Fatos sobre tubarões

Os tubarões povoam os mares há 400 milhões de anos, quase sem alterações evolutivas. Atualmente, estão catalogadas 375 espécies (88 delas frequentam a costa brasileira). São peixes cartilaginosos, cujo tamanho varia de menos de 20cm (o tubarão-lanterna anão, que pode ser criado) em aquários, ao tubarão-baleia, que atinge 12 metros de comprimento.

Pode parecer assustador, mas o tubarão-baleia não representa um risco para o homem. Ele se alimenta de plâncton (estrutura vegetal milimétrica) e pequenos peixes.

Aliás, um fato curioso sobre os tubarões é que nós não fazemos parte do seu cardápio: eles só se aproximam de costas arenosas – as praias – quando seus recursos são dizimados, como é o caso da pesca predatória na África do Sul, que por muitos anos não se preocupou em estabelecer leis para proteger os peixes que colonizam seu litoral, ou do Nordeste brasileiro, onde foram drenados ou aterrados diversas áreas de mangue, reduzindo inclusive as “maternidades”, locais rasos em que os peixes desovam, para que os alevinos tenham mais segurança.

Os tubarões são seres marinhos, adaptados à água salgada, mas algumas espécies conseguem sobreviver em rios: o tubarão-cabeça-chata, de até 3,5m de comprimento, que navega por grandes cursos d’água, como o Amazonas, o Zambeze e o Congo, e o tubarão-de-água-doce, três espécies já catalogadas e outras três em estudos.

Os peixes têm hábitos migratórios. Um tubarão-branco foi monitorado em seus passeios. Ele viajou da África do Sul para a costa leste da Austrália, retornando ao ponto inicial da migração em nove meses. Foram 20 mil quilômetros de nado constante (os tubarões não possuem sistema de flutuação: eles afundam quando param de nadar).

Predadores natos

As espécies mais conhecidas são superpredadores. O corpo dos tubarões é recoberto por escamas placoides, o que os protege do ataque de outros animais. Os mais encontrados são o tubarão-branco, que deu origem à série cinematográfica “Jaws” (mandíbulas, rebatizado no Brasil simplesmente como “Tubarão”), tubarão-tigre, tubarão-azul, tubarão-martelo e tubarão-mako, que tem capacidade de aceleração maior do que os carros mais turbinados. Eles estão no topo da cadeia alimentar marinha: são os “leões” subaquáticos.

Tubarões são exímios caçadores. Geralmente, as fêmeas produzem vários embriões e, no desenvolvimento intrauterino, eles se entredevoram ainda durante o desenvolvimento fetal, até que apenas um ou dois filhotes nasçam. Eles procuram presas imediatamente após o nascimento, fato já documentado com tubarões-tigres.

O tubarão-salmão nada a incríveis 55km/h. para efeito de comparação, o medalhista brasileiro Cesar Cielo, campeão olímpico e mundial na prova de 50 metros livre, atingiu 8km horários na sua melhor marca.

Mandíbulas

Os dentes dos tubarões são substituídos durante toda a vida. Um espécime pode desenvolver até 30 mil dentes, e eles perdem até mil dentes a cada ano. Na maioria das espécies, os dentes são substituídos à medida que caem, formando várias linhas diretamente na gengiva, e não no maxilar e mandíbula, como ocorre no homem. A exceção é o tubarão-charuto, que troca toda a dentição simultaneamente. Esta espécie é particularmente “cruel”: ela pode se alimentar da gordura de uma baleia viva.

Os dentes variam de acordo com a dieta: tubarões que se alimentam de crustáceos e moluscos de concha têm a dentição achatada (como os molares humanos), para quebrar o exoesqueleto; os que preferem os peixes apresentam dentes afiados para prender as presas e as espécies maiores, que capturam focas, leões e lobos-marinhos, apresentam dentes inferiores afiados para agarrar e os superiores, triangulares e serrilhados, para dilacerar as vítimas. Já os que comem plâncton mostram dentes pequenos e sem função.
Os dentes de um tubarão-tigre adulto são fortes o suficiente para estraçalhar o casco de tartarugas marinhas.

Vantagens evolutivas

Os tubarões possuem um esqueleto teleósteo, formado por cartilagem e tecido conjuntivo. Isto permite maior flexibilidade para o nado e um peso muito menor (cerca de metade do esqueleto ósseo), o que significa uma grande economia de energia.

Os animais mais velhos tendem à calcificação, tornando-se mais pesados e mais expostos a predadores. Um tubarão que encalhe na praia morre facilmente, porque eles não têm caixa torácica (as costelas do tórax humano) e o peso do espécime pode esmagá-lo.

Tanto o maxilar quanto a mandíbula dos tubarões são móveis, ao contrário do homem, que tem o maxilar fixado ao crânio. Isto permite uma grande abertura da boca, possibilitando a captura de grandes presas, relativamente ao corpo do peixe. Este fato determina que a mordida em um banhista seja severamente incapacitante e, em muitos casos, letal.

As escamas placoides funcionam como um esqueleto externo, quase uma “concha” que enrijece a pele dos animais. São produzidas com colágeno, a mesma substância que garante a elasticidade da nossa pele. As escamas proporcionam a fixação dos músculos utilizados no nado, garantindo boa velocidade quando os tubarões detectam uma presa (o faro destes peixes é excelente: dois terços do cérebro estão relacionados à percepção de odores e um tubarão-limão capta o cheiro de uma gota de sangue derramada numa piscina olímpica).

As mesmas escamas conferem um aspecto áspero aos animais e já foram relatados muitos acidentes apenas com o esbarrão num destes animais. No Japão, a pele de tubarão é usada para revestir lixas de madeira e cabos de espadas, para torná-los mais precisos e menos escorregadios.

Os olhos dos peixes estão posicionados nos lados da cabeça, o que garante visão de 360°. É impossível esconder-sede um tubarão. Se ele encontrar um banhista e decidir atacá-lo, as chances de safar-se são mínimas. Felizmente, eles não gostam de carne humana e, por isto, costumam abandonar a vítima depois da primeira mordida.

O tubarão-martelo, quando jovem, tem a capacidade de se bronzear. Ele nada perto da tona d’água e torna-se mais escuro, uma vantagem para capturar presas em águas mais profundas.

Mesmo com todos estes fatos, o tubarão não é um inimigo dos homens. Com todos os ataques registrados, estatisticamente é mais fácil um homem morrer com a queda de um coco na sua cabeça, do que com um ataque de tubarões.