As mulheres gostam de bad boys?

Má notícia para os nice guys: as mulheres preferem as aparências rústicas, arrogantes e até agressivas (como a dos bad boys), em relação aos homens bonzinhos e agradáveis. Isto não é só uma impressão. Estudos realizados em diversas universidades do mundo comprovaram isto cientificamente, não apenas com a escolha de fotografias, mas com alterações cerebrais, anotadas por eletroencefalografias. Exatamente o contrário dos homens, que rejeitam mulheres orgulhosas ou com um ar excessivamente confiante.

Os motivos para a preferência pelos bad boys são vários, a começar por uma desconfiança instintiva: ninguém pode ser muito agradável e bondoso o tempo todo: há momentos de raiva, desânimo, indignação, cansaço. Pessoas que sempre aparentam alegria provavelmente estão simulando, mostrando ser o que não são. As mulheres percebem isto e se afastam.

No entanto, isto ainda não explica por que os cafajestes se dão bem – dizem que mulher de malandro gosta até de apanhar –, enquanto os bons mocinhos dormem sozinhos depois da balada. Há motivos evolutivos e históricos, que podem parecer obsoletos hoje, mas que ainda determinam alterações hormonais regentes da atração física. Vamos conferir.

Na Idade de Pedra

Homens fortes, rudes e agressivos têm mais probabilidades de caçar e, portanto, de prover a alimentação para a família. É um mecanismo semelhante ao que faz os homens se sentirem atraídos por mamas e glúteos fartos: a mulher com estes dotes está sinalizando sua boa capacidade de parir e amamentar os filhos. Claro, ninguém pensa nisto quando observa um belo par de seios: são os instintos falando mais alto, lembrando nossa condição animal. Vale lembrar: de acordo com a Teoria da Evolução, sobrevivem os mais aptos, e são estes que têm mais chances de se reproduzir e transmitir suas características aos descendentes.

A força também é um sinal importante: músculos desenvolvidos indicam maior poder de defender o grupo familiar – ou de atacar outro grupo, para se apossar da caverna e do território de caça e coleta (e, depois, da aldeia, da cidade, do país). Assim, até hoje, entre um rapaz apaixonado por literatura e outro que passa horas malhando na academia, as mulheres ficam com o segundo.

Para servir e proteger

Mulheres dão à luz, amamentam e, por isto, são geneticamente programadas para cuidar (novamente a evolução: genes que determinam a negligência nos cuidados com os filhos foram gradativamente eliminados). Aqui, ocorrem dois motivos: os bonzinhos não precisam de cuidados, mas o amor pode “salvar” um bad boy. Além disto, os homens perfeitos não precisam ser corrigidos; já os cafajestes podem ser moldados e transformados – ao menos, é isto que elas pensam.

Historicamente, desde que a humanidade começou a acumular riquezas, o homem submeteu a mulher. Isto ocorreu em função da força física, já que os primeiros conflitos bélicos eram resolvidos à base de paus e pedras e, por isto, o homem saiu para a guerra, enquanto a mulher ficava cuidando da casa e da prole. Isto fortaleceu os sentimentos femininos de cuidado e carinho, inclusive em relação ao guerreiro que retorna, cansado e ferido, do campo de batalha.

Esta imagem permaneceu no inconsciente das mulheres. O guerreiro deu lugar ao “provedor do lar”, que volta do trabalho exausto, querendo banho quente, jantar e chinelos. A emancipação feminina é muito recente. Por exemplo, o espaço no mercado de trabalho só começou a ser conquistado nos anos 1960, com a popularização da pílula anticoncepcional e o consequente controle da reprodução.

Ainda o inconsciente

O biólogo britânico Richard Dawkins concluiu, em seus estudos, que somos máquinas controladas por nossos genes, que querem sobreviver e se perpetuar. Todas as nossas ações são regidas por eles. Sem cair em extremismos, aparentemente o rapaz bonzinho parece transmitir o medo da perda: ele precisa agradar constantemente a parceira.

Já o bad boy parece não se importar nem um pouco. Ele transmite autoconfiança (como se dissesse: “se você me mandar embora, há muitas outras que estão me querendo”). É como se eles tivessem certeza plena de seus genes, enquanto os bonzinhos parecem ter dúvidas quanto à qualidade das características que serão transmitidas aos filhos.

Muitas mulheres (e homens também) sofrem a insegurança de manter um relacionamento estável. Preferem a fase “sedução” (em que os bad boys saem na frente, justamente por serem mais ousados) e os períodos “em que estamos nos conhecendo”, sem assumir um namoro. Homens educados, sorridentes e alegres parecem dizer exatamente o contrário: eles querem um compromisso, o que definitivamente afasta as inseguras.

Além disto, quando um bad boy demonstra satisfação com um ato da “ficante” ou namorada, isto reforça a autoestima e permite que a mulher sinta que está transformando o companheiro (o que realmente acontece às vezes). O carinha legal sempre se esforça por mostrar que está feliz com as qualidades da parceira, e isto não satisfaz o instinto de cuidado e carinho da parceira.

O sexo

Muitas mulheres gostam de tomar o controle das relações sexuais, mas a maioria prefere ser conduzida (mais uma vez, por razões culturais desenvolvidas por milênios). Mesmo que seja para tomar uma postura mais agressiva, elas geralmente esperam um pedido. Claro, os caras bonzinhos podem ser muito bons nas preliminares, mas parecem indicar que, na hora H, não vão dar conta do recado.

Os bad boys, por outro lado, esbanjam autoconfiança. São fortes, têm pegada, realizam o sonho das parceiras (ou ao menos passam a impressão de deter este poder). Levar uma mulher ao orgasmo, apesar de isto ser um mito (é possível prejudicar o gozo sexual, mas cada um é responsável pelo seu próprio prazer), parece ser privativo dos cafajestes, no imaginário feminino.

Homens protegem, mulheres cuidam. Em muitas circunstâncias, estes verbos podem parecer sinônimos, mas na psique masculina e feminina eles têm significados diferentes. A mulher acolhe, o homem conquista. São poucas as mulheres que tomam a iniciativa de abordar um homem por quem se sentem atraídas. Sorriem, dão sinais de aproximação, mas esperam que a iniciativa seja do provável parceiro.

Uma boa notícia para os nice guys. Se bondade, alegria e educação não são muito atraentes para as conquistas amorosas, um ar de vergonha pode resolver o problema. Isto indica consciência da transgressão das normas sociais e necessidade de corrigir-se. Transmite confiança e um comportamento de apaziguamento. Todos nós queremos um parceiro que seja confiável e saiba reconhecer seus erros.