Como controlar a pressão alta

Quem não tem o hábito de fazer exames médicos regulares – mais de 90% da população brasileira – pode descobrir sem querer que sofre de hipertensão arterial. Nos estágios iniciais, a doença é assintomática, mas já compromete as funções renais, vasculares, respiratórias e até neurológicas, por exemplo. É preciso controlar a pressão alta.

A pressão alta é muito comum: 20% dos adultos (e metade dos idosos acima de 65 anos) convivem com o problema. É uma condição rara em crianças, mas também pode ser encontrada. Considera-se que é hipertenso quem apresenta pressão de 14 por 9 ou mais.

A doença, uma vez instalada, é crônica: não tem cura, mas pode ser controlada. É importante lembrar, porém, que ter pressão alta não é necessariamente sinônimo de ser hipertenso. Para o diagnóstico, é preciso que a condição se mantenha por vários meses, com picos e cavas. Um esforço físico intenso ou uma situação estressante pode desencadear um quadro momentâneo de pressão alta.

A pressão alta provoca a hipertrofia do músculo cardíaco (e as lesões são irreversíveis). Nos hipertensos, o coração precisa fazer um esforço maior para bombear o sangue. É uma situação semelhante à de um atleta que malha para desenvolver os músculos dos braços, tronco e pernas.

Nos casos mais leves, algumas mudanças de hábito ajudam a controlar a pressão alta. Abandonar o fumo, manter o peso ideal, não abusar do sal nem das bebidas alcoólicas, adotar alguma prática esportiva e evitar situações de estresse, na medida do possível.

Na verdade, estes hábitos devem ser incentivados desde a infância. Um estilo de vida saudável previne contra várias doenças, inclusive a pressão alta. Nos casos mais graves, no entanto, é preciso recorrer aos medicamentos diários por toda a vida; muitas pessoas, mesmo com boa vontade, não conseguem alterar a rotina.

Como controlar a pressão alta?

Medir a pressão ao menos uma vez por mês é a única forma de evitar complicações (a recomendação é da Sociedade Brasileira de Hipertensão). Mas, antes do diagnóstico, é fundamental observar algumas condições. A pressão alta está intimamente relacionada ao sobrepeso e à obesidade. Portanto, emagrecer é a primeira dica para não ter problemas.

Na hora de preparar as refeições, é preciso dar preferência aos temperos naturais, como alho, cebola, salsinha, especiarias e até pimenta (só contraindicada quando a pessoa sofre de pressão alta grave). Quanto mais condimentada, menos sal será necessário no prato. A simples adição de cheiro verde ao arroz branco já reduz a quantia de sal na panela.

É preciso evitar os alimentos enlatados. Milho, ervilha, cenoura, atum, sardinha, etc. geralmente são conservados em salmoura, para manter algumas de suas propriedades. Se tiver que usá-los, no entanto (em um risoto, por exemplo), retire o sal do preparo dos outros ingredientes.

No quesito pressão alta, o sódio é um grande vilão. Além do sal de cozinha (cloreto de sódio), esta substância está presente em diversos outros produtos alimentícios. Verifique sempre os rótulos. Como é evidente, salgadinhos industrializados, sopas prontas, embutidos (salame, salsicha, etc.), carnes salgadas e temperos como tabletes de caldo de carne e catchup mostarda devem ser consumidos com moderação.

Para reduzir as porções ingeridas nas refeições principais (café da manhã, almoço e jantar), é preciso incluir pequenos lanches entre elas. Frutas, barras de cereais, biscoitos integrais e chocolate (45 gramas diários) são as melhores opções.

Além das limitações impostas pela pressão alta, a expectativa de vida de um hipertenso chega a ser 40% menor do que a de um indivíduo saudável. Para ter muitos anos com qualidade, é preciso manter a pressão sempre sob controle.

O abuso das bebidas alcoólicas (mais de duas taças diárias de vinho, para homens e uma, para mulheres, sem problemas de saúde) é um grande aliado da pressão alta, perdendo apenas para o sal de cozinha. Vinho, cerveja, cachaça e assemelhados devem ser reservados para momentos especiais.

O estresse

Ao contrário do que muitos pensam, o estresse não é prejudicial em todos os casos. A palavra foi emprestada da Física, que usa o termo para mensurar a resistência de determinado material à pressão exercida em qualquer situação.

O estresse, na linguagem médica, é uma resposta natural do organismo às sobrecargas físicas e emocionais que sofremos em nosso dia a dia. Muitas pessoas, entretanto, reagem mal ao excesso de trabalho, preocupações familiares, doenças, etc. Nestes casos, o estresse pode provocar pressão alta e outras doenças do coração.

Alimentos

As doenças vasculares (entre elas, a pressão alta) são as principais responsáveis pelas mortes no Brasil. Mas, mesmo com o diagnóstico, muitos indivíduos logo pensam: “não tenho tempo para praticar exercícios ou meditação”; “não consigo largar o cigarro”; “minha profissão exige a frequência diária a happy hours e eventos com muita bebida”.

Estas situações não são nada boas, mas podem ser absolutamente necessárias. Neste caso, é possível controlar a pressão alta – ou ao menos evitar o agravamento do problema – com a inclusão de alguns alimentos no dia a dia.

A aveia pode comparecer no café da manhã, em vitaminas ou amassada com banana e mel (um adoçante natural). Também pode ser polvilhada em saladas e adicionada ao preparo de grãos, como arroz, lentilha, grão-de-bico, etc. O cereal é um carboidrato rico em fibras, vitaminas e minerais, muito útil na redução de peso, por retardar o esvaziamento gástrico: a fome “bate” mais tarde.

Amêndoas, avelãs e nozes garantem um lanche rápido e saudável. São fontes de magnésio, substância vasodilatadora. Com as veias e artérias mais largas, o sangue flui com mais tranquilidade, impedindo a pressão alta. Além disto, estas frutas são ricas em vitamina E, um dos mais poderosos antioxidantes: evita o envelhecimento precoce.

Pessoas que já têm pressão alta devem consumir ômega 3 (um ácido graxo) em quantidade superior à indicada para indivíduos saudáveis. Os principais alimentos são: atum, sardinha, azeite e linhaça (que pode ser polvilhada em caldos e saladas, além de empregada em diversas receitas). O ômega 3 dificulta a síntese responsável pela contração dos vasos sanguíneos.

Os cereais integrais, como farelo de aveia e gérmen de trigo, são verdadeiros coringas da alimentação. Eles reduzem as chances de diabetes, previnem contra o câncer, ajudam a controlar o peso e combatem a pressão alta: eles também estimulam a dilatação dos vasos sanguíneos.

O sódio provoca a retenção de líquidos no organismo, determinando grandes esforços para o coração. O potássio, por sua vez, tem ação contrária: ele estimula a eliminação do sódio. Está presente no inhame, feijão preto, abóbora, cenoura, maracujá, banana, laranja e vegetais verde-escuros, como o espinafre e o brócolis.

O leite e seus derivados – iogurte, requeijão, queijo, manteiga, etc. – não pode deixar de constar do cardápio diário. Trata-se de alimentos hipotensores, por estimular a eliminação do sal. Pequenas porções apresentam grandes quantidades de cálcio, importante também para a saúde dos ossos. Os adultos devem dar preferência aos produtos desnatados e com baixo teor de gordura.