A Lua influencia nossa vida?

A Lua gravita o nosso planeta a uma distância média de 384 mil quilômetros. É apenas uma entre os mais de 150 satélites do Sistema Solar, mas já foi identificada como divindade (ora maléfica, ora benéfica) por diversas culturas. Na astrologia, é um dos astros que mais influencia nossa vida. Mas o que é verdadeiro e o que é crença (ou superstição) em relação à Lua?

As características físicas

A Lua não tem atmosfera, é o único astro já visitado por seres humanos (a Apolo 11 pousou em seu solo em 1969, ocasião em que o astronauta americano Neil Armstrong proferiu: “um pequeno passo para um homem, um grande passo para a humanidade”) e possui água (ainda que escassa), em estado sólido, na forma de cristais de gelo.

Por não ter atmosfera, não sofre erosão e, assim, mantém a superfície inalterada há milhões de anos. A Lua é constantemente bombardeada por meteoritos e talvez esta seja uma condição fundamental para a vida na Terra: com este escudo defensor, o planeta sofre menos com as colisões destes astros que vagam pelo Sistema Solar.

A principal influência da Lua em nossas vidas diz respeito às marés, que sobem e descem de acordo com a fase lunar. Estudos já comprovaram que animais marinhos, mesmo afastados da região costeira, sofrem os efeitos das fases da Lua e reagem a eles; portanto, a Lua deve interferir também nos hábitos destes habitantes dos mares terrestres.

Nas fases Nova e Cheia, a Lua está alinhada com o Sol, o que acentua a força gravitacional e provoca as marés mais altas. Nas fases Minguante e Crescente, os astros formam ângulos retos (ou quadraturas), que determinam as chamadas marés de água morta, com pouca elevação do nível da água.

Na mitologia

Diversas entidades entraram para o panteão de diversas culturas. É o caso de Abaangui, deus da Lua na mitologia guarani. Conta a lenda que Abaangui tinha um nariz imenso, que foi arrancado pela divindade suprema, que o lançou para o céu, onde ficou suspenso e transformou-se no satélite.

Jaci era a deusa da Lua para os tupis. Protegia a reprodução, a sexualidade e os amantes. O nome significa “mãe dos frutos”, já que a deusa estava relacionada também com a prosperidade. Era irmã de Coaraci (o Sol) e também sua esposa. A ela, estavam subordinadas entidades como o saci, o urutau, o boitatá e o curupira.

Em outra versão, Abaangui tinha dois filhos. Um deles atirou uma flecha para o céu, que ficou suspensa. O outro lançou mais uma flecha, que rachou a do irmão e também ficou fixada. A atividade continuou até que eles formaram uma corrente entre o céu e a Terra e subiram por ela; no alto, transformaram-se na Lua e no Sol.

Astarte faz parte da mitologia fenícia (e foi identificada como demônio na tradição judaico-cristã). Era uma espécie de deusa-mãe, com os atributos da Lua, da fertilidade, da sexualidade e da guerra. Os fenícios, que eram um povo navegador e dependiam das marés, adoravam Astarte em diversos templos, especialmente em Tiro, Sidom e Biblos.

Ísis, esposa de Osíris, figura no topo do panteão egípcio, com seu marido-irmão e seu filho Hórus. Ela é a “Lua brilhante sobre o mar”. Na condição de mãe e esposa ideal, era a protetora da família e da maternidade. Seus outros atributos são a proteção à natureza e a magia. Adorada ao menos desde 2500 a.C., Ísis foi levada para os templos gregos e romanos. A rainha Cleópatra vestia-se como Ísis em suas aparições públicas.

Entre os gregos, Ártemis era a deusa da Lua e da caça (que era uma atividade noturna na Antiguidade). Era irmã de Apolo (ou Febo), o deus do Sol. Sempre virgem, era adorada em templos rústicos na floresta, onde caçadores ofereciam sacrifícios.

Selene também foi criada na Grécia, filha dos titãs Hiperião e Teia e irmã de Hélio (o Sol) e Eos (o amanhecer). No pôr-do-sol, era põe seu carro a caminho e dirige a noite toda em direção a oeste. Posteriormente, ela foi identificada com Hécate e por vezes com Ártemis, da mesma forma que seu irmão Hélio foi fundido com Apolo.

