Homossexualidade no reino animal

A homossexualidade ocorre frequentemente no animal. Etologistas – biólogos especializados no estudo do comportamento animal – já identificaram 1.500 espécies que exibem conduta homossexual ou bissexual, fato bem documentado em um terço delas. Entre as aves, 20% dos casais são homossexuais. Os atos, que incluem namoro, carícias, sexo e estruturação familiar, são observados de primatas a vermes que parasitam intestinos.

Apesar de o assunto ser um tabu, o reino animal apresenta maior diversidade sexual, inclusive sexo que não visa à reprodução, do que a comunidade científica estava disposta a reconhecer há cerca de 20 anos. Os estudos ainda não conseguiram identificar os motivos que levam à homossexualidade. Há evidências de que alguns espécimes aceitam ser cobertos por um parceiro para obter proteção; em outros casos, a razão estaria na submissão ao macho dominante.

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Em algumas espécies, a união é determinada pela necessidade de criar e defender os filhotes. As fêmeas dos albatrozes-de-laysan, que habitam o Pacífico norte, unem-se em relações que duram até que as crias atinjam a maturidade. Elas praticam sexo durante todo o período.

Carneiros selvagens são um exemplo de homossexualidade masculina. Casais se formam naturalmente e, mesmo sem chegar ao ato sexual, permanecem unidos por toda a vida, evitando qualquer contato com fêmeas. Não se observa a submissão de um macho em relação ao parceiro. Provavelmente, eles desenvolveram este comportamento para aumentar as chances de sobrevivência.

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As girafas desenvolveram seus longos pescoços durante milênios, para ampliar suas fontes de alimentos. Os animais mais “pescoçudos” se fortaleceram e, com isto, conseguiram transmitir seus genes. Mas ocorre algo estranho na época do acasalamento: nove em cada dez pares são formados por dois machos, que praticam sexo anal e atingem o orgasmo. O fato está relacionado à dominância, à concorrência e a cumprimentos formais. Dias depois, estes pares se desfazem e procuram fêmeas para se reproduzirem.

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Os golfinhos estão sempre no topo da lista quando se trata de inteligência animal. Eles se organizam em sociedades complexas e já foi observado um grupo que aprendeu a transmitir conhecimento: um espécime cria uma forma de caça ou brincadeira e a transmite para outros membros.

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O comportamento homossexual já está bem descrito especialmente na espécie nariz-de-garrafa, que inclusive se organiza em grupos exclusivamente masculinos. O tal nariz é usado para estimular os genitais do parceiro. Praticamente todos estes animais são bissexuais, passando longos períodos de atividade exclusivamente homossexual.

Os bisões americanos, uma espécie em extinção, são um exemplo de homossexualidade para manter a “chefia”. O macho alfa monta nos outros machos do bando para manter a hierarquia: é como se ele estivesse dizendo: “quem manda aqui sou eu”. A cena pode parecer um tanto brutal: o alfa é agressivo e, como os bisões podem atingir uma tonelada, aparentemente é um ato agressivo. Atos sexuais entre fêmeas da espécie são raros, mas já foram observados.

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Assim como diversas outras aves, os cisnes-negros são animais monogâmicos. Uma vez estabelecida a união, ela permanece por toda a vida e é incomum que um espécime viúvo procure outro parceiro. Cerca de 25% das relações ocorrem entre machos. Eles procuram fêmeas no cio, mas, assim que elas põem os ovos, são afastadas agressivamente pelo casal gay, que cuida dos ovos e das crias.

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Em outros casos, eles simplesmente roubam os ovos de casais heterossexuais. Aparentemente, filhotes de um casal de machos têm maiores probabilidades de sobreviver até a idade adulta, já que dois cisnes machos conseguem defender melhor seu território.

Os leões são considerados os “reis da floresta”. Em geral, estabelecem relações poligâmicas: os bandos são formados por um macho, quatro ou cinco fêmeas e os filhotes, que são expulsos quando se tornam adultos (em alguns casos, um filhote pode “destronar” o pai e tornar-se o chefe do grupo).

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Mas existem casais homossexuais de leões, que evitam qualquer contato com as fêmeas, relacionam-se sexualmente e exibem outros comportamentos afetivos. Alguns destes casais procuram fêmeas para se reproduzir, mas em seguida voltam para seu parceiro.

Nossos “primos” bonobos são conhecidos como os hippies da vida animal. Eles habitam a África central e, ao contrário dos gorilas e chimpanzés, não brigam por território ou fêmeas. O sexo é muito importante na vida destes antropoides: eles transam para resolver conflitos, pedir desculpas, cumprimentar e apenas por prazer.

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Tanto os machos, quanto as fêmeas praticam a homossexualidade, mas as fêmeas se destacam. Boa parte do dia é dedicada à estimulação sexual, o sexo oral é comum. O clitóris destas fêmeas é bem maior do que o das mulheres, o que lhes garante atingir o orgasmo com facilidade. Os bonobos são adeptos do “faça amor, não faça guerra”.