A história do skate

A história do skate começou nos anos 1960, na Califórnia (EUA), quando alguns surfistas adaptaram rodas de patins em pranchas para deslizar pelas ladeiras de São Francisco. A moda logo espalhou-se por outras cidades da costa oeste americana, como San Diego e Santa Mônica. O esporte, que inicialmente foi batizado de sidewalk surf, desembarcou no Brasil poucos anos depois. Em 1974, foi realizado o primeiro Campeonato Nacional de Skate no país.

Os primeiros skates eram bastante primitivos. As pranchas (que curiosamente são chamadas de shapes no Brasil e decks nos países de língua inglesa) não possuíam noses nem tales, as curvas para cima (na dianteira) e para baixo (traseira) das pranchas. Eram apenas uma tábua com rodas de metal adaptadas. Mesmo assim, já permitiam uma série de manobras de diferentes níveis de complexidade.

A primeira melhoria foi a modelagem em curvas do shape (tabla, nos países de língua espanhola); em seguida, surgiram os eixos, em que encaixam os rolamentos, as rodas e, posteriormente, os amortecedores, que amenizam os impactos provocados pelos saltos. A adesivagem sempre fez parte do esporte: os desenhos e símbolos informam a “identidade” do skatista: os grupos de que faz parte, os locais que frequenta, etc.

Lixas foram coladas aos shapes, para permitir maior aderência entre o calçado do esportista e a prancha e evitar que os pés escorreguem. Mais tarde, surgiram acessórios: o elevador, que aumenta a distância entre o shape e os eixos, evitando a “mordida de roda”, que acontece quando a prancha encosta numa roda e provoca o travamento, e a slip tape, adesivo colocado sob a prancha, para proteger os desenhos.

Nos anos 1970, o americano Davi Leandro inventou as rodas de uretano, que reduziram bastante o peso dos skates. Em 1975, um grupo de jovens de Los Angeles, os Z-Boys, adaptou diversas manobras do surfe para o asfalto, praticadas em piscinas vazias. A primeira rampa de skate brasileira foi construída em 1975, no Rio de Janeiro.

Os anos 1980 foram marcados por Rodney Mullen, que criou diversas manobras: kickflip, heelflip, hardflip, casper, darkslide, rockslide, 50-50, body varial, nollieflip underflip, primo, reemo, varialflip, inward heelflip, 360 flip, fs flip, bs flip, varial heelflip, fs heelflip, bs heelflip, etc.

Bob Burnquist, um dos maiores skatistas brasileiros, surgiu na década seguinte. Ele adaptou a switchstance para as manobras verticais, técnica de praticar o esporte com a base trocada (com o nose para trás e o pé esquerdo para a frente). A manobra já era praticada na modalidade street style, mas as descidas verticais alucinantes transformaram o esporte e ficaram mundialmente conhecidas. A partir de então, não existe mais “lado certo” no skate.

Em 1989, o Brasil organizou a primeira competição profissional, vencida por Rui Muleque. Hoje, o campeonato tem etapas em vários Estados do país, organizadas pela Confederação Brasileira de Skate, que organiza as normas para a prática do esporte no país.

Em 1995, Diogo Fernandes tornou-se o primeiro brasileiro a vencer um título de vertical. As mulheres também aderiram ao esporte profissional e em 2005 realizou-se o primeiro campeonato feminino oficial.

Em 2001, Og de Souza, skatista que sofreu poliomielite na infância, ganhou o título profissional no Best Trick, que, traduzido para o português, significa a melhor manobra da competição.

Em 2008, a megarrampa chegou ao Brasil, tendo sido montada no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo (SP), uma estrutura com 112 metros de extensão e altura máxima de 30 metros. Em 2012, Burnquist tornou-se bicampeão da megarrampa.

O skate é praticado nas categorias street, que usa o mobiliário urbano (como escadarias e corrimãos) para executar as manobras; no freestyle, manobras realizadas geralmente no chão eletrizam os assistentes com giros de 360° sobre o skate, giros do skate, etc.; o vertical é praticado na half pipe (pista com formato em U com mais de três metros de altura), na pool riding (piscinas vazias), big air (as megarrampas, principais competição dos XGames – Jogos Radicais); e o downhill, descida de ladeiras com diversas manobras e velocidade cada vez maior.

Por fim, nas minirrampas, instaladas em diversas cidades do país e do mundo, oferecem um grau bem menor de dificuldade e são frequentadas por atletas amadores. Mas as estrelas do skate sempre dão “canja” nestes points.