Hécate também era cultuada pelos gregos. Estava associada à Lua e ao ocultismo: presidia rituais de bruxaria e concedia o conhecimento sobre o uso das ervas. Provavelmente também derivada da deusa-mãe, Hécate reinava sobre a terra, o mar e o céu e tinha o papel de salvadora da humanidade: era ela quem distribuía prosperidade e as bênçãos diárias para as famílias.

As crenças populares

Mesmo sem qualquer comprovação científica, a Lua continua regendo diversas atividades. No interior do país, por exemplo, o corte de madeira é definido pelo satélite: a árvore cortada depois da Lua Cheia seca rapidamente e dá boa lenha. Quando cortada depois da Lua Nova, a secagem é mais lenta, mas a madeira torna-se mais durável, prestando-se à marcenaria.

Todas as plantas que dão fruto acima da terra devem ser plantadas 24 horas depois da Lua Nova até o dia da Lua Cheia. O que dá fruto sob a terra deve ser plantado das 24 horas depois da Lua Cheia até o dia da Lua Nova. As plantas medicinais devem ser colhidas quando as hastes estão cheias de seiva, perto do dia da Lua Cheia.

Cortes de cabelo

Sem nenhuma comprovação científica, muitas pessoas podem jurar que a fase lunar afeta o crescimento dos cabelos. A explicação seria que a Lua influencia todos os líquidos do planeta – inclusive a seiva das plantas e até nossos fluidos corporais (haveria “marés biológicas”, de acordo com esta teoria).

A Lua Nova não é um período propício para quem quer que os cabelos cresçam rapidamente e com força, mas otimiza as tinturas e as trocas de penteado.

Na Lua Crescente, o corte determina que os fios cresçam mais rapidamente e tornem-se mais finos. Na Lua Cheia, o crescimento dos cabelos é mais lento, mas aumenta o volume dos cachos, beneficiando quem tem cabelos finos.

Por fim, na Lua Minguante, os cabelos são beneficiados e fortalecidos, como se recebessem uma loção tonificante. É o período ideal para tratar de fios frágeis e quebradiços.

Na astrologia

A Lua descreve sua órbita em torno da Terra em 29 dias (é o mês lunar). Desta forma, ela permanece em cada signo (o zodíaco é um disco formado por estrelas, que envolve o Equador terrestre) pouco mais de dois dias. Por isto, ela contribui sensivelmente para a definição das características de personalidade e temperamento.

A Lua é o princípio feminino para a astrologia: representa a maternidade e a infância. A água do ventre e o leite materno são regidos pelo satélite. A Lua faz parte do inconsciente dos indivíduos, inclusive das características que queremos ocultar.

Ela representa a criatividade, a imaginação e a sensibilidade. Nossos hábitos, reações, emoções, formas de relacionamento e de adaptação ao meio ambiente dependem da posição da Lua no mapa astral. O equilíbrio psíquico depende dos aspectos que o satélite estabelece com os demais astros estudados na astrologia.

Expressões

A Lua frequenta o idioma com certa frequência e, em cada expressão, assume um significado diferente. “Estar no mundo da lua” significa estar distraído. Já apenas “mundo da lua” quer dizer um contexto ou situação totalmente diferente da que estamos vivendo ou discutindo no momento.

Quem “está de lua” está de mau humor, irritado; “ser de lua” é ter o humor muito variável; mas “nascer com o cu virado para a lua” é nascer com sorte. “Pedir a lua” é pedir o impossível, impraticável. Se há quem peça, há também quem prometa: “prometer a lua” é oferecer algo que não pode ser alcançado.

Pôr alguém “nos cornos da lua” – ou pendurá-lo nas extremidades da Lua Crescente ou Minguante (que têm pontas, ou cornos) é exaltar ao máximo a pessoa.

A Lua Vermelha (ou sangrenta) ocorre quando há uma conjunção do perigeu (o ponto de maior aproximação entre a Lua e a Terra durante a trajetória do satélite, que é elíptica) e a Lua Cheia. O astro atinge até 14% de “crescimento” no céu.

A Lua Azul é a segunda Lua Cheia no mesmo mês (que ocorre em intervalos de dois anos, já que o mês lunar é mais curto do que o solar). A Lua Cinzenta é apenas a parte oculta do disco lunar (a Lua só reflete totalmente a luz solar, mostrando sua face totalmente iluminada, no dia da Lua Cheia).

Lua velha é o mesmo que Quarto Minguante. A Lua intercalar é o 13º mês lunar no ano (novamente, em função de o mês lunar ser mais curto).