Mitos e verdades sobre a meditação

Dados históricos comprovam que a meditação e tão antiga quanto a humanidade. Desenvolveu-se em diversas culturas (Egito, Índia, China, Japão, entre os maias, etc.) por motivos religiosos ou como instrumento de desenvolvimento pessoal.

As diversas práticas atuais da meditação receberam forte contribuição das civilizações orientais, que cultivam técnicas milenares, através de um cuidadoso processo de conservação das tradições. Em muitos casos, a meditação é vista como algo que transcende o intelecto. A palavra meditar tem origem em “voltar ao centro” (meio).

Com uma história tão extensa, é natural que a meditação tenha se envolvido em mitos e verdades. Algumas vezes, por falta de entendimento. Em outras, por pura má-fé do cientificismo ocidental.

As verdades sobre a meditação

A meditação é uma forma de desconcentração. A concentração exige esforço, enquanto a meditação se baseia no relaxamento mental profundo. O ato parte da premissa de “deixar ir”, esvaziar a mente por alguns instantes.

Não se trata de uma prática religiosa, ao contrário do que muitos pensam. Como já foi dito, a meditação é muito antiga, iniciada antes do surgimento das religiões institucionalizadas e, provavelmente, antes de qualquer forma de devoção (ao fogo ou ao céu, por exemplo). Ao fechar os olhos e respirar fundo, nossos ancestrais se tornavam mais aptos para as suas atividades.

Não existem posições específicas para a prática da meditação. Algumas religiões e correntes filosóficas aconselham que o praticante esteja deitado ou sentado em posição de lótus, por exemplo. Em essência, no entanto, é possível meditar deitado, sentado, em pé e até em um ônibus lotado (com algum tempo de prática). O exercício é essencialmente mental.

A meditação não permite o controle do fluxo dos pensamentos. Ideias, emoções, evocações e pensamentos vão e vêm durante a prática, que não deve ser vista como um momento para atrair boas vibrações. Nesses momentos, somos apenas testemunhas: bons pensamentos não são desejados e vice-versa: maus pensamentos não são evitados.

Não existe um tempo limite para a prática da meditação. A conexão com o nosso ser profundo pode ocupar alguns minutos ou diversas horas. Tudo depende da disponibilidade de tempo. O importante é a regularidade. Quem dedica 15 minutos diários à meditação verá que a qualidade gradualmente terá ganhos consideráveis.

Os mitos sobre a meditação

Muitas pessoas acreditam que existe uma única forma de meditação. No entanto, elas ficariam surpresas com as diferentes formas de meditar – e, também, com diferentes propósitos. A maioria das técnicas atualmente utilizadas tiveram origem em práticas religiosas – como o Budismo Zen –, mas, especialmente no Ocidente, são adotadas com objetivos diversos.

Em comum, as técnicas incluem fundamentos de reflexão e melhor uso da mente, para a promoção do bem-estar. Elas podem ser usadas para induzir a um melhor relaxamento corporal, ao incremento do poder de concentração, para fazer emergir virtudes (como a solidariedade e a tolerância) e, de acordo com as convicções pessoais, melhorar o fluxo da energia vital.

A meditação transcendental é a mais recomendada. Esta “verdade” é semelhante a alguém dizer: “o melhor esporte é o tênis” (ou qualquer outro). A melhor forma de meditação é aquela mais adequada as características emocionais do praticante. Os iniciantes podem experimentar várias técnicas – existe inclusive um passo a passo disponível gratuitamente na internet – e decidir-se por aquela que melhor preenche as suas necessidades.

Outra ideia errada, extraída do senso comum, é que a meditação é um fator de bem-estar, mas não está diretamente relacionada à promoção da saúde. o simples fato de reduzir o estresse já permite que a meditação interfira positivamente em sistemas importantes do nosso organismo, como o cardiorrespiratório e o nervoso.

Estudos indicam que os praticantes regulares conseguem ativar naturalmente genes que atuam contra a dor, a infertilidade e a pressão sanguínea elevada. Aliada à alimentação natural e aos exercícios físicos, a meditação melhora os sintomas da angina, reduz a necessidade de medicamentos para diabetes, hipertensão arterial e angina.

Uma vez que a meditação está diretamente relacionada ao controle da ansiedade – os praticantes tendem a viver o presente, sem superestimar o futuro –, todas as doenças de fundo emocional, que se refletem no organismo tendem a ter os sintomas reduzidos.

Além deste controle, a meditação também age na prevenção. É um fator para retardar o envelhecimento, conferir melhor qualidade de vida para portadores de enfermidades graves e um excelente auxiliar para a redução do cigarro, das bebidas alcoólicas e de outras drogas.

Por outro lado, muitos entusiastas da meditação acreditam que ela tenha o poder de curar todos os males. Seria uma espécie de panaceia, tão procurada pelos alquimistas europeus no início da Idade da Moderna. Isto, evidentemente, é um mito. As doenças têm várias raízes – hereditariedade, trauma, maus hábitos, agressão do meio ambiente, etc.

Por outro lado, a meditação pode mudar a forma como as pessoas encaram as enfermidades, e este é um fator que auxilia na melhor reação aos tratamentos prescritos pelos médicos. Com a redução da tristeza, do desânimo e da ansiedade, o praticante pode superar um problema de saúde com mais rapidez.

Por fim, existem dois mitos que parecem absurdos, mas são muito propalados. O primeiro diz respeito à hipnose. Meditação não é uma forma de auto-hipnotismo, ao contrário. Em uma sessão de hipnose, a pessoa entra em um estado de consciência alterada, sem conseguir entender plenamente o que ocorre à sua volta. O hipnotismo conduz a pessoa através de pensamentos e impressões que estão na mente do hipnotizado, enquanto a meditação nos liberta destas mesmas impressões.

O segundo mito absurdo reserva a meditação apenas para pessoas idosas, talvez por serem menos ágeis e por terem menos compromissos (dois preconceitos, aliás). A meditação é indicada para todas as faixas etárias. Uma criança de oito anos já pode começar a praticar (é útil inclusive para os pequenos muito ativos).