Fraudes científicas famosas

Uma das fraudes científicas mais famosas aconteceu neste início de milênio. Um veterinário sul-coreano, Woo-Suk Hwuang, anunciou em 2004 ter obtidos clones humanos. No ano seguinte, anunciou ter produzido mais 11 clones, dos quais teria extraído 11 linhagens de células-tronco (células não especializadas, que podem se transformar em vários tecidos humanos). O pesquisador da Universidade de Seul tornou-se um herói nacional e teve os resultados publicados na prestigiada revista Science.

Mas no final de 2005, um de seus colaboradores denunciou-o por deslizes éticos. Ele teria comprado óvulos e obrigado estagiárias à doação, um processo doloroso e arriscado. Um painel de cientistas resolveu investigar: o trabalho era apenas montagem fotográfica.

Nos anos 1980, o pesquisador americano Robert Gallo tornou-se mundialmente famoso por anunciar ter isolado o HIV, vírus que transmite a Aids. Dez anos depois, teve de confessar não ser o autor da pesquisa: apenas recebeu o material de Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, de Paris.

Fato mais grave foi ter rejeitado informações de outros pesquisadores, indicando que a síndrome não afetava apenas homossexuais. Gallo simplesmente ignorou os dados. O paciente zero na América, um haitiano, era heterossexual.

Historiadores apontam o “homem de Piltdown” como a fraude mais escandalosa de todos os tempos. Charles Dawson, advogado inglês que tinha como passatempo procurar fósseis, afirmou, em 1912, ter encontrado fragmentos de crânio e mandíbula do que seria o “elo perdido” na evolução. O crânio era semelhante ao dos símios, mas os molares eram tipicamente humanos. Os fósseis teriam sido encontrados num sítio datado de um milhão de anos atrás.

Dawson morreu em 1916 e apenas em 1949, quando foram desenvolvidas técnicas de datação com carbono-14, descobriu-se a fraude: os ossos do “homem de Piltdown” têm apenas 50 mil anos; são uma montagem. O Homo sapiens arcaico surgiu entre 400 mil e 250 mil anos atrás.

Nos anos 1970, o governo das Filipinas conseguiu enganar boa parte da comunidade científica internacional, além da imprensa de vários países. Eles disseram ter encontrado uma tribo, batizada de Tasaday, que vivia na Idade da Pedra. Antropólogos teriam entrado em contato com os Tasaday, que ainda não conheciam a agricultura, e documentaram ritos religiosos, alimentação e estrutura linguística.

Reportagens e documentários quiseram registrar o povo pré-histórico. O problema é que era tudo enrolação. A fraude só foi descoberta depois da queda do ditador filipino Ferdinand Marcos, em 1986. Os Tasaday eram contratados para criar um fato novo e desviar a atenção dos crimes contra a humanidade perpetrados pelo governante.