas estes são muito mais caros e inacessíveis à maioria da população.

A carne vermelha pode ser eliminada do cardápio, mas é preciso muito cuidado ao adotar uma dieta vegetariana. O ideal é consultar um nutricionista, para que todos os nutrientes necessários à manutenção da saúde estejam presentes. Em alguns casos, um suplemento de ferro é necessário.

As carnes processadas

Embutidos e frios podem se tornar vilões e provocar doenças no médio prazo. Salsicha, linguiça, salame, presunto, etc., apresentam alto teor de gordura e de sódio, substâncias que elevam o risco de hipertensão arterial, doenças cardíacas e acidente vascular cerebral, o popular derrame.

No entanto, para pessoas saudáveis, estes alimentos não precisam ser eliminados. Basta consumir com moderação. Eles podem entrar no cardápio até três vezes por semana, alternados com carne branca (peixes e aves) e carne de porco magra, sempre acompanhados por saladas e vegetais cozidos. O importante é variar bastante a alimentação, para garantir todos os nutrientes necessários.

As frituras

Alguns dos pratos mais saborosos são fritos: batatas fritas, hambúrgueres, filés. Isto ocorre principalmente em função do aroma que exalam, e é exatamente aí que está o problema: o cheirinho especial das frituras tem sua fonte nas gorduras saturadas, prejudiciais ao organismo.

A fritura transforma a gordura insaturada dos óleos vegetais (soja, canola, amendoim, etc.), benéfica à saúde, fazendo com que eles se tornem uma bomba, especialmente quando são reutilizados. Mas existem soluções: filés podem ser grelhados e existem no mercado fritadeiras que dispensam o uso de óleo na produção dos alimentos.

Seja como for, a carne vermelha é rica em aminoácidos não produzidos pelo organismo e fundamentais para a vida humana. Além disto, é fonte de vitamina B12, substância não sintetizada pelos vegetais e de extrema importância para a formação do sangue. O importante é adotar uma dieta balanceada, compatível com as atividades do dia a dia, sem extremismos